O próximo dia 7 de maio será uma data histórica para acreanos e rondonienses. A inauguração oficial da tão aguardada ponte do Abunã sobre o Rio Madeira, colocará um fim na travessia de veículos em balsas, integrará o Acre definitivamente com a malha rodoviária nacional e contribuirá positivamente para o progresso econômico da região habitada por mais de um milhão de pessoas.
A megaestrutura já está tecnicamente pronta para entrar em funcionamento. Com 1.517 metros de comprimento, a ponte é a terceira maior já construída pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e uma das maiores obras de engenharia da Amazônia. Acrescentando os dois acessos da BR-364 às cabeceiras, o complexo viário possui 3,84 quilômetros de extensão.
Iniciada em 2014, o investimento na ponte por parte do governo federal foi de R$ 142 milhões. Para a sua construção, foram utilizados cerca de 25 mil metros cúbicos de concreto e 600 toneladas de aço. Em seu auge, necessitou da força de trabalho de 200 operários.
Com a ponte, os motoristas não precisarão mais pagar uma taxa de até R$ 290 para cruzar o rio de uma margem a outra, algo que ocorre desde a abertura da rodovia entre Rio Branco e Porto Velho (RO). A estimativa é que dois mil veículos passem pelo local, diariamente. Já o tempo de viagem entre as duas capitais deve ser reduzido em, aproximadamente, duas horas.
Carregando bandeiras do Brasil e do Acre, governador faz travessia
Nesta quarta-feira, 28, o governador Gladson Cameli realizou a última vistoria técnica antes da inauguração da ponte. Em veículo oficial e com as bandeiras do Brasil e do Acre hasteadas, o gestor atravessou a estrutura. Nem mesmo a máscara que utilizava foi capaz de esconder o semblante de alegria durante o percurso.
“Este é um momento histórico, de muita felicidade e que vou guardar para sempre na minha memória. A construção desta ponte foi um sonho de muitos acreanos e, hoje, já posso dizer que é uma realidade. A partir do próximo dia 7, vamos virar essa página marcada pelo atraso e daremos início a um novo tempo de desenvolvimento”, enfatizou.
Gladson aproveitou para reafirmar que a obra é o último grande gargalo para o estabelecimento da rota entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O gestor adiantou ainda que os efeitos positivos da ponte já começaram a aparecer, como é o caso do agronegócio. Com terras férteis e clima favorável para as mais diversas culturas, o Acre pode se consolidar como a nova fronteira agrícola do país.
“Grandes empreendimentos já estão de olho na nossa região, após o anúncio da inauguração desta obra. Costumo dizer que a ponte do Madeira é o segundo Canal do Panamá, porque vai ligar o Pacífico com o Atlântico, passando pelo Acre. Quero dizer que o nosso estado está de portas abertas para quem queira investir e contribuir para a geração de emprego e renda”, declarou.
Atuação de Cameli foi determinante para a obra não parar
Como senador da República, a atuação incansável de Gladson Cameli foi fundamental para a não interrupção das obras da ponte. O então parlamentar percorria ministérios, explicava a importância da estrutura e sempre intercedia pela liberação de recursos.
“Tenho muito orgulho de ter lutado pela construção desta ponte, o que considero um dos grandes feitos do meu mandato de senador. A população do Acre enfrentou dias difíceis na maior enchente do Rio Madeira e eu não aceitava que aquilo pudesse se repetir pela falta de uma ponte. Posso dizer que todo o esforço valeu muito a pena”, observou.
Na oportunidade, o chefe do Poder Executivo acreano agradeceu o empenho do presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, do Dnit, e dos parlamentares federais do Acre e Rondônia, além do consórcio de empresas responsável pela execução da obra.
O superintendente do Dnit em Rondônia, André Santos, acompanhou a visita do governador Gladson Cameli. Segundo ele, mais investimentos estão previstos para a melhoria da rodovia federal, no trecho da chamada Ponta do Abunã até a divisa com o Acre.
“Vamos iniciar, em breve, o levantamento de mais 11 quilômetros da BR nos pontos que ficaram alagados em 2014. Além disso, temos a manutenção dos trechos mais críticos de Jaci-Paraná até a divisa, e estamos buscando recursos para a reconstrução da rodovia aqui na Ponta do Abunã”, explicou.
Expectativa pela inauguração é grande entre os motoristas
Nos últimos dias que antecedem a liberação do tráfego sobre a estrutura, a ansiedade é grande entre os motoristas que fazem a passagem pelas embarcações. O caminhoneiro Aristófanes Pereira da Silva transporta veículos do Acre para vários estados do país. Há 16 anos, a travessia do Madeira faz parte de sua rotina de trabalho. Com a ponte, o profissional relata os benefícios que terá a partir do próximo mês.
“Essa ponte vai ser uma maravilha para todos nós. No meu caso, não vou mais ter que pagar R$ 122 em cada travessia e nem correrei o risco ficar até dois dias para atravessar o rio, como já fiquei aqui uma vez”, revela.
Pelo menos uma vez por ano, Pedro Magalhães sai de Porto Velho para visitar familiares que moram no Acre. Ele percorre a rodovia desde 1979, período em que a estrada ainda não era pavimentada. Provavelmente, esta será a última vez que o homem de 72 anos de idade cruzará o Madeira em cima de uma balsa.
“Estou querendo voltar em junho e espero muito passar pela ponte. Depois de muitos anos, o sofrimento de quem passa por aqui chegou ao fim. Não vamos precisar pagar mais nada e a viagem ficará menos demorada”, comemora.