A palavra “estudo” possui origem no latim studio, que significa “aplicação zelosa, ardor”. E como tem sido doloroso para aqueles que se apresentam na jornada pelo conhecimento passar por esta fase de “escola virtual”.
Lá se vão alguns meses em que a “sala de casa” se tornou a “sala de aula”, onde, durante todo este período de pandemia, os familiares se tornaram verdadeiros parceiros da escola, debruçados sobre os livros na tentativa de auxiliar na construção do saber de seus filhos, sobrinhos e netos, trabalho que já vinha sendo realizado, mas que foi intensificado com o objetivo de amenizar os prejuízos do isolamento e quarentena em todas esferas da educação.
A internet é de grande ajuda no processo de aprendizado; os pais e familiares, que há muito não viam determinados conteúdos, buscam relembrá-los em sites de pesquisa e videoaulas para que, do seu “jeitinho”, seja qual for o seu nível de escolaridade, retransmitam para aqueles que amam o conhecimento de que tanto precisam.
Aristóteles diz que “a educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.
Alguns pais se esforçam tanto que “esquentam a cuca”, mas estão comprometidos com a educação dos seus filhos e, por isso, são verdadeiros guerreiros, que acordam cedo, e depois de uma longa jornada de trabalho, ainda encontram forças para fazer parte da formação intelectual daqueles que ainda estão na jornada do saber.
De vez enquanto, saem aqueles: “Eu não tenho mais idade para isso”, “Filho, amanhã a gente pergunta para a professora”, “Pai, eu não consigo entender isso”. Dia após dia, limitações do aprendizado vão sendo rompidas, e os familiares mergulham cada vez mais na construção do saber de seus filhos.
São tantas saudades guardadas no peito, saudade da sala de aula, dos colegas de classe, da hora do recreio, da merenda. Quantas vezes ouvimos isso durante o dia? Escutamo-os falarem do quanto gostam da escola, colegas e professores, da “tia da merenda”, e sabemos que essa interação humana aquece o coração e enriquece o intelecto.
Em uma era digital em que a tecnologia diminui as distâncias, os colegas fazem videochamada para colocar o papo em dia, ou tirar dúvidas sobre o conteúdo passado pelos professores, por plataformas de ensino ou grupos do WhatsApp.
Hoje vivemos em um mundo onde tudo virou “mais digital”, e agora não por comodidade, mas por segurança e precaução, para que tudo isso passe e os nossos alunos possam retornar à escola sem que haja maiores prejuízos.
E como é difícil para os professores, não é? Como reproduzir, em um papel, o trabalho de todo um plano de aula? Todas as repetições e interações com os alunos e toda a magia da transmissão do conhecimento.
Alguns têm rompido barreiras e desafiado a sua própria segurança por amor à profissão e aos alunos. Professores munidos com coragem e equipamentos de proteção individual desbravam um mundo em pandemia, com provas, trabalhos e atividades impressas, indo de casa em casa, seja de bicicleta, ônibus, carro ou até barco, olhando para o rosto de cada um dos alunos, para que eles sintam que não estão sozinhos e que o saber não se perdeu.
São muitas as lacunas do saber a serem preenchidas durante o tempo em que perdurar a pandemia, que não se sabe até quando vai durar. Mas carregamos sempre a esperança de que sairemos mais fortes diante de tudo o que temos vivido. E que continuemos, como pais e familiares, sendo agentes auxiliadores do saber, para que as nossas futuras gerações não sejam comprometidas pelas adversidades que hoje passamos diante da grande ameaça que o Covid-19 nos oferece.
Enquanto for preciso, estaremos juntos compartilhando o conhecimento, pois como disse Einstein, “as pessoas podem tirar tudo de você, menos o seu conhecimento”.
Que continuemos levando a escola para aqueles que necessitam dela, e mesmo que o professor não esteja presente da forma que os alunos gostariam, que possamos lembrá-los que não estão limitados a quatro paredes, pois, na ausência de um formador de conhecimento, sempre traremos à memória dos queridos alunos que o “professor é de casa”.
Wellingnton Barbosa é engenheiro civil, tecnólogo em Redes de Computadores e especialista em Administração e Gerência de Redes de Computadores