O longo caminho percorrido até o sonho da ponte sobre o Rio Madeira

Há um percentual físico e financeiro que apontam a conclusão de 34% das obras, até o momento (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Há um percentual físico e financeiro que apontam a conclusão de 34% das obras até o momento (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

A ideia de uma ponte sobre o Rio Madeira, unindo de uma vez por todas o Acre ao resto do país, é um elemento que faz parte do imaginário acreano há muito tempo.

E quem faz o trajeto hoje pela BR-364 e chega à beira do volumoso rio encontra uma realidade até então pouco imaginada – a ponte que finalmente toma forma.

Mas, até chegar a esse momento, o caminho não foi nada fácil. O desafio vem desde 1999, quando o então senador Tião Viana liberou emendas para a obra da ponte no Madeira.

Ainda assim, por mais que o povo do Acre sempre fosse o mais interessado na construção de uma ponte, o governo e a bancada federal de Rondônia na época – onde fica a área da construção – nunca mostraram muito interesse no projeto, por vezes fazendo lobby contra.

Foi necessário um trauma ambiental de proporções históricas para que finalmente o governo federal atendesse os anseios do povo do Acre levados pelo governador Tião Viana.

A cheia do Rio Madeira, no começo de 2014, inundou a BR-364 e tornou sua travessia quase impossível, isolando o estado. A presidente Dilma Rousseff veio prestar solidariedade ao Acre, e na presença do governador anunciou:

“Nós viemos aqui com um objetivo: como garantir que o Acre não fique isolado? Porque o isolamento é algo que não podemos mais admitir no Brasil. Aqui eu cumprimento o governador Tião Viana e o prefeito Marcus Alexandre pela qualidade do atendimento às pessoas do Acre. E vamos fazer a ponte do Rio Madeira”, disse, em sua primeira visita ao estado.

Segundo informações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), órgão responsável pela condução e fiscalização dos serviços, orçados em R$ 128 milhões, as obras avançam em ritmo intenso e sem paralisações.

Toda a parte física de fundação e blocos já foi executada. O contrato prevê que as obras sejam concluídas em dois anos, caso não ocorram imprevistos de natureza climática nesse período. Há um percentual físico e financeiro que aponta a conclusão de 34% das obras até o momento.

Representando uma nova era

Com a construção da ponte sobre o Madeira, o que fica em jogo não é apenas o fim do isolamento terrestre do Acre com o resto do Brasil, mas uma revolução econômica e social. Ela ligará o restante do país de vez aos mercados asiático e andino, o que pode gerar um novo leque de possibilidades de negócios, com excepcionais ganhos na redução de distâncias, economia de frete e competitividade dos preços no mercado internacional.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano, a ponte é um sonho de todos os acreanos. “Mas para os nossos empresários é uma redenção, por todos os problemas e sacrifícios que passamos na história. Acreditamos que ela traga aquilo que mais queremos: redução do preço do frete, do tempo e do valor dos insumos.”

O empresário Paulo Santoyo, da AcreAves e Dom Porquito, exemplifica isso: “Hoje vivemos sob o risco daquela travessia, e essa ponte representa segurança para nós. Muitos empresários que eu conheço e querem investir aqui, quando descobrem que existe uma balsa, já ficam receosos. A mesma coisa se dá com seguradoras de caminhão, que acabam nos cobrando mais caro”.

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