O amor e a dedicação de mãe e filha em unidade de saúde de Vila Campinas

Quantas vezes você já ouviu ou até mesmo falou a seguinte frase: “o trabalho é a nossa segunda casa?”.

Em Vila Campinas, distrito do município de Plácido de Castro, encontramos uma história que torna essa frase bem real.

Raimunda Fernandes cuida da roupa de cama da unidade de saúde (foto: Júnior Aguiar)

Raimunda da Silva Fernandes é uma das mais antigas servidoras da Unidade Mista de Saúde Ana Nery. Desde o ano de 1990 é servidora do local. São 28 anos espalhando bom humor e amor ao trabalho. “Meu filho, aqui eu já fiz um pouco de tudo. Comecei na limpeza, depois passei uns seis anos na cozinha e agora estou na lavanderia”, diz.

Depois de quase três décadas, faz todo o sentido a afirmação de dona Raimunda quando perguntada qual o sentimento que tem em relação a unidade de saúde. “Aqui eu me sinto em casa. Todos são meus amigos e eu sou muito feliz”.

Conduzindo com extrema competência a máquina de costura, onde ela fabrica e conserta os lençóis e toalhas que serão usadas nos leitos e pelos pacientes da unidade de saúde, Raimunda conta que a maior dificuldade quando começou a trabalhar eram os filhos pequenos. “No começo, nem queriam me dar o emprego porque eu tinha menino pequeno. Eu sabia que não podia perder aquela oportunidade e prometi que não ia ter aborrecimento”.

Mãe de cinco filhos, fez o possível para manter a criançada longe da unidade e evitar problemas. Até conseguiu evitar os problemas, já a distância. Uma das crianças, Luciete, com quatro anos na época, não teve jeito. Quando menos se esperava, chegava ao local. Logo, no lugar de trazer problemas, virou uma espécie de mascote da unidade. Querida por todos, foi adotada pelos servidores e foi praticamente criada nos corredores do local.

E o destino aprontou

O tempo passou, mas Luciete nunca perdeu o hábito de visitar e passar algum tempo na unidade de saúde. A relação com o local e, principalmente, convivendo com a dedicação da mãe e dos outros servidores, fez com que a jovem nutrisse o sonho de um dia contribuir com a restauração da saúde das pessoas de alguma forma.

E não é que o destino aprontou das suas.

O abraço de mãe e filha que trabalham juntas na unidade de saúde Ana Nery (foto: Júnior Aguiar)

No ano de 2012, Luciete, formada em serviço social, foi surpreendida com um convite para trabalhar na unidade onde a mãe é servidora e onde tinha as melhores recordações de sua infância e adolescência.

‘Trabalhar aqui é a realização de um sonho. Eu lembro que meu pai dizia que um dia eu iria me formar e ajudar as pessoas. Apesar de não tê-lo mais comigo, sei que ele tá muito feliz”, diz Luciete, emocionada, ao lembrar do pai já falecido.

Em um caso não tão comum esse, a primeira coisa que se pensa é como deve ser a relação da filha chefe e da mãe servidora.

Luciete, que atualmente é gerente administrativa da unidade, jura que nunca precisou chamar a atenção da mãe. “Eu costumo sempre separar as coisas e não misturar a relação familiar com a profissional. Mas nunca precisei mesmo.  Acontece o contrário. Nós somos muito de conversar e quando ela percebe que fiz algo errado, ela me orienta e me aconselha”, afirma.

Emocionada, Raimunda conta que é um orgulho ter a filha ao seu lado na unidade de saúde. “Eu me emociono muito. Ela resolve os meus problemas no hospital e em casa. O que mais me orgulha é a dedicação que ela tem e o cuidado com o trabalho e como ela se preocupa com cada paciente”.

Testemunha de quando Luziete corria pelos corredores da unidade de saúde, Elza Moreira começou a trabalhar junto com a mãe da atual gerente administrativa, quase 30 anos atrás. “Eu comecei a trabalhar com a Raimunda. Ela é aquela pessoa que em todo lugar precisa um pouco dela. Para se ter ideia, aqui na unidade, muitos anos atrás, tínhamos problema de água, eu e a Raimunda íamos lavar a louça e a roupa de cama do hospital na casa dela. Já a filha eu conheço desde pequena e hoje é uma chefe maravilhosa”.

Raimunda com seus 28 anos de trabalho ao lado da filha, gerente administrativa da unidade (foto: Júnior Aguiar)

Na entrada da Unidade de Saúde Ana Nery, o abraço apertado entre mãe e filha reflete a bela história de uma família dedicada à saúde de Vila Campinas.

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