Com o plantio iniciado entre 2010 e 2011, os primeiros seringais criados pelo programa do governo do Estado, Florestas Plantadas, começam, neste ano, a serem explorados. Em alguns dos mais de 2.800 hectares plantados até então, é possível ver o manejo e cuidado que agricultores têm tido para que suas árvores crescessem saudáveis e bem produtivas.
Sentado embaixo de uma mangueira, enquanto a esposa cozinha uma galinha caipira para o almoço, Luzimar Menezes, um jovem seringueiro de 35 anos, conta o quanto a floresta de seringueiras plantadas há alguns metros de casa pode mudar sua vida.
Foram seis anos de árduo trabalho, desde o plantio das mudas oferecidas pelo governo, até o manejo diário para que as árvores crescessem saudáveis e aptas para corte em maio deste ano. “Tem que ter cuidado com a poda seletiva, germinação, tem que eliminar brotos que surgem na lateral”, explica. O agricultor fala com propriedade das técnicas de cultivo pois após terminar o ensino médio, fez um curso técnico no Colégio Agrícola do Estado, em Rio Branco.
“A gente depende de bastante trabalho para poder realizar as atividades que a gente deseja. Me empenho muito porque tenho vontade de fazer e ver acontecer”, afirma, ao explicar que valeu a pena os anos de trabalho que manteve seu seringal de encher os olhos. Demonstrando alguns dos aprendizados que teve em seu curso, Luzimar explica que decidiu realizar um plantio consorciado de frutíferas e castanha na área, após ver o espaço que tinha.
Antes mesmo de o governo ter decidido adotar o consórcio de seringueiras e frutíferas no programa Florestas Plantadas, Luzimar já acreditava nesse modelo. “Além das seringueiras, eu fiz um consórcio com outras culturas. Nessa mesma área vou tirar a produção de açaí, cupuaçu, a castanha, abacaxi”, aponta o produtor. Além de ter a renda extra com as frutas, castanhas e outras culturas que pode ter no espaço, como amendoim, ao criar esse Sistema Agroflorestal surge uma proteção natural para as plantas.
Políticas públicas para a floresta
O programa, além de criar esses modernos seringais, atua em outras duas áreas. Uma é a assistência técnica para o manejo correto da pequena floresta, a outra são os subsídios pagos ao látex vendido para as indústrias, que a partir de dois de maio serão duas. Nesta data, será reativada a Fábrica de GEB (Granulado Escuro Brasileiro), em Sena Madureira, operada pela Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista), se juntando a Fábrica de Preservativos, Natéx, em Xapuri, como as beneficiadoras da matéria-prima.
Essa visão integrada vai além do olhar de desenvolvimento sustentável, que o Acre adotou. Ademir Batista, coordenador do programa na Secretaria de Agricultura Familiar (Seaprof), explica o que acreditar ser um dos pontos fortes nesses seis anos: “Com a melhora da qualidade de vida, as famílias permaneceram na terra, não migrando para as cidades já bastante populosas. Junto a isso, nossas florestas continuam em pé e crescendo mais. Quem dá proteção para a mata, são as pessoas que nela habitam”.
“Para te dizer a verdade, hoje me sinto realizado”, afirma Luzimar ao olhar seu futuro crescendo ali. Dessa forma, o programa segue a história da formação cultural e econômica do estado, que teve na exploração da borracha importante fator. A prova disso, é a aptidão que Luzimar, a esposa e os filhos serem a nova família seringueira do Acre.
Quando criança, ele cortou seringueiras e ajudou o pai a vulcanizar a borracha, nessa mesma área que hoje moram. Essas lembranças regam seu sentimento e o sorriso que carrega: “Sempre gostei de viver na floresta, de poder criar, plantar e ver o trabalho acontecer. Para mim aqui é o paraíso, não pretendo morar em outro local”.