Governo Gladson Cameli leva saúde e dignidade a moradores que vivem da agricultura familiar na zona rural de Feijó
Alzenira Silva Carneiro mal dormiu pensando no dia seguinte. Na sábado, 10, acordou às 5 horas, fez o café, serviu ao marido e devorou uma tapioca. Voltou para o quarto. Foi retirar da penteadeira a roupinha da filha menor, Latife, de 5 meses. Arrumou a mais velha, Lorrane, de 10 anos, e seguiu com elas e o marido, Raimundo Nonato da Silva Cataiana, 48, numa viagem de dois quilômetros por mata fechada até a ponta do asfalto. Dali, andaram mais 1,5 km até a sede do Parque Estadual do Afluente, para consultar-se com médicos num dos locais mais isolados do estado, a região do Rio Jurupari, entre os municípios de Manoel Urbano e Feijó (distante 291 quilômetros de Rio Branco pela BR-364).
A mulher de 41 anos, humilde, sofrida e de coração grandioso, foi juntar-se com o restante da família – os sogros e irmãos – para participarem da segunda edição do programa Ação Humanitária Itinerante, uma série de serviços oferecidos pelo governo do Estado do Acre, que está levando cidadania e saúde a milhares de famílias que moram nas comunidades mais remotas do estado.
A edição ocorreu entre a quinta-feira, 8, e o domingo, 11, na Unidade de Gestão Ambiental Integrada (Ugai) da Floresta do Afluente. Ali, foram realizados mais de 1.500 atendimentos, entre consultas médicas nas áreas de ginecologia e obstetrícia, bem como na odontologia. Também foram proporcionados exames laboratoriais, distribuídos medicamentos e oferecida vacinação contra a Covid-19, além de palestras com temas em educação ambiental e empreendedorismo, serviços psicológicos e jurídicos e emissão de documentos.
A área é lar de 149 famílias que vivem da agricultura familiar, num espaço de pelo menos 250 mil hectares.
O Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC) também participou da ação, com o projeto Semana da Paz em Casa, da Coordenadoria de Proteção à Mulher.
O entendimento de Israel Milani, secretário de Estado de Meio Ambiente e Políticas Indígenas, mais uma das pastas que integra o programa, atender o homem do campo nas suas necessidades contempla com sucesso os anseios da administração do governador Gladson Cameli, que é o de valorizar essas pessoas.
“A Ação Humanitária Itinerante é uma iniciativa da gestão ambiental do governo Gladson Cameli que está valorizando as pessoas que vivem nas unidades de conservação e nos entornos. E isso é muito importante para que tenham cidadania e qualidade de vida”, ressalta Israel Milani.
“É algo formidável, porque é o governo unido e presente nas florestas, cuidando das pessoas que, por sua vez, ajudam a conservar os recursos naturais”, completa o secretário.
A secretária de Estado de Empreendedorismo e Turismo, Eliane Sinhasique, também participou, contribuindo com uma palestra sobre como vender melhor os produtos agroextrativistas e noções gerais de como administrar o dinheiro e pequenos negócios. “Queremos trazer para as pessoas conhecimentos que possam colaborar para uma vida mais plena, mesmo vivendo dentro da floresta”, destaca.
Raimundo Nonato Cataiana, um dos integrantes da família mencionada no início desta reportagem, estava lá, sem pregar o olho durante as palavras da secretária-palestrante.
“Eu cultivo legumes e vendo na beira da BR. Só fiz até a primeira série [do ensino fundamental] mas sei escrever meu nome. O quanto eu entender aqui será bom pra mim”, dizia Cataiana, entusiasmado, uma hora antes de também ser beneficiado com uma das mais de 150 cestas básicas oferecidas aos comunitários, como são chamados os moradores da Floresta Estadual do Afluente, pela Secretaria de Estado de Assistência Social dos Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres (SEASDHM).
“Agradeço por virem nos socorrer”, diz colono acometido por hérnia
O ex-seringueiro Raimundo Menezes da Silva, de 81 anos, mora no interior da Floresta Estadual do Afluente, na colônia Santa Rosa, “aberta no tempo em que a BR-364 era só lama e mata”, segundo as suas próprias palavras. Raimundo sente dores na coluna vertebral e na virilha. Acredita que o trabalho pesado de carregar sacos de macaxeira nas costas, e na lida diária com o pequeno rebanho de gado, lhe custaram problemas de saúde.
Enquanto bebia bastante água à espera de fazer uma ultrassonografia que iria diagnosticar uma hérnia, contou que nos seus 31 anos que mora na região do Jurupari, nunca tinha presenciado nenhum evento do tipo.
“Você não sabe da situação que nós já passamos aqui, com essa BR sendo aberta uma vez no ano. Até hoje, a gente depende muito do município de Manoel Urbano quando o assunto é saúde. Mas lá também não podemos contar muito com exames especializados. Então, agradeço muito a vocês por virem até aqui socorrer a gente”.
O colono elogiou a assistente social Jocileia Furtado, que é responsável por dar continuidade ao tratamento dos pacientes, depois que são atendidos no Ação Humanitária Itinerante. “Fico muito honrada de estar auxiliando pessoas como o seu Raimundo. Para mim, é muito edificante tudo isso, enquanto profissional”, diz Jô Furtado, como é carinhosamente conhecida.
Detectada a hérnia, Raimundo da Silva passou pela regulação da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), que agendou cirurgia sob a responsabilidade da Saúde na cidade de Manoel Urbano.
1.542 atendimentos em saúde, em dois dias
Coordenadora do Programa Saúde Itinerante, Rosemary Fernandes comemorou os números do atendimento da Sesacre à comunidade local. “Podemos afirmar que as pessoas realmente compareceram à Ação Humanitária Itinerante e puderam sair satisfeitas com o nosso atendimento”, acredita ela.
Dentro da Ação Humanitária, a Sesacre levou o seu já aclamado programa Saúde Itinerante Especializado, que permitiu, por exemplo, quase 270 consultas médicas e 129 atendimentos odontológicos, além de mais de 60 exames laboratoriais. Os atendimentos em enfermagem também foram mais de 40, enquanto que a distribuição de medicamentos chegou a 234.
“Toda a equipe da Sesacre, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e pessoal do suporte, está muito feliz de poder ter contribuído de uma forma muito satisfatória com as pessoas desta comunidade”, assevera Rosemary Fernandes.
A equipe do Programa Nacional de Imunização, da Sesacre, também imunizou ao menos 325 moradores, entre adultos, jovens e crianças, não só com a vacina contra a Covid-19, mas também com os imunizantes da febre amarela, da gripe e com as vacinas tetravalentes.
Veja abaixo os números
1-Consultas Médicas: 269
2- Atendimento Odontológico: 129
3- Exames Laboratoriais:68
4- Atendimento de Enfermagem: 407
5- Orientações Farmacológica: 05
6- Dispensa de Medicamentos: 234
7- Doses de Vacinas aplicadas: 325
8- Exames de Ultrassonografia: 50
9- Exames do Preventivo do Câncer do Colo do Útero: 24
Total geral de atendimentos: 1.542
Carinho e respeito pelas pessoas movem as equipes do governo
Como na primeira edição, ocorrida em maio no Parque Estadual Chandless, nesta segunda Ação Humanitária Itinerante o clima era de cordialidade e de altruísmo por parte de todos os servidores das pastas engajadas em oferecer o melhor que poderiam.
Enquanto a SEASDHM levou o seu ônibus para atender mulheres eventuais vítimas de violência doméstica, cujo acolhimento era feito pela psicóloga Maria Vidal Barros, na outra ponta, a chefe do Departamento Jurídico da Sema, Elaína Santa Bárbara, desenvolvia atividades de conscientização ambiental com as crianças da região.
“Quem cuida aí direitinho da floresta? Olha, criançada, assim como vocês respiram o ar vocês têm compromisso também de cuidar dele, não queimando a floresta e falando pro papai também que não deve fazer isso. Vocês sabiam que o jabuti é nosso amigo? Ele também não deve se caçado porque ele ajuda no reflorestamento com suas fezes cheias de sementinhas”, afirmava Elaína para uma dezena de meninos e meninas entretidos no que a tia falava, municiados com um kit pedagógico-ambiental que incluía desenhos para colorir.
“Me sinto muito gratificada de poder contribuir dessa maneira. Acredito que é assim, desde pequenos, que podemos formar pessoas mais conscientes do que representa o meio ambiente para todos”, explica a chefe do Departamento Jurídico da Sema, que ao final, coordenou o plantio de mudas frutíferas com a criançada.
Já a enfermeira Selma Macedo Rebouças, trabalhou na triagem da ginecologista e no atendimento de enfermagem, no setor de controle de medicamentos do Saúde Itinerante. Diz ter perdido a conta de quantos atendimentos elas e seus colegas da Sesacre protagonizaram ao longo dos dois dias de atividades.
“Cheguei a ficar com as mãos doloridas de tanto manusear o aferidor de pressão arterial. Mas isso não é nada diante do sorriso das pessoas, da palavra de agradecimento que recebemos e da satisfação que é colaborar para que elas tenham a sua saúde restabelecida”, ressalta Selma Rebouças, em tom de muita satisfação pelo que faz.
Direitos humanos e violência contra a mulher
O Departamento de Políticas de Promoção dos Direitos Humanos, da Seasdhm, esteve presente como mecanismo fundamental para promover cidadania. Segundo Goreth Pinto, chefe do departamento, a pasta ofereceu serviços nas áreas de assistência social, direitos humanos e políticas para mulheres.
“Além disso, possibilitamos informações sobre o programa Bolsa Família e outros benefícios eventuais como a possibilidade da segunda via do registro civil. Esta é uma determinação da secretária Ana Paula Lima, em observância às políticas públicas da gestão do governador Gladson Cameli”, pontua Goreth Pinto.
Na Floresta Estadual do Afluente, a Secretaria de Estado de Assistência Social dos Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres atendeu 14 pessoas na psicologia e outras seis com serviços jurídicos. Outras 22 foram atendidas com orientações no ônibus. Outras dezenas participaram de palestra e roda de conversa sobre autoestima e autocuidado.
TJAC estuda possibilidade de levar o Projeto Cidadão nas próximas edições
O Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC) também esteve presente, representado por Rejane Verçosa, secretária de Programas Sociais da Presidência do TJAC. O Judiciário levou à Floresta Estadual do Afluente o Projeto Semana da Paz em Casa, da Coordenadoria de Proteção à Mulher.
“É sempre uma satisfação estar atendendo as comunidades, sobretudo, aquelas que encontram dificuldade de locomoção para Rio Branco. Os nossos esforços são os mesmos do Executivo estadual, o de promover qualidade de vida para essas pessoas”, pontua Verçosa.
Orientações jurídicas e mediação de conflitos, além de casos de divisão de bens e pensão alimentícia fizeram parte das ações do TJAC nesta segunda edição. “Atendemos ainda encaminhamentos para a Previdência Social, e um caso de requerimento de aposentadoria por viuvez por acidente”, afirma a técnica do TJAC.
Para as próximas edições, o Judiciário estadual analisa a possibilidade de realizar casamento coletivo e uma edição do Projeto Cidadão.