Pacto social

Nazareth Araújo abre encontro nacional de socioeducadores e propõe debate com a sociedade

Nazareth Araújo afirma que é um retrocesso querer mudar a maioridade penal e não se pensar ações efetivas para mudar a sociedade (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Com um grupo de socioeducandos cantando os hinos nacional e acreano com diferentes roupagens, o encontro do Fórum Nacional de Dirigentes Governamentais de Entidades da Política de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fonacriad) teve início em Rio Branco. O encontro reúne, de hoje, 27, até a sexta-feira socioeducadores de 13 estados brasileiros.

Durante a solenidade de abertura, a governadora em exercício Nazareth Araújo fez importante defesa do melhoramento do sistema socioeducativo, com foco na ressocialização e humanização. “A gente espera que seja um tempo da cordialidade, da paz e do congraçamento das idéias. Que assim, saia desse encontro mais força para que possamos resistir a esse retrocesso que vemos ocorrer nas políticas sociais”, afirma a governadora, pontuando que a educação é o grande meio de prevenção ao crime.

Uma das principais lutas do Fórum é para ampliação ao debate sobre as tentativas de mudança na lei de maioridade penal, que tramita no congresso. Ela explica que o Estatuto da Criança e do Adolescente precisa ser primeiro cumprido para antes se pensar em reeditar uma nova lei que diminui a maioridade penal.

“Esse encontro é também um momento de reflexão. Os jovens infratores devem ser uma causa prioritária de nossa sociedade. Sugiro que seja feito aqui um debate sobre uma comunicação social assertiva, que mostre as possibilidades de mudança desses adolescentes para a sociedade”, disse Nazareth.

O encontro, segundo Rafael Almeida, diretor do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), é para discutir os desafios do diversos estados no cumprimento da lei e na ressocialização. Ele acredita que a forma mais eficaz não é apenas apreender o jovem, mas oferecer alternativas de prevenção e também no cumprimento da pena.

“Nós estamos aqui reunidos para dizer ao Brasil que não aceitamos esse retrocesso. Juntos, temos que debater soluções de prevenção para que os jovens não cheguem aos centros socioeducativos, com educação, cultura e profissionalismo técnico”, declarou.

Elisangela Cardoso, presidente do Fonacriad e gestora do sistema socioeducativo do Maranhão, afirma que vai ser debatido a união em torno de medidas eficazes na ressocialização.

“O sistema socieducativo precisa ser humanizado, nessa lógica não cabe a superlotação, uma questão vivida por todos os estados. Unidades superlotadas geram riscos como a fuga, rebeliões e uma insegurança para os profissionais e os adolescentes”, explica. Neste sentido, ela afirma que será feita uma análise sobre a criação da Central de Vagas Nacional.

Um grupo de socioeducandos cantou os hinos nacional e acreano (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Liberdade através da arte

Uma das medidas alternativas faladas pelos presentes, foi o trabalho com a música e arte. Em unidades de Rio Branco e do Bujari existe o projeto Som da Liberdade, idealizado pela própria governadora Nazareth Araújo.

A princípio nasceu para proporcionar aulas de violão para os jovens que cumprem medidas socioeducativas em unidades do Estado, mas cresceu, tomou proporção e se expandiu para escolas e comunidades.

Ao fim da apresentação dos adolescentes pôde-se ver nos olhos do professor e músico Antônio Carlos do Nascimento. Com lágrimas nos olhos, ele falou do sentimento ao ver os jovens alegres em acertar. “Me emocionou ver eles se preocupando muito em fazer bem feito. Se dedicaram e ficaram muito felizes quando eu disse que fizeram tudo certo”, declarou.

A música, o esporte e o ensino profissionalizante, para muitos dos socioeducandos representa uma oportunidade de caminhar para longe do crime. Filho de músico, o jovem G.S. de recém completados 18 anos, falou em um vídeo apresentado no evento sobre isso: “A gente já não vive mais sem música”.