A mulher brasileira conquistou o direito ao voto há apenas 84 anos. Apesar de constituírem a maioria do eleitorado do país, elas ainda não estão plenamente representadas na política brasileira, ocupando parcela pouco significativa dos cargos eletivos.
A falta de representatividade da mulher em cargos políticos e posições de decisão traz a necessidade de reestruturação do cenário público e político brasileiro, segundo Rose Scalabrim, do Ministério da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos. “Como o cenário público sempre foi algo destinado, pensado e ocupado pelos homens, romper essa barreira significa alterar a lógica do nosso sistema político”, afirmou.
Esse é objetivo do seminário “Gênero, Políticas Públicas e Participação Política: Mulheres na Política – Eleições 2016”, realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pelo Ministério da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos, com a parceria do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres).
A vice-governadora do Acre, Nazareth Araújo, participou do encerramento do seminário, que foi realizado no Hotel Holiday Inn, no Centro de Rio Branco.
“Nós lutamos nessa união para que mais mulheres participem ativamente da política. A mulher já participa muito da sociedade, seja em casa ou no mercado de trabalho, mas ainda na representação política nós precisamos ter mais voz ativa. O mundo da política nem sempre é receptivo à participação das mulheres, então nós precisamos realmente avançar”, afirmou.
Três dias de evento com aprendizado e troca de experiência. A liderança indígena Edna Yawanawa, da Aldeia Nova Esperança, em Tarauacá, participou do seminário e destacou os anseios como líder da comunidade.
“Sou formada em história e me sinto no dever de marcar politicamente a minha comunidade, a minha geração. Não é fácil ser mulher, indígena e política, mas quero mostrar que, unidas, temos o poder de decidir o que desejamos para o local que vivemos”, comentou.
Atualmente, nas eleições, os partidos políticos são obrigados a lançar ao menos 30% de candidatas, mas não há a previsão de sanções para os que descumprirem a norma. Nas eleições passadas, nenhuma legenda atingiu o percentual mínimo de candidatas.
“Trabalhamos para capacitar nossas mulheres para torná-las qualificadas ao papel de parlamentar. Precisamos de lideranças conscientes do seu papel na política. Nossas mulheres precisam lutar pela garantia da igualdade de gênero e racial e ter compromisso com a sociedade e as propostas que condizem com a atual realidade brasileira”, comentou Concita Maia, secretária Estadual de Política para as Mulheres.