Médica especialista vem ao Acre atender pacientes com estrabismo

“Quando me ligaram do TFD falando que vinha uma médica especialista para consultar aqui no hospital e que não seria mais necessário ir para outro estado, eu chorei de felicidade. Não sabia como ia deixar meus afazeres e meu outro filho pequeno para viajar em busca desse atendimento. Deus confirmando que tudo vai ficar bem.” O relato é da dona de casa Leila Souza, que tem uma filha de oito anos portadora de estrabismo.

A criança, diagnosticada com encefalopatia crônica, ou seja, um mal funcionamento do cérebro responsável pelo controle motor, cuja alteração pode vir acompanhada de estrabismo (a falta de alinhamento do globo ocular, também conhecida como olho torto), foi atendida junto com outros nove pacientes na manhã desta sexta-feira, 21, no Hospital das Clinicas (HC), em Rio Branco.

Graças à ação do governo, pacientes como a criança de 8 anos não precisarão viajar a outro estado em busca de tratamento (Foto: Lane Valle)

A avaliação desses pacientes portadores de estrabismo, e de outros 36 que também serão avaliados até domingo, 23, que aguardavam por uma vaga em outra unidade de saúde fora do Acre, já que o estado não dispõe de especialistas na área, só foi possível graças ao empenho do governador Tião Viana e da equipe do Complexo Regulador – Tratamento Fora de Domicílio (TFD), da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que viabilizou a vinda da oftalmologista Natália Storani Della Rovere, uma das poucas que atende essa especialidade no país.

“Trazer a doutora Natália, especialista em estrabismo, foi um esforço enorme que o Complexo Regulador, junto com o governador Tião Viana teve para fazer esses atendimentos que só seriam possíveis via TFD. Nós que estamos à frente do serviço sabemos a dificuldade que é trazer um especialista dessa área, sendo que são poucos existentes no pais inteiro. Por isso, estamos felizes e agradecidos pelo empenho do Governo do Acre em viabilizar esse atendimento para crianças e adultos que aguardavam ansiosos por isso”, destaca o gerente de Assistência à Saúde do Complexo Regulador, Caio Souza.

A médica especialista em estrabismo, a oftalmologista pediátrica Natália Rovere, que veio de São Paulo para realizar esse atendimento no Hospital das Clínicas, em Rio Branco, explica que o estrabismo pode ser congênito ou desenvolvido ao longo dos anos, por diversos fatores, como acidentes ou doenças.

“Existem várias causas de estrabismo, pode ser congênita quando nasce com o olhinho torto e pode ser adquiridas, como por traumas, uma pancada na cabeça, ou um acidente que pode entortar o olho. Por isso é importante passar por uma avaliação oftalmológica para que o especialista veja o estrabismo, o quanto essa criança enxerga e o fundo do olho. Primeiro de tudo tem que ver se essas crianças precisam de óculos, já que grande parte dos estrabismo melhoram só com o uso de óculos. Caso não melhore com o óculos a gente pensa na cirurgia”, observa a especialista.

A oftalmologista vai atender 45 pacientes entre adultos e crianças durante todo o final de semana, no período da manhã e tarde. Esses pacientes estavam retidos no TFD, ou seja, aguardando ser chamados quando surgisse uma vaga com um especialista na área em outro estado.

“Cirurgia e óculos são as opções mais utilizadas em adultos. Em crianças, a prioridade é corrigir a visão dos dois olhos antes de melhorar a estética, o que pode ser corrigido com uso de óculos e tampão até os sete anos idade, porque eu posso endireitar o olho com uma cirurgia, mas mesmo assim eu posso ter um olho preguiçoso. Por isso que se faz necessário o acompanhamento dessa criança até os 7 anos. No caso dos adultos é difícil a gente recuperar a visão, já que o olho se desenvolveu daquele jeito. Mas a questão da estética a gente consegue resolver com cirurgia, o que traz muitos benefícios ao paciente em termo social e de autoestima”, finaliza a médica.

Com as consultas que serão realizadas durante todo o fim de semana, além de atender a demanda de pacientes, a vinda da médica proporcionou também economia aos cofres públicos com o Tratamento Fora de Domicilio, pois mais de R$ 200 mil seriam gastos apenas com a compra de passagens aéreas.

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