Encontro encerrou a programação da Semana do Médico 2009 realizada pela Academia Acreana de Medicina
Como os médicos podem atuar no combate à violência e o que pode ser feito para minimizar a problemática. Este foi um dos temas de discussão da mesa redonda "Epidemiologia da violência", parte da programação da Semana do Médico 2009 realizada pela Academia Acreana de Medicina. O evento aconteceu no Teatro Plácido de Castro na noite de quinta-feira, 15.
"A violência chega até os médicos através dos serviços de urgência e emergência ou nos institutos médicos legais. Sempre há o contato do médico com a violência em suas formas mais agudas. Hoje a violência assume aspecto de epidemia e é um fenômeno transnacional, sendo, na verdade, praticamente uma pandemia que se manifesta principalmente nos países em desenvolvimento", explicou o presidente da Academia, Amisterdam Sandres.
O senador Tião Viana debateu sobre o papel do legislativo na situação de violência no Brasil. A violência gera 1,6 milhão de mortes por ano no país. Somente o trânsito provoca 45 mil mortes anuais e a cada década um milhão de pessoas se tornam deficientes físicas vitimadas pelo trânsito. Só para o atendimento às vítimas de violência no trânsito são gastos mais R$ 30 bilhões.
Há um projeto de lei em tramitação, proposto pelo senador acreano, que busca aumentar a verba pública para os gastos com saúde. "Se o projeto for aprovado o SUS terá R$ 90 bilhões para a saúde por ano. Mas R$ 90 bilhões é total que o governo gasta para atender as vítimas da violência. É irracional, incoerente e absurdo, porque se não houvesse tanta violência já teríamos este recurso para empregar na saúde", comentou.
Para debater a questão foram reunidos o senador e médico infectologista Tião Viana, o consultor da Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde, José Eduardo Fogolin Passos, o sociólogo e pesquisador da Universidade de São Paulo, Renato Antônio Alves, o jornalista e membro da Ong Viva Rio, Carlos Costa e o procurador de Justiça do Ministério Público do Acre, Sammy Barbosa Lopes.
"Fico muito feliz em ver que os médicos estão rompendo com a ideia de que são um casulo. A atividade médica está completamente inserida na vida das pessoas e temos que entender a saúde por um conceito mais amplo, inclusive de qualidade de vida", comentou.
O jornalista Carlos Costa, membro da Ong Viva Rio e coordenador de um projeto no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, levou para o debate a mensagem de que os jovens – as maiores vítimas da violência no Brasil – são cheios de energia e espírito aventureiro. Para ele, é preciso trabalhar para que esses mesmos jovens deixem de ser beneficiários de ações para se tornarem protagonistas e que oportunidades de protagonizar precisam ser oferecidas.