Maternidade, o empreendimento que requer dedicação e amor

Priscila, Maria, Janaína e Diva vencem desafios diários para conciliar carreira e maternidade (Foto: Angela Peres/Secom)

“Mãe é tudo igual”, diz o ditado popular.  Que talvez tenha surgido como forma de expressar que todas amam incondicionalmente seus filhos, sejam biológicos ou adotivos. Mas é certo que, mesmo na amorosidade materna, há diferenças e cada uma tem que vencer os mais diversos desafios, como conciliar educação dos filhos, carreira profissional, vida afetiva, afazeres domésticos e tantas outras atividades.

Dados da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN) indicam que, desde 2011, já foram mais de 23 mil famílias beneficiadas com pequenos negócios. Desses, 68% são negócios individuais apoiados pelo governo do Estado e geridos por mulheres. Nos empreendimentos coletivos, o percentual chega a ser de 90%.

É nesse universo que estão as mães empreendedoras Janaína Silva, Deucione Gama, a Diva, Maria de Jesus Moreno e Priscila Rodrigues.

Elas são donas de numa salão de beleza localizado na Praça da Bandeira, no Mercado Velho, em Rio Branco. Exercem o ofício de cabeleireira após terem feito curso de qualificação pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e receberem apoio do governo do Estado.

Um olho na cliente e outro filho, esse é um dos truques de Diva no cuidado com Ícaro (Foto: Angela Peres/Secom)

Mãe, mulher e empresária

Diva é mãe de três filhos. Duas adolescentes, Tauane, 17 anos, e Thalia, 15 anos, e de Ícaro Matheus, 8 anos. O caçula é quem requer mais atenção da mãe, por conta da pouca idade.

Quando chegamos ao salão para entrevista, Ícaro Matheus e Emanuel, 6 anos, filho de Janaína, estavam brincando, sentados numa das cadeiras do local, em total sintonia e familiarizados ao ambiente de trabalho de suas mães.

A rotina de mães e filhos se conecta pelo zelo que as empreendedoras carregam consigo. Deusa revela que prefere ter o filho sob seus cuidados a deixá-lo só em casa, mesmo sabendo que a decisão às vezes torna a rotina do filho diferente das demais crianças.

“O pai dele um dia desses brincou comigo, perguntando se eu não tinha coragem de colocá-lo num ônibus aqui no Centro e mandar para casa porque tem muita gente que tem filho na mesma idade e faz isso. Deus me livre! Prefiro deixar ele aqui mesmo, perto de mim. Aqui sei o que ele está fazendo, ajudo na tarefa e mantenho longe dos perigos”, observa.

Janaína, mãe de Emanuel, 6 anos, e madrasta de Letícia, 12 anos, destaca que essa é uma das vantagens de ser uma mãe empreendedora, que dirige seu próprio negócio e tem flexibilidade nos horários. Mas lembra que nem sempre pode estar tão perto do filho.

“Antes eu trabalhava de caixa, numa empresa. Tinha carteira assinada e tudo, mas não era feliz. Minha realização veio como cabeleireira. Sempre gostei dessa área de beleza, maquiagem. A primeira vez que fiz um cabelo e vi o sorriso da cliente depois que arrumei o cabelo dela, vi que era aquilo que queria. Além disso, hoje posso estar mais presente na vida do meu filho. Agendo minhas clientes conforme a rotina que tenho com ele”, explica a empresária.

Janaína conta que teve um imprevisto materno e reconhece que se não fosse sócia no empreendimento que trabalha, provavelmente teria dificuldades para resolvê-lo. “Me ligaram da escola para avisar que ele estava com febre. Deixei as meninas aqui no salão e fui buscá-lo. Como não tenho com quem deixar em casa, trouxe para cá. Aqui posso ficar cuidando dele e tenho certeza se está bem ou não”, diz a microempreendedora.

Priscila Rodrigues (D) diz que a cooperação é no trabalho, mas também na troca de experiência da maternidade (Foto: Angela Peres/Secom)

Cooperação mútua

A cabeleireira Priscila Rodrigues é mãe do administrador Wesley Rodrigues, 32 anos e avó de uma garotinha de 4 anos. “Ser mãe já é um amor inexplicável e avó é um amor inexplicável dobrado”, revela Priscila.

Mesmo com filhos adultos, Maria e Priscila compreendem a luta a diária das companheiras de trabalho que precisam conciliar a carreira com a maternidade. “Já precisei de muita ajuda quando meu filho era pequeno, por isso, aqui a gente se apoia. Eu trabalhava numa empresa e estudava à noite. De dia ele ficava com a minha irmã e à noite ia para a aula comigo, mas nunca deixei meu filho só”, completa Priscila.

A parceria também está na troca de experiência entre as mães. Uma cooperação mútua.

Deusa revela um de seus truques de cuidados com o filho. “Fico aqui fazendo escova na cliente e olhando pelo espelho o que ele está fazendo. Ainda ha pouco ele foi saindo e eu já fui perguntando para onde ele ia. Tem que ficar de olho no serviço e neles”, observa a cabeleireira enquanto cuidava dos cabelos da mototaxista Maiara Amorim.

Maiara estava indo pela primeira vez no salão. Indagada sobre o que achava da permanência das crianças no espaço, ela é categórica. “Sei bem como é difícil criar filhos e trabalhar. Tenho três filhas, três anas. Anna Clara, Anna Cássia e Anna Carolina. Várias vezes precisei levar minhas filhas para casa das pessoas que trabalhei. Só confiava em deixá-las com a minha mãe, mas nem sempre podia fazer isso. Então, elas iam comigo. Pra mim, não há problema algum em vir para o salão e aqui haver crianças”.

“Se a gente pudesse ser mais de uma, se multiplicava”, observa Janaína Silva (Foto: Angela Peres/Secom)

Amor incondicional

Perguntada sobre o que significa ser mãe, Janaína dispara, sem rodeios: “Se a gente pudesse ser mais de uma, se multiplicava. Tento conciliar a mãe e a profissional, mas se for preciso largar tudo por ele, eu largo.”

Priscila completa: “Ser mãe é privilégio. É um dom que Deus nos dá. Há mulheres quem têm a oportunidade, mas não valorizam. E a gente passa a dar muito mais importância à mãe da gente depois que se torna mãe porque aí entende. O amor pelos filhos é diferente de qualquer outro amor, é sem explicação. Às vezes os filhos podem errar, mas a gente continua amando, mesmo sabendo que eles estão fazendo algo que não aprovamos, continuamos amando e não queremos que ninguém faça mal a eles”.

Diva conclui: “Ser mãe é maravilhoso. É um presente de Deus. Não imagino a minha vida sem meus filhos. Eles são a razão da minha vida, meus amores”.

E, diante dessas declarações, a certeza que fica é que mães são feitas de amor, um amor imensurável que nenhum texto seria capaz de suprimir ou explicar. Não é a gestação ou o parto que transformam uma mulher em mãe, é o amor.

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