Marechal Thaumaturgo celebra novo cenário urbano com obras de saneamento

Central do produtor, com terminal de transbordo e rampa de acesso ao porto, é o novo cenário de Marechal Thaumaturgo (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Na confluência entre os rios Juruá e Amônia, Marechal Thaumaturgo é uma das quatro cidades acreanas que vivem “ilhadas” em meio a Floresta Amazônica, sem acesso por via terrestre. Seus mais de 16 mil habitantes enfrentam o desafio de construir uma comunidade florestal e urbana, perpassando os diversos percalços que o terreno possibilita.

Na parte rural, a produção de feijão, tabaco e farinha segue firme. Enquanto isso, a zona urbana está passando por uma transformação, ganhando saneamento básico, ruas pavimentadas e outros benefícios necessários para uma cidade bem habitada.

Há dois anos, Marechal recebe técnicos e trabalhadores que montaram e estão executando o projeto do Proser (Programa de Saneamento Ambiental e Inclusão Socioeconômica do Acre). O programa é do governo do Estado, com financiamento de R$ 24 milhões em parceria com o Banco Mundial.

As obras estão levando 8,5 quilômetros de pavimento rígido, tratamento de esgoto para todas as residências, uma nova estação de tratamento de água e ampliação da rede de água.

Além de uma rampa de acesso ao porto e um terminal de transbordo, para os agricultores armazenam sua produção, etapas já entregues para a população na última semana e já celebrada pelos ribeirinhos.

A cultura da produção rural

Cheio de barrancos, ladeiras e com um solo instável, Marechal Thaumaturgo é um desafio não só para os engenheiros, como também para os produtores e estivadores que buscam a cidade para descarregar a produção e insumos para os comércios.

“Conseguimos viver até hoje produzindo o feijão e o tabaco, inclusive consegui me formar no ensino superior com a renda da produção”, afirma Raimundo (Foto: Arison Jardim/Secom)

O agricultor Francisco Alquimar, da comunidade do Rio Bagé, explica como era antes da entrega da rampa de acesso ao porto: “A gente tinha que descarregar tudo lá nas escadarias ou pelo barranco mesmo. Era muito difícil e quase impossível quando chovia. Agora melhorou muito”.

E para quem duvida, a região tem uma grande produção de feijão de muita qualidade. “A gente já plantou vários tipos de feijão: o mondubim, o amarelo [peruano], o quarentão, manteiguinha, curucutuba”, afirma o professor e agricultor Raimundo Barros, da comunidade Belfort.

Desde os 15 anos trabalhando no roçado, hoje é professor graças ao seu esforço nos estudos e no plantio. “Conseguimos viver até hoje produzindo o feijão e o tabaco, inclusive consegui me formar no ensino superior com a renda da produção”, explica Raimundo.

Próximas etapas

Com essa primeira etapa concluída a dignidade para os tantos ribeirinhos está garantida. Os próximos passos agora são a conclusão da pavimentação, rede de esgoto e melhoria na distribuição de água para a cidade. “Estamos em ritmo acelerado nas obras em Marechal Thaumaturgo. Com muita responsabilidade, adotamos estudos aprofundados para definir a tecnologia a ser adotada na pavimentação”, explica Edvaldo Magalhães, diretor-presidente do Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento, responsável pelo Proser junto com a Seplan (Secretaria Estadual de Planejamento).

Os estudos foram importantes para as obras na cidade. “Escavar é perigoso”, afirma Edvaldo. “Marechal Thaumaturgo é a que tem o perfil mais diferente entre os municípios contemplados pelo Proser. Ela tem o relevo acidentado e o solo está em formação, com pouca resistência, ou seja, não se consegue fazer qualquer escavação sem causar um grande impacto”, afirma o engenheiro do Depasa, Leandro Lima.

Parte dos 3 mil m³ de brita chegou essa semana em Marechal (Foto: cedida)

Nas primeiras tentativas de escavação para testes com a rede de esgoto, com dois meses depois, assim que começou a chuva todo o platô começou a se mover. Era a prova definitiva que uma nova tecnologia precisaria ser implementada. “Vamos investir em pavimento rígido, o conhecido ‘concreto virado'”, explica Edvaldo.

Será adotado a tecnologia de placas de concreto de 6 X 6, ou a largura da rua, podendo ser mais ou menos. Elas terão 20 cm de espessura, composta por uma malha de ferro com o objetivo de evitar as trincas. “A escolha por esse tipo de pavimento se justifica em função de não ser preciso fazer grandes movimentações de solo, uma vez que, o concreto já se mostra eficaz para as solicitações”, reitera Leandro.

Tem outras etapas também a serem executadas em 2017. “Todas as residências terão tratamento de seu esgoto. Uma nova estação de tratamento de água, com ampliação de rede de distribuição, garantirá água todos os dia e o dia todo na cidade. Neste momento navegam para Thaumaturgo mais de 3 mil m³ de brita. A cidade vai virar um canteiro de obras em 2017”, anuncia Edvaldo.

Com as obras em andamento, Marechal Thaumaturgo caminha, assim como Jordão e Porto Walter, para construir um novo cenário urbano, com dignidade para seus habitantes e evolução positiva nos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Com saneamento, a cidade não terá mais exposição a vírus, bactérias e condições insalubres que aumentam a incidência de doenças como febre tifoide, cólera, leptospirose e parasitoides.

A cidade de Raimundo ficará ainda melhor. A cidade agrega mais um aspecto positivo, que se junta a riqueza de sua natureza. “Eu acho ótimo viver em Marechal Thaumaturgo. A gente tem uma floresta imensa, tudo que você quer plantar consegue: o feijão, o tabaco, o abacaxi, a banana. Temos terra em abundância. A gente sobrevive só da natureza, o bom é isso. Temos ainda os vinhos de abacaba, patoá, açaí, tudo a gente tem da natureza, é ótimo”, proclama Raimundo, orgulhoso de sua terra.

“A gente tem uma floresta imensa, tudo que você quer plantar consegue”, afirma Raimundo, orgulhoso de sua terra (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

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