Mais uma cirurgia de epilepsia é realizada no HC em Rio Branco

"Temos um centro cirúrgico totalmente equipado para a realização das cirurgias neurológicas", diz o neurocirurgião (Foto: Angela Peres/Secom)
“Temos um centro cirúrgico totalmente equipado para a realização das cirurgias neurológicas”, diz o neurocirurgião (Foto: Angela Peres/Secom)

Enquanto Maria Eliane Araújo aguardava na antessala do centro cirúrgico do Hospital das Clínicas (HC), um de seus sete filhos, Antônio (nome fictício), passava pela cirurgia de epilepsia na unidade. Ele foi o sexto paciente a ser submetido ao procedimento no estado, realizado neste mês.

Ansiosa pelo resultado, Eliane conta emocionada a história de Antônio, que já sofria com o problema antes de completar dois anos de idade. Hoje, ao vê-lo com 25, ela só pode esperar o que toda mãe deseja a um filho: que tenha saúde e viva bem.

Antônio nunca foi à escola ou teve a oportunidade de ser mais inserido no convívio social. Além da síndrome epilética, também apresentou outros quadros neurológicos que o condicionaram a viver na dependência da família.

Por sua vez, Maria Eliane precisou abrir mão de seus interesses pessoais para se dedicar exclusivamente ao filho, atravessando muitas dificuldades. “Algumas vezes quase vi meu filho morrer. Ele tem a cabeça toda cortada por causa das quedas, tem o corpo todo marcado dos arames lá da chácara, já se perdeu várias vezes, já tiraram ele de dentro do açude e já sofremos muito preconceito das pessoas. Nunca pude nem trabalhar, porque ele não podia ficar só”, relatou.

A epilepsia ainda é um problema que causa segregação entre as pessoas. Dos 52 anos de Maria Eliane, quase 25 foram de noites mal dormidas e muito sofrimento. “Ninguém quer ver um filho sendo destratado pelos outros. Ele é minha vida, tudo o que mais quero é que não sofra mais”, diz, entre lágrimas.

Enquanto isso, na sala de cirurgia…

Cada detalhe é planejado minuciosamente, nenhum erro pode surpreender a equipe, que tem nas mãos a responsabilidade com a vida do paciente. Melhor dizendo, a incumbência de entregar-lhe a chance de ter uma nova vida. É visível a concentração dos profissionais, que, sob a coordenação do neurocirurgião Ivan Ortiz, permanecem durante horas em absoluta sincronia.

A concentração e sintonia dos profissionais no momento da cirurgia são essenciais (Foto: Angela Peres/Secom)
A concentração e sintonia dos profissionais no momento da cirurgia são essenciais (Foto: Angela Peres/Secom)

Em meio a equipamentos de tecnologia avançada, uma equipe composta por seis pessoas, entre enfermeiras, anestesista e cirurgiões, realiza a operação, cujos procedimentos podem ser acompanhados passo a passo por meio de uma microcâmera que reproduz as imagens em uma TV e em um monitor. A complexidade da ação exige dedicação e entrega por parte de todos.

O tratamento da epilepsia pelas palavras do neurocirurgião

Os serviços neurológicos que envolvem as cirurgias de epilepsia já estão consolidados no Acre desde 2014. Seja de forma clínica ou cirúrgica, os pacientes diagnosticados passam pelo tratamento para que seja possível ter o controle das crises, que, em alguns casos, provocam as convulsões.

“Há que se deixar claro que a epilepsia não tem cura e, portanto, não se sabe sua causa primária. O que se consegue é controlar, seja apenas com a medicação, ou, nos casos extremos, com a cirurgia. Depois dela, mesmo que o paciente passe anos sem ter crises, não é possível dizer que jamais voltará a ter alguma”, explica.

O procedimento pode durar muitas horas (Foto: Angela Peres/Secom)
O procedimento pode durar muitas horas (Foto: Angela Peres/Secom)

O tratamento é feito com o objetivo de reinserir os pacientes ao meio social. “A epilepsia não permite às pessoas que desenvolvam relações escolares, laborais ou mesmo familiares. São problemas que se prolongam de tal forma que tudo o que o paciente conhece é a exclusão social. Por saber o quanto a cirurgia traz uma mudança radical é que tanto queremos devolver a eles a vida”, completa.

Sobre a estrutura para os procedimentos, Ivan é enfático: “Não existem outros lugares assim hoje na Região Norte e nem em muitos outros estados do Brasil”. O fato é que, assim como Antônio, o que se deseja é que todos os pacientes tenham acesso ao tratamento e mais qualidade de vida.

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