Arlindo Araújo tem 48 anos e mora no Seringal Espalha, em meio à Floresta Amazônica, banhada pelo Riozinho do Rôla, afluente do Rio Acre. Para fazer uma visita ao produtor rural é necessário passar algumas horas viajando de barco. Mas lá, mesmo numa região de difícil acesso, ele tem o direito de beber água gelada e abandonar o hábito – prejudicial à saúde – de comer carne salgada no sol. O programa Luz para Todos, que tem mudado a vida de milhares de acreanos, conseguiu chegar a pontos remotos do interior do Acre.
Foram R$ 300 milhões em investimentos, 11.836 quilômetros de rede de energia elétrica instalada, quase 40 mil famílias atendidas e milhares e milhares de sorrisos – sorrisos que agora podem ser molhados por um copo de água gelada ou animados pela cena que passa em um programa de televisão. Dizer que a luz significa infraestrutura para as famílias que até então viviam privadas desse direito é muito pouco. A luz traz felicidade, saúde, conhecimento.
“Devagarzinho a vida vai melhorando. Comprei um aparelhinho de som que os meninos escutam uma música de vez em quando; a geladeira eu encontrei um filho de Deus que se compadeceu de mim e me deu, e a vida vai seguindo… O que mais mudou foi que agora eu bebo uma água gelada e não precisamos mais comer aquela carne salgada depois de pegar sol por vários dias. À noite, quando a gente quer fazer uma coisinha em casa, tem como acender uma lâmpada apra iluminar”, disse o produtor.
No mapa do Acre os pontinhos do programa Luz para Todos estão espalhados por quase todos os municípios, alguns lugares mais próximos das cidades, como o projeto de assentamento Pirã de Rã, que recebeu energia em fevereiro deste ano e está localizado a poucos quilômetros do asfalto, bem próximo à cidade de Senador Guiomard, ou em lugares distantes, isolados, aonde só se chega com muita determinação, como é o caso das comunidades em torno do Icuriã, seringal de difícil acesso dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Assis Brasil.
Para 2013/2014 devem ser feitas cinco mil novas ligações de energia. “Temos que esperar o verão começar. No inverno é a época de transportar os postes através dos rios. Essa é a parte mais difícil. Cada poste pesa cerca de uma tonelada, e é preciso entrar com eles na floresta. Num terreno plano, a cada cem metros é preciso colocar um poste”, explicou Alberto Ferreira, do Comitê Gestor do Luz para Todos no Acre.
Energia por placa solar
Algumas localidades não conseguem ser alcançadas por meio da energia convencional, por serem isoladas e de difícil acesso. Para atender esses casos na região amazônica, o Luz para Todos prevê outras modalidades. No caso do Acre, a mais indicada é por meio de placa solar. A estimativa é de que sejam necessárias vinte mil placas para contemplar todas as famílias nessas condições. A Eletrobras já georreferenciou dez mil localidades.
“Esse projeto está em análise na Empresa de Pesquisa de Energia, a EPE, e após aprovação segue para processo licitatório. É um desafio muito grande e nunca foi feito algo nesse sentido, de levar essa quantidade de equipamentos para tantas localidades diferentes”, explicou Alberto.
Acre recebeu R$ 300 milhões em investimentos
Um dos programas sociais de maior alcance no Brasil, e que revolucionou a vida de milhões de brasileiros, também tem seus frutos no Acre. Aqui, o governo federal, primeiro através do presidente Lula e agora com a presidente Dilma Rousseff, investiu R$ 300 milhões.
“O governo federal tomou a decisão de investir R$ 300 milhões num Estado pequeno, que não chega a ter 800 mil habitantes. Esse é um exemplo do compromisso do ex-presidente Lula e da presidente Dilma com cada brasileiro, para que cada família tenha o direito de ter energia em casa”, disse o senador Aníbal Diniz.
E a vida melhorou!
A pesquisa de impacto realizada no ano de 2009 mostrou que 79,3% dos atendidos pelo programa adquiriram televisores, 73,3% passaram a ter geladeiras em suas casas e 24,1% compraram bombas d’água, entre outros. Essa pesquisa mostrou ainda que 91,2% dos entrevistados afirmaram que a qualidade de vida melhorou e as condições de moradia e as atividades escolares alcançaram para 88,1% e 43%, respectivamente.