Lula e Alan García ficaram felizes por resultados do encontro no Acre

Os dois chefes de Estado elogiaram ações e políticas do Governo do Estado em seus discursos

A visita dos presidentes do Brasil e do Peru no Acre durou mais de 10 horas, desde a chegada de Alan García na manhã desta terça-feira em Rio Branco, até o encerramento da solenidade em Cruzeiro do Sul com o Presidente Lula. Uma agenda corrida, mas de resultados práticos extremamente positivos, ao se fazer um balanço de todos os acordos, novas reuniões e parcerias importantes estabelecidas a partir deste encontro.

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Lula em discurso na solenidade de Cruzeiro do Sul durante inauguração do novo aeroporto (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O governador Binho Marques esteve pessoalmente empenhado na organização da agenda dos dois presidentes que marcou um momento histórico na luta pela integração do Brasil e da América Latina. O Acre foi sede deste encontro por sua localização estratégica, na fronteira com dois países (Peru e Bolívia), e principalmente por causa de seu compromisso com um desenvolvimento socioambiental assumido pela sociedade e Governo do Estado nos últimos 10 anos.

Somente nesta terça-feira, 28, empresários peruanos e brasileiros estiveram reunidos no Teatro Plácido de Castro para debates importantes sobre a integração econômica na região de fronteira que deve ser fortalecida com a construção da Rodovia Interoceânica. O evento foi aberto pelo Governador Binho Marques e o Presidente do Peru. No Palácio Rio Branco, Lula e Alan Garcia assinaram 9 acordos que fortalecem o intercâmbio entre os dois países, trocaram experiências de desenvolvimento econômico e social, conheceram projetos importantes desenvolvidos no Acre e agendaram novos encontros futuros para avanço nas parcerias. E em Cruzeiro do Sul, Lula e Binho Marques, em um clima de festa, inauguraram o novo aeroporto da cidade e assinaram a ordem de serviço para construção da ponte sobre o Juruá.

Fórum Empresarial Brasil-Peru

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Binho Marques fez a abertura do Fórum Empresarial Brasil – Peru. (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O Governador Bino Marques recebeu pessoalmente o presidente Alan García, primeiro a chegar em Rio Branco por volta das 9 horas, acompanhado de presidentes regionais (governadores) de Arequipa, Cusco, Madre de Díos, Tacna, Moquegua e Ucayali e pelos ministros das Relações Exteriores, Produção, Agricultura, Minas e Energia, Transportes e Comunicação e de Habitação, Construção e Saneamento.

Do aeroporto, os representantes seguiram para o Teatro Plácido de Castro, onde participaram do Fórum Empresarial Brasil-Peru, que teve uma platéia lotada de empresários dos dois países. Binho Marques fez a abertura do evento e falou sobre as ações e o desafio de integração desta parte da Amazônia.

{xtypo_quote_right}O caminho da integração é o caminho do desenvolvimento e da justiça social – Alan García{/xtypo_quote_right}"O esforço que empreendemos nos últimos dez anos para consolidar no Acre uma economia limpa, justa e competitiva já começa a apresentar resultados, como a industrialização de produtos florestais não-madeireiros e o manejo florestal sustentável, empresarial e comunitário", afirmou o Governador em seu discurso. E completou elogiando as ações do governo peruano em prol do desenvolvimento regional. "Nós, acreanos conhecemos muito bem o desafio de construir estradas na Amazônia. Por isso, reconhecemos que nada pode atestar mais a concretização da integração latino-americana,  que a disposição do Peru para construir sua etapa da Rodovia Interoceânica"

O presidente peruano, Alan García, reafirmou o compromisso de conclusão da estrada e também destacou o bom trabalho do Governo nas políticas de desenvolvimento e qualidade de vida da população acreana. "O caminho da integração é o caminho do desenvolvimento e da justiça social".

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Após abertura do Fórum, Binho e autoridades recepcionam Lula

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Logo após a abertura do Fórum Econômico, Binho Marques e demais autoridades acreanas recepcionaram o presidente Lula que desembarcou em Rio Branco por volta do meio-dia, acompanhado dos Ministros das Relações Exteriores, Comunicação, Agricultura e das Minas e Energia, além do secretário especial de aqüicultura e pesca.

O prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim; o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães; secretários de estado; deputados federais; o presidente do PT, Leonardo de Brito; e o senador Tião Viana, também estavam na comitiva que acompanhou a chegada do presidente brasileiro.

 

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Projeto Floresta Digital, desenvolvido pelo Governo do Acre, é destaque em encontro

No Palácio, os presidentes do Brasil e do Peru, estiveram reunidos com Binho Marques onde puderam conhecer projetos importantes desenvolvidos no Acre e considerados exemplos para a região. Alan García enfatizou que são múltiplas as áreas de trabalho que se abrem neste encontro. Desde turismo, à comercialização de produtos agrícolas e industrializados. "O sonho de conseguir realizar a integração entre o Brasil e o Peru está se concretizando", disse. E ressaltou projetos importantes do Governo do Acre, como o Floresta Digital. Segundo ele, o governo peruano quer adquirir a experiência para trabalhar em iniciativas como essa.

O Floresta Digital vai garantir o acesso livre de Internet para toda a população da capital, como já acontece hoje na região da Biblioteca Pública. Os investimentos chegam a R$ 1,5 milhão por ano, e irão alcançar também as comunidades indígenas.

No Acre, presidentes assinam importantes Acordos Bilaterais

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Durante encontro no Palácio Rio Branco, projetos do Acre são elogiados pelos Chefes de Estado. (Foto: Angela Peres/Secom)

Ainda no Palácio, Lula e Alan García assinaram atos internacionais importantes para facilitar o intercâmbio comercial, econômico e social entre os dois países. Lula lembrou que em 1989, Alan García foi o único presidente a ligar para se solidarizar com ele quando perdeu as eleições. O segundo e último foi Fidel Castro.

O encontro realizado na capital acreana entre os dois presidentes sela o compromisso assumido há 23 anos com a Carta de Rio Branco pelos presidentes José Sarney e Alan García, na primeira tentativa de promover a integração entre os países vizinhos.

Os documentos celebram parcerias técnicas nas áreas de educação, saúde, energia, caracterização, gestão e manejo de recursos naturais e de fomento a micro e pequenas empresas. Com essas parcerias, busca-se resolver problemas como o livre trânsito de produtos e pessoas entre os países, além de investimentos importantes para o desenvolvimento da região, como a construção de 6 hidrelétricas que terão capacidade de gerar até 7 mil megawatts de energia.

O Ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, ressaltou que a obra de integração é sempre muito difícil, mas que os esforços serão mantidos para continuidade dos projetos. Já existe uma agenda programada para acontecer em São Paulo, onde se pretende dar início às primeiras ações de integração e que as obras da hidrelétrica em Iñanpari devem começar em 2010 para conclusão em 2014.

Em Cruzeiro do Sul, presidente Lula e Governador Binho Marques inauguram o aeroporto e assinam ordem de serviço para a ponte do Juruá

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Lula assina ordem de serviço para início das obras da ponte sobre o rio Juruá. (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Após o encontro, Lula e Binho Marques seguiram para Cruzeiro do Sul no fim da tarde. Milhares de pessoas chegaram a esperar até mais de 3 horas para recepcionar o presidente e o governador, que ao lado do Ministro da Justiça Nelson Jobim, inauguraram o novo aeroporto da cidade e deram a ordem de serviço para início de construção da ponte sobre o rio Juruá – a maior em território acreano.

O governador do Acre falou sobre o compromisso e os investimentos para o desenvolvimento da região. "O povo exige que a gente aplique cada centavo com responsabilidade e com carinho. Com eficiência, mas também com capricho. A beleza amazônica dessa obra também representa o compromisso sócio-ambiental da sociedade e do Governo do Acre".

Participaram da solenidade na cidade do Juruá, deputados federais, como Perpétua Almeida, e estaduais; o Presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães; a comitiva presidencial e o presidente do Tribunal de Justiça, Pedro Ranzi.

Lula e o Acre: uma relação cheia de histórias

Em um discurso descontraído, o presidente Lula começou lembrando de sua história com o Acre. "Na campanha de 1989, quando perdi as eleições, eu tive a dimensão de como o Brasil é tão grande e percebi que não era possível alguém que não o conhece, governá-lo. Porque é muito difícil que alguém que só conhece uma região, ter a devida preocupação e atenção com os estados mais longínquos. Às vezes, nem é por falta de vontade, é puro desconhecimento."

E Lula fala com propriedade. Ele lembrou de algumas das muitas vezes que já esteve no Acre mesmo antes de ser presidente, durante seu trabalho como sindicalista. Citou o ano de 1978, quando veio participar de um protesto após a morte de Wilson Pinheiro – dirigente sindical de Brasileia que foi assassinado dentro de casa.

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Na frente do presidente Lula, ministros e autoridades acreanas, Binho Marques reafirmou o compromisso do Governo do Estado pelo desenvolvimento do Acre (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

{xtypo_quote_right}Eu sempre me emociono quando venho ao Acre – Presidente Lula{/xtypo_quote_right}"Era uma noite muito nervosa, muita polícia na rua, muita gente armada. E lá estava eu, João Maia e tantos outros companheiros naquele caminhão, protestando. E eu disse uma frase que me custou um processo e uma condenação de 3 anos e meio. Porque naquele ato, eu disse que estava cansado de velório, de companheiros trabalhadores assassinados. Era preciso que a gente pensasse, porque estava na hora de a onça beber água. Falei isso e fui embora. Quando eu chego em São Paulo, descubro que os trabalhadores tinham matado um fazendeiro suspeito de ser o assassino, e eis que a acusação contra mim era de que a frase seria uma senha para que os trabalhadores cometessem o crime", lembrou. Lula foi absolvido no Superior Tribunal Militar, em Brasília.

Dois anos depois, Lula voltou ao Acre, também por um motivo trágico: a morte do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, o líder seringueiro Chico Mendes, assassinato na porta de casa. "Eu estou contando isso para mostrar pra vocês que eu tenho uma identificação com o Acre, com a história desse Estado. Aqui e no Rio Grande do Sul, são os únicos estados que eu conheço em que o povo é capaz de cantar o hino em praça pública. Eu sempre me emociono quando venho ao Acre".

Lula reforçou seu compromisso pela integração da América Latina, e lembrou: "Em 500 anos de história do Brasil, a 1ª ponte entre Brasil e Bolívia, fomos nós que construímos aqui no Acre, na cidade de Brasileia. E a 1ª ponte entre Brasil e Peru, fomos nós que fizemos também aqui no Acre. Porque antes, nossos representantes não se importavam com a fronteira."

Ponte sobre o Rio Juruá: um compromisso de Lula e Binho Marques

Ao lado do Secretário Executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, Lula falou sobre os investimentos na BR 364 e a construção da ponte sobre o Rio Juruá – a maior do Acre, e garantiu que todos os esforços serão feitos para o repasse dos recursos.

Lula lembrou quando o governador Binho Marques esteve no Palácio do Planalto apresentando o projeto. "Eu recebi o Binho no Palácio com o projeto de pavimentação da BR 364. Ele me disse que a estrada tinha 5 grandes rios cortando o caminho. E falou ‘presidente, o asfalto chega na beira do rio, pára, e começa do outro lado’. É como se Deus fizesse a coxa, fizesse a perna e não fizesse o joelho. E aí, nosso ministro dos transportes teve a compreensão de que no Acre, o preço de cimento comprado em Manaus é mais caro porque para chegar aqui ela leva muito tempo. Não é o mesmo preço do que se compra em São Paulo ou em Brasília".

Sobre esse mesmo assunto, Binho comentou em seu discurso: "Não foi fácil fazer tudo que já fizemos nesta estrada, incluindo 10 pontes nos últimos três anos. Pontes de até 210 metros, como a ponte do Caeté. Ou a ponte do Jurapari, que tem 220 metros e logo será inaugurada. Mas a estrada de Cruzeiro a Rio Branco é um sonho que vem dos nossos avós, que frustou nossos pais e que nós temos a obrigação de realizar, porque ele tem muito a ver com o futuro de nossos filhos."

Lula ainda elogiou a obra da ponte estaiada, tipo de ponte suspensa por cabos constituída de um ou mais mastros, de onde partem cabos de sustentação para os tabuleiros da estrutura. "Porque aqui a gente não pode ter uma ponte de qualidade como essa? Porque não pode ter um aeroporto bonito como este?", disse Lula fazendo referência à arquitetura ousada e moderna do novo aeroporto de Cruzeiro do Sul.

"Eu quero uma fotografia deste aeroporto, de cima, de frente. Eu tenho certeza que não tem nenhum outro aeroporto que retrate a cara do povo da Amazônia como esse, no formato de uma oca indígena, representando o povo que era dono desse país. Portanto, eu quero uma fotografia para utilizar como cartão-postal, onde eu estiver".

Ao fim, Lula lembrou do compromisso da construção de um campo de futebol em Cruzeiro, garantindo que a obra será feita em uma parceria entre Governo Federal e Estadual, e, ao final, recebeu do Governador Binho Marques uma bola feita com borracha de couro natural (látex de seringueira).

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