Em pouco mais de seis meses, desde a sua última vinda ao estado, em maio deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amigo e companheiro do Acre há quase quatro décadas, chegou ao estado na noite deste domingo, 29, para prestigiar o primeiro Encontro de Cadeias Produtivas Sustentáveis do Alto Acre, e a inauguração do Frigorífico de Suínos Dom Porquito – considerado, pela Associação Brasileira de Suinocultura, como o mais moderno do país em uso de tecnologia.
A região, que mais influenciou a relação de amizade entre Lula e o Acre (nas décadas de 1980 e 1990, quando os conflitos fundiários e a luta pelas causas ambientais a deixavam em evidência), começa a mostrar para o mundo que está caminhando para um novo experimentalismo na Amazônia.
Lula, amigo presente nas dificuldades e personagem importante para o desenvolvimento desta e de outras regiões do Acre, prestigiará o momento que traduz nova fase para a economia acreana – um tempo de expansão da produção, da indústria e da diversificação da base econômica, em um processo de desenvolvimento que é referência em sustentabilidade.
Lula e o Acre na década de 1980
A década de 1980 no Acre foi marcada por diversos acontecimentos. Importantes, conflituosos, libertários e dolorosos. Em julho de 1980, o Acre perdeu Wilson Pinheiro, o primeiro líder dos movimentos sindicais iniciados na década de 1970.
Lula foi pessoalmente a Brasileia levar sua solidariedade à família do sindicalista e a todo o povo acreano que sentia sua perda.
Ainda em 1980, iniciou-se no país o processo de formação do Partido dos Trabalhadores (PT), época em que o Brasil já vivia uma abertura política, mesmo sendo, ainda, governado pelo regime militar.
A partir de 1982, a presença de Lula no Acre se tornou cada vez mais frequente, já que, como fundador do PT, tinha encontros constantes com sindicalistas, intelectuais, políticos e representantes de movimentos sociais do estado.
Em dezembro de 1988, o Acre sofreu uma de suas perdas mais marcantes: a morte de Chico Mendes, líder extrativista e um dos maiores símbolos da luta pela defesa da Amazônia.
Solidário ao ocorrido, Lula foi a Xapuri para o velório do ativista, em um momento em que o assassinato de Chico Mendes chamava a atenção do mundo todo.
Caravana da Cidadania, infraestrutura e integração
Entre 1993 e 1996, Lula iniciou pelo país as chamadas Caravanas da Cidadania, uma experiência praticamente inédita que representava uma forma inovadora de contribuição para a defesa dos direitos de cidadania de milhões de habitantes do Brasil profundo. No Acre, a cidade de Assis Brasil foi a primeira a receber a caravana.
Com as vindas contínuas ao Acre, percorrendo diversos municípios do estado, foi que Lula começou a vislumbrar o potencial de desenvolvimento do Acre.
Assim que assumiu a Presidência da República, em 2003, Lula avançou na busca por recursos que desencadearam os maiores projetos de integração do Acre, como a interligação dos municípios acreanos – ação que trouxe impactos não só na acessibilidade e mobilidade urbana, mas na economia.
A interligação do Acre via BR-364, que liga a região Sul do Brasil a Cruzeiro do Sul, na fronteira com a região peruana de Pucallpa, foi um esforço e compromisso pessoal de Lula com o povo do Acre, e inseriu o projeto de integração como prioridade absoluta no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O resultado foi a consolidação definitiva do projeto que mudou a história da integração no estado.
Foi em seu governo, ainda, que Lula autorizou a implantação das cinco pontes até Cruzeiro do Sul, um esforço que representou investimentos da ordem de R$ 240 milhões para a construção da ponte sobre o Rio Juruá e das pontes sobre os rios Purus, Tarauacá e Envira. Um ciclo intenso de trabalho que trouxe integração e oportunidades para a vida dos acreanos.
Acre e o novo experimentalismo econômico
Não dá para falar do novo experimentalismo econômico que o Acre protagoniza na Amazônia sem relacioná-lo à presença constante e grandes ações do ex-presidente Lula no estado.
O crescimento industrial e o potencial produtivo que a região do Alto Acre exibe para o país demonstram as profundas transformações políticas, sociais, econômicas e ambientais que o estado atingiu, tornando-se referência em desenvolvimento sustentável para o mundo.