Parceria entre governo do Estado, prefeitura da capital, Banco do Brasil e Sebrae vai permitir que categoria tenha acesso a dinheiro com juros baixos
 |
“Eu não tenho palavras para definir o que está acontecendo aqui. Só o fato de feirantes e camelôs sentarem lado a lado com o governador em seu escritório já significa que estamos dando um passo para uma relação nova entre a nossa categoria e as instituições”, disse Edi Celular (Foto: Sérgio Vale/Secom)
|
“Parecia que camelô e cachorro não tinham muita diferença. Agora, as coisas estão mudando.” O depoimento emocionado foi feito no sábado, 30, na capital, por Alcilene Moura do Nascimento, membro do conselho fiscal do Sindicato dos Camelôs e Feirantes de Rio Branco (Sincafe), ao comentar a assinatura de uma linha de financiamento que vai permitir, pela primeira vez na história da categoria, o acesso a crédito para capital de giro para quem trabalha nas calçadas e na informalidade.
A assinatura do acordo, que vai permitir o benefício para um contingente de pelo menos 1.800 pessoas só em Rio Branco, ocorreu no sábado à noite, no Parque de Exposições, entre os parceiros do programa: o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (Sepen), a prefeitura de Rio Branco, o Banco do Brasil, o Sebrae e o Sincafe. Com o lançamento do programa, significa que aquelas pessoas que não tinham acesso a crédito bancário e a outros benefícios de uma atividade legalizada passarão a ser tratadas com respeito e dignidade.
Sem acesso a crédito, os camelôs e feirantes eram obrigados a trabalhar na ilegalidade e, na maioria dos casos, recorrendo ao contrabando. “A ilegalidade e a falta de capital de giro sempre nos marginalizaram. Levávamos uma vida de cão”, complementou Marlom Brando da Silva Castro, secretário geral do Sincafe.
O governador Tião Viana e os secretários de Estado Mâncio Lima Cordeiro (Fazenda) e José Carlos dos Reis (Pequenos Negócios), além de outros assessores, sentaram-se no sábado pela manhã com o superintendente regional do Banco do Brasil, José Ricardo Salerno, com os dirigentes do Sindicato dos Camelôs e Feirantes, entre os quais o presidente em exercício da entidade, Edigley Rosendo, o “Edi Celular”, para estabelecer o acordo. “Eu não tenho palavras para definir o que está acontecendo aqui. Só o fato de feirantes e camelôs sentarem lado a lado com o governador em seu escritório já significa que estamos dando um passo para uma relação nova entre nossa categoria e as instituições”, disse “Edi Celular”.
O crédito faz parte de uma linha de financiamento especial do Banco do Brasil conhecida como DRS (sigla para carteira de Desenvolvimento Regional Sustentável), uma estratégia negocial da instituição financeira que busca impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões onde o Banco está presente, por meio da mobilização de agentes econômicos, sociais e políticos, para apoio às atividades produtivas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, sempre observada e respeitada a diversidade cultural. A linha de crédito era disponibilizada apenas para investimentos na zona rural, mas agora está chegando também às zonas urbanas.
O valor do financiamento é de R$ 5 mil, com taxas de juros de menos de 1% ao mês, com a possibilidade de até 60 meses para pagar. De acordo com o programa, a agência do Banco do Brasil do Segundo Distrito será a responsável pela liberação dos recursos, da ordem de R$ 2 milhões. “É claro que poderemos dispor de uma quantia maior para financiamento. Isso aqui é o início de uma parceria que tem tudo para dar certo e, nesse sentido, o Banco do Brasil estará sempre disposto a aumentar essa oferta de crédito”, disse o superintendente do Banco do Brasil.
Os parceiros do programa, principalmente o governo do Estado e o Banco do Brasil, já estudam a possibilidade de levar o financiamento para o interior do Estado, principalmente Cruzeiro do Sul. O governador Tião Viana também anunciou que o Banco da Amazônia e a Caixa Econômica Federal, como instituições financeiras oficiais e parceiras do desenvolvimento, serão convidadas a também participarem do programa.
Governador anuncia estudos para construção do Shopping do Camelô
 |
O governador Tião Viana fez questão de elogiar o sentido de união entre as instituições para permitir os meios que vão melhorar a qualidade de vida e as atividades profissionais dos feirantes e camelôs (Foto: Sérgio Vale/Secom)
|
O governador Tião Viana fez questão de elogiar o sentido de união entre as instituições para permitir os meios que vão melhorar a qualidade de vida e as atividades profissionais dos feirantes e camelôs. Ele lembrou ainda que o Banco do Brasil, através da carteira de Desenvolvimento Regional Sustentável, é seu parceiro desde os tempos em que era senador da República. “Uma relação construída lá atrás e que vai avançar ainda mais”, disse. “Com essa linha de crédito, começa o caminho da emancipação das pessoas e abre-se uma estrada de esperanças para homens e mulheres da maior importância na microeconomia do Estado.”
Ao se dirigir ao presidente do sindicato da categoria, Tião Viana anunciou que, em seu governo, feirantes e camelôs terão um tratamento respeitoso. “Nós já estamos estudando e buscando recursos para construirmos, ali no centro da cidade, o shopping do camelô. Queremos fazer algo tão bonito quanto a Oca, para que os nossos camelôs e feirantes possam trabalhar com dignidade e prazer”, disse o governador.
O secretário de Pequenos Negócios, José Carlos dos Reis, lembrou que os estudos sobre o programa começaram há apenas três meses e que o pequeno espaço de tempo entre o sonho e a realidade só foi possível graças à boa vontade dos parceiros, incluindo o Banco do Brasil, a prefeitura de Rio Branco, o Sebrae e os próprios camelôs e feirantes.
“Todos nós, seguindo a orientação do governador, colocamos a alma e o coração nisso. Essa é a nossa forma de agradecer e dizer que são bem-vinda ao governo essas pessoas que tanto já fizeram pelo Acre”, afirmou o secretário.
Objetivos do DRS
De acordo com o Banco do Brasil, o DRS tem por objetivo contribuir para a geração de trabalho e renda e para adoção de práticas que permitam um salto de qualidade nos indicadores de desenvolvimento social e ambiental, com soluções sustentáveis inclusivas e participativas, sempre em conjunto com parceiros, num processo chamado de “concertação”.
A “concertação” estimula os envolvidos a criar soluções e conduzir o desenvolvimento regional sob a ótica da sustentabilidade, agregando assistência técnica, novas tecnologias, capacitação e consultoria, em todos os elos da cadeia de valor. O resultado que se espera alcançar é o desenvolvimento sustentável das regiões envolvidas, com a redução do analfabetismo, a eliminação do trabalho infantil e do trabalho forçado, a capacitação profissional, o acesso à informação e à informatização, entre outros.
Assim, a Estratégia DRS propõe: promover a inclusão social, por meio da geração de trabalho e renda, democratizar o acesso ao crédito, impulsionar o associativismo e o cooperativismo, contribuir para a melhora dos indicadores de qualidade de vida, e solidificar os negócios com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos, formais ou informais. Com essa perspectiva já foram identificadas e estão sendo trabalhadas mais de 100 atividades produtivas diferentes, como sistemas agroflorestais, turismo, artesanato, cerâmica marajoara, aquicultura, fruticultura, calçados, cotonicultura, confeções, ovinocaprinocultura, apicultura, horticultura, pecuária de corte e leiteira, floricultura, mandiocultura, atividades extrativistas, avicultura e reciclagem de resíduos sólidos.
O que eles disseram:
{xtypo_quote}São três famílias abençoadas com este trabalho. A grande dificuldade era o acesso às linhas de crédito. Agora vamos ampliar a variedade de mercadorias e atender melhor nossos clientes. Essas mudanças vão ajudar muito a todos que trabalham como camelôs e feirantes. Além de melhorar o comércio e crescer na atividade.
Jorge Cell, camelô{/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Veio em boa hora. Com a chegada do fim do ano, vamos dobrar nosso capital de giro. Todos nós geramos emprego. Governo do Estado e demais parceiros estão de parabéns.
Antônia Souza, camelô{/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Com mais dinheiro, podemos aumentar a variedade de produtos. Vendendo mais, ganhamos mais.
José Dutra, feirante{/xtypo_quote}
{xtypo_quote}O governo abriu as portas para esta classe tão discriminada. Estamos sendo vistos com outros olhos, um olhar especial.
Edi Celular, presidente em exercício do Sindicato dos Camelôs{/xtypo_quote}
