Meta é estimular aumento da produção utilizando os métodos sustentáveis
O Projeto de Assentamento Humaitá, em Porto Acre, foi palco do primeiro intercâmbio da Cadeia Produtiva do Leite, realizado na ultima quinta-feira. O evento contou com a presença de 60 participantes, entre extensionistas da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), produtores de leite e técnicos de instituições parceiras. O objetivo foi promover uma troca de experiências entre produtores de diferentes municípios acreanos.
Produtores de Rio Branco, Plácido de Castro, Senador Guiomard, Transacreana, Campinas, Projeto Moreno Maia, Projeto Humaitá, estudantes da Escola da Floresta e funcionários da prefeitura de Rio Branco e da Seaprof puderam discutir a produção do leite, desde a formação de pastagens e recuperação do solo, às maneiras de ordenhar as vacas.
Na atividade foram discutidos os métodos de reforma e manutenção de pastagem, as oportunidades geradas pelo conhecimento de maneiras sustentáveis de lidar com a terra e vegetação, e foram esclarecidas aos participantes as técnicas de manejo, a aplicação de sais minerais e as melhorias alcançadas com os animais geneticamente modificados. A forma correta de uso das diferentes gramíneas e rações para a alimentação das vacas foi um dos pontos principais das discussões.
Para Francisco Frota, responsável pela Cadeia Produtiva do Leite e organizador do intercâmbio, o evento é um incentivo às pessoas que querem trabalhar com a produção de leite, pois podem conhecer propriedades bem estruturadas e muito produtivas, o que estimula os interessados a seguirem o exemplo. A meta para os próximos anos é estimular aumento da produção utilizando os métodos sustentáveis.
Produtores de leite lucram com manejo
O produtor Gilberto Pereira mora há 16 anos no Projeto Humaitá. Sua propriedade, localizada no km 06 do ramal do Açaí, em Porto Acre, mede 32 hectares, dos quais 25 já estão transformados em pasto. Há 12 anos começou a trabalhar com leite e não se arrepende. Suas 14 vacas lhe garantem, diariamente, uma média de 130 litros de leite.
Dividida em vários piquetes, o pedaço de terra do produtor comporta várias espécies de gramíneas, açudes para armazenamento de água, áreas que já foram recuperadas com o uso de leguminosas, e áreas em processo de recuperação. A meta de Gilberto Pereira é qualidade, por isso o produtor investe na melhoria genética das suas novilhas com inseminação.
Apesar de todo o processo ele garante que está apenas começando. Há dez anos não usa mais o fogo na preparação do solo e não reclama dos resultados. "É tudo muito simples e prático de fazer. Faço duas ordenhas por dia, e tudo que tenho aqui na minha terra pode ter na propriedade de qualquer", diz ele.
Manoel Pereira da Silva é outro produtor inserido no processo. Sua propriedade mede 25 hectares. Tendo 20 hectares já transformados em pasto, o produtor também não reclama da sorte. Sua terra é bem estruturada, e ele possui disposição e assistência técnica para produzir com qualidade.
Há apenas dois anos trabalhando com leite e com 12 vacas produzindo uma média de 40 a 50 litros de leite por dia, seu Manoel, tem renda mensal de R$ 600,00 a R$ 800,00, somente com a produção de leite. "A renda familiar melhorou muito, facilitando o estudo dos filhos e a vida da família. A gente vê nossos filhos estudando, trabalhando no nosso chão, isso é gratificante", diz emocionado o produtor, que já tem três filhas cursando universidade e que não desprezam a vida rural.
Ambos os produtores participam da Cadeia Produtiva do Leite, orientados por técnicos da Seaprof, e estão sendo inseridos no Programa de Certificação das Unidades Produtivas Sustentáveis.