Integração sustentável

Asfaltamento iniciado a partir do Vale do Juruá fortalece municípios ao longo da BR 364

Veja também vídeo com depoimentos de quem vive essa transformação.

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A produção pecuária do Envira/Tarauacá abastece o Vale do Juruá: pelo menos 1,5 mil cabeças são consumidas mensalmente em Cruzeiro do Sul e região.

A política do Governo do Acre de integrar primeiro os municípios do Vale do Juruá, Tarauacá e Envira está em fase avançada de consolidação em apenas dois anos após o asfaltamento da BR 364 ter sido completado no trecho entre Cruzeiro do Sul e Feijó. O objetivo é preparar aquela região para os impactos da integração rodoviária, o que já é uma realidade. "A proposta de unir primeiro aqueles municípios e fortalecer o Juruá, Tarauacá e Envira está se consolidando e melhor preparando a região do que fosse o contrário, que seria o asfalto indo de Rio Branco na direção do Juruá", disse Marcus Alexandre, diretor-presidente do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, Hidrovias e Infra-Estrutura Aeroportuária do Acre (Deracre).

"São economias que se complementam", acrescentou Alexandre, referindo-se aos diferentes potenciais de abastecimento e intercâmbio comercial  de cada um daqueles municípios. Um dos exemplos que melhor explicam o porquê da afirmação da integração daquela região está na pecuária. Cruzeiro do Sul sempre foi uma região de baixa  produção de carne, ao contrário de Tarauacá e Feijó, cujo rebanho é grande. Ou seja: atualmente, o abastecimento do Juruá não sofre solução de continuidade ou desabastecimento por causa do asfalto. O boi é levado via rodoviária desde o Envira/Tarauacá em pé ou abatido para Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves e outros centros de consumo do Juruá, em um contexto mercadológico que vem evitando que os preços sejam alterados sem explicação.  "Há tempos o preço do quilo da carne no atacado não muda", afirmou o presidente da Associação Comercial do Alto Juruá, Marcos Venício. Cruzeiro consome cerca de 1,5 mil bois ao mês.

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O projeto une desenvolvimento e sustentabilidade no eixo de integração da BR 364.

Esse paradigma de integração  foi iniciado pelo então governador Jorge Viana e mantido e fortalecido pelo governador Binho Marques, que avalia como  uma decisão corajosa do antecessor em fazer a BR 364 a partir do Vale do Juruá e não a partir da capital. "Temos o exemplo da mesma BR 364 de Porto Velho a Rio Branco. Quando o asfalto chegou,  a capital ficou enfraquecida, o comércio tradicional caiu", disse Marques no verão do ano passado durante visita técnica à rodovia.  "Aqui queremos o contrário. O asfalto de Cruzeiro do Sul à Tarauacá já criou uma região fortalecida entre o Juruá, Tarauacá e Envira. Quando o asfalto chegar, toda a região estará mais fortalecida", completou ele naquela mesma ocasião.

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Transporte coletivo mantém linhas regulares de Cruzeiro do Sul a Tarauacá e vice-versa durante o ano todo, situação que não ocorria até pouco tempo.

"De fato, esse processo está bastante evoluído. Empresários e população em geral estão se preparando cada vez mais para quando a estrada estiver pronta daqui até Rio Branco", disse Venício, ele próprio um empreendedor que faz investimentos em seus negócios visando os novos tempos para a região quando a ligação rodoviária Cruzeiro-Rio Branco estiver completa. Queda de preços em mercadorias, reencontros de pessoas, integração cultural e novos negócios são parte do fenômeno gerado pela integração naquela região, o que só foi alcançado porque o  Governo do Acre conseguiu criar um ambiente de harmonia política, estabelecendo relações sérias cheias de êxito. O Governo criou uma  teia de parcerias que envolve o Presidente Lula, a bancada de parlamentares em Brasília e no Estado, o que, entre outros fatores,  levou a inclusão do trecho entre Feijó e Manuel Urbano no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A BR 364 não é meramente uma obra rodoviária. programas que mitigam o impacto sócio-ambiental e cultural da rodovia nas comunidades tradicionais, como ribeirinhos e índios, implementados pelas Unidades de Gestão Integrada (UGAIs), escritórios que reúnem várias secretarias em sua atividade.

Movimento nas balsas cresceu neste inverno

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Antônio Cameli Teles, do Deracre: movimento nas balsas é cada vez maior mesmo durante o inverno.

Já se foi o tempo em que as balsas que fazem a travessia dos rios Envira, Tarauacá e Juruá paravam ou reduziam suas operações no inverno. No Juruá, por exemplo,  o movimento é tão intenso quanto no verão e está pelo menos 20% superior ao registrado na mesma época do ano passado. "Fazemos média de 100 travessias por dia depois que o asfaltou ligou Cruzeiro com Tarauacá mesmo no inverno", disse  Antônio Cameli Teles, coordenador da balsa no Juruá.

Duas novidades chamam a atenção para o período: os carros que transportam boi e os ônibus. Até o ano passado, eram presença rara na rodovia nestes tempos de chuva. A boiada enfrentava uma caminhada de dias até Cruzeiro do Sul e os ônibus simplesmente paravam de circular.  

A situação agora é outra. "Caminhões de boi passam toda hora e temos ônibus fazendo a linha Cruzeiro-Feijó-Cruzeiro duas vezes por semana", completou Teles. O fluxo na balsa do Juruá se tornou tão intenso que o Deracre mandou construir duas pousadas e uma bateria de banheiros nas duas margens do rio para atender aos viajantes. O órgão investiu R$42 mil no projeto.

Um novo pólo econômico

Ao promover a integração a partir do Juruá, o Governo do Acre criou um pólo econômico e fortaleceu fatores sociais e culturais.  Na vila do Rio Gregório a dona do pioneiro restaurante Mística,  Rosineide Nunes, não tem dúvida de que a ligação rodoviária do Vale do Juruá a deixou mais preparada  para o futuro porque a integrou social, cultural  e economicamente  à sua própria  região. Esse fenômeno beneficiou as comunidades do Gregório e os que vivem ao longo da BR 364 especialmente quanto ao abastecimento. "Antes, sem o asfalto, eu não podia negociar preço com os moradores. Agora, nossos preços são os mesmo da cidade e há possibilidade de negociação", disse Rosineide, que há  trinta anos mora às margens do Gregório. Até pouco tempo, o abastecimento de seu comércio era feito em lombo de animal, em viagens que demandavam dias durante o inverno. "Só para dar um exemplo, posso comprar o açúcar tanto em Tarauacá quanto em Cruzeiro do Sul, conforme o preço", completou a comerciante.

O abastecimento aéreo ganhou dinamismo e redução de custo porque as empresas aproveitam o mesmo frete rodoviário para levar ao Juruá mercadorias que são descarregadas no aeroporto de Feijó – e quando o preço das passagens sobe, algumas pessoas optam por ir de  carro de Cruzeiro a Tarauacá e de lá tomam o avião da companhia regional para viajar à Rio Branco, por exemplo. Dependendo da época, essa alternativa pode se tornar mais em conta que a saída direta de Cruzeiro à capital.

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O padeiro e sua família vivem na vila de Santa Rosa do Juruá,onde sentem os reflexos de uma política de integração sustentável.

O dono da Panificadora Santa Rosa, na vila de Santa Rosa do Juruá, viu na integração um meio de ganhar algum dinheiro. José Nilton da Conceição observou que os moradores do interior do Juruá passaram a utilizar mais a BR 364 para seus deslocamentos e decidiu montar a padaria às margens da estrada. Ali, atende principalmente os viajantes interioranos vendendo pãezinhos a R$0,50. São 200 pães ao dia. 


Veja o vídeo com depoimentos de quem vive essa transformação.

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