Linha 3, o ramal que virou estrada vicinal em Cruzeiro do Sul

Da Redação
28 jan 2009
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Um dos principais polos de cultivo de alimentos do Juruá recebe asfaltamento e eleva a produção e a qualidade de vida dos moradores

Asfaltamento garante mais qualidade de vida para os moradores do ramal. (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O asfaltamento da Linha 3 do Projeto de Assentamento Santa Luzia, em Cruzeiro do Sul, é a expressão do compromisso do Governo do Acre com o desenvolvimento do Vale do Juruá. Ali e ao seu entorno, onde se localiza o polo agroflorestal do assentamento, vivem 1,5 mil famílias que cultivam os alimentos que abastecem os mercados dos vários municípios que compõem a região. São cerca de quatro mil moradores no total. A pavimentação da Linha 3, cujas obras estão em fase de conclusão, irá beneficiar inclusive agricultores que vivem nas linhas 8, 9, 10, 11, 12 e 13. Trata-se de um ramal que se transformou em estrada vicinal.

Dos 16 quilômetros projetados para essa etapa, 14 estão totalmente concluídos. Havia morador que não acreditava que o asfaltamento fosse concretizado, mas depois de ver homens e máquinas trabalhando a todo vapor e as obras se consolidando, a opinião mudou. "Eu não acreditava, mas agora sei que temos uma coisa que só traz benefício não só para nós daqui como também para os que vivem em outras partes do assentamento", disse José Brasil do Nascimento.

O asfaltamento está sendo executado pela Construtora Colorado, sob a coordenação do Departamento de Estradas de Rodagem, Hidrovias e Infraestrutura Aeroportuária do Acre (Deracre). As obras custam cerca de R$ 7,5 milhões e estão inseridas no contexto do Pacto Agrário – compromisso institucional de se investir esforços e recursos para o desenvolvimento da produção agroflorestal.

"Não tem nem comparação com o que era aqui. Em frente de casa tinha um atoleiro enorme e dificultava o trânsito", disse Maria de Fátima de Souza Rodrigues, mulher de José Brasil e herdeira da colônia Nova Horizonte II, localizada às margens do ramal, no quilômetro 1,5.

Agora, as famílias têm mais facilidade de acesso dentro da comunidade (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Terra com mais valor – José Brasil e a mulher viram que o asfalto não só facilita deslocamentos como agrega valor imobiliário. "Valia R$ 15 mil. Agora são R$ 20 mil", disseram o marido e a esposa, que há três anos se mudaram para a Nova Horizonte II, a terra que adquiriu mais valor com o asfaltamento da Linha 3.

A partir de orientação do Deracre, a mão-de-obra para alguns serviços, como a implantação do meio-fio, foi recrutada entre os próprios moradores do assentamento, gerando oportunidade de trabalho e mais renda para a comunidade. "Consegui um trabalho na obra estou satisfeito duas vezes: com o asfalto e o emprego", afirmou Antônio José Vieira da Silva, que mora há seis anos na Linha 3.

"Agora dá para ir mais fácil à cidade e à igreja" – A mulher do agricultor Raimundo Nonato gosta de frequentar a igreja nos fins de semana, mas nem sempre a saída de casa era algo fácil. A viagem ficava comprometida por causa da chuva, que produzia muita lama no ramal. O asfalto mudou completamente essa realidade. "Tinha dia que ninguém conseguia nem ir para a igreja por causa do barro. Hoje a gente vai com tranquilidade, sem problemas", disse Maria Auzilene de Souza Rodrigues, que mora no PA há seis anos com Raimundo e os filhos.

O QUE É O PACTO AGRÁRIO?

Contemplam-se no Pacto Agrário substancial melhoria em ramais, de modo que o acesso fique facilitado o maior período do ano possível, inclusive com asfaltamento, a ampliação da bacia leiteira e avanços na agricultura familiar, com a recuperação de áreas degradadas, pesquisa e ensino. O pacto teve sua discussão iniciada pelo então senador Sibá Machado.

Nas primeiras reuniões, as bancadas federal e estadual, prefeituras e entidades representantes do setor agrário, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetacre), Conselho Nacional de Seringueiros (CNS) e Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), comprometeram-se em priorizar a agricultura por meio do planejamento e execução das ações previstas pela implementação do acordo.

O governador Binho Marques prevê superação das metas de investimentos. No fim de seu governo, a destinação de recursos deve ultrapassar os R$ 250 milhões.

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