“O Brasil é país amigo do Haiti. O povo brasileiro é bom e acolhedor”. Foi com essas palavras que o haitiano Ronald Aristil, que está no abrigo de Imigrantes e Refugiados em Rio Branco relatou os motivos que o trouxeram ao Brasil.
Professor de piano e bateria, Ronald está no Acre há doze dias e seguirá viagem para São Paulo em busca de emprego e de melhor qualidade de vida.
A explosão das migrações, principalmente de haitianos para o Brasil, ocorreu a partir de janeiro de 2010, quando um catastrófico terremoto devastou o Haiti e multiplicou o cenário de pobreza, o que fez com que milhares de haitianos viessem ao Brasil, tendo o Acre como porta de entrada.
Com a emissão de vistos no país de origem e a crise econômica pela qual tem vivido o Brasil nos últimos meses, a quantidade de imigrantes que chegam ao país pelo Acre tem diminuído. O sonho da “terra prometida” para muitos foi se desfazendo.
No abrigo são encontrados também vários senegaleses. Diferentemente dos haitianos e de outros imigrantes que procuram o Brasil, eles não têm permissão para sair de seu país. “Se não conseguirmos trabalho e voltarmos para o Senegal, corremos o risco de sermos presos. O Brasil é nossa esperança de uma vida digna e de qualidade, o que não temos em nosso país”, relatou o imigrante El Hady Dieng.
Para um dos coordenadores do abrigo, mantido pelo governo do Estado, por meio das Secretarias de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e de Desenvolvimento Social (Seds), Antônio Crispim, “o que temos percebido é que os países que estão vivendo o fluxo de imigração precisam se planejar e traçar políticas públicas para acolher com humanidade e dignidade quem os procura”, afirmou.
Ainda segundo Crispim, “os imigrantes são pessoas que estão saindo de seus países fugindo de guerras e de desastres naturais em busca de uma vida melhor”.