Imac concede licença para manejo florestal comunitário a duas associações no vale do Juruá

Objetivo é garantir matéria-prima para a indústria moveleira da região

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Produtores receberam licença para manejo florestal (Foto: Onofre Brito/Secom)

O Instituto do Meio Ambiente do Acre (IMAC) entregou nesta sexta-feira, licenças para duas associações de produtores rurais para o manejo florestal sustentável (PMFS), situadas nos municípios de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves, com um objetivo bem definido: fazer com que não falte matéria-prima, obtida de forma legal, para os moveleiros da região. A presidente do Imac, Cleísa Cartaxo, durante o ato de assinatura das licenças, reconheceu que a burocracia relativa a produtos florestais é severa, mas destacou que moveleiros e produtores do Vale do Juruá estão comprometidos com a sustentabilidade e participam ativamente junto com o IMAC na organização da cadeia produtiva.

O presidente da Sociedade Agrícola dos Produtores Rurais do ramal São Paulo (que fica situado no projeto de Assentamento Paraná dos Mouras), José Rodrigues da Silva, disse que sua associação participa pelo segundo ano seguido do plano de manejo. No ano passado, 11 produtores obtiveram a licença e neste ano o número subiu para 26. José Rodrigues acredita que a ação do IMAC vai aumentar a renda dos produtores e dos moveleiros. A outra associação beneficiada com as licenças de manejo foi a Associação de Produtores Rurais do Projeto Pedro Firmino.

A engenheira florestal, Clarise Farias, da Secretaria de Florestas (SEF), explica que o manejo é feito de acordo com o tamanho da área do produtor. A área é dividida em10 módulos e só é permitida a exploração de um módulo por ano.  De cada hectare do módulo pode ser retirada até 10 metros cúbicos de madeira. Segundo explicou, isto garante a sustentabilidade, pois quando terminar todas as áreas, a primeira já se regenerou e pode ter uma nova exploração. "A gente trabalha fomentando este manejo florestal comunitário. Por enquanto são duas associações, mas, quando aumentar a demanda, incluiremos novas associações", afirma.

Manejo é possível em pequenas propriedades

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Presidente do IMAC destacou que iniciativa mostra viabilidade do manejo para o pequeno produtor (Foto: Onofre Brito/Secom)

A presidente do IMAC conta que tem sido feito investimentos no setor da indústria moveleira em Cruzeiro do Sul, em trabalho que envolve o Governo do Estado, o Sebrae, a Associação de Moveleiros e Associações de Produtores Rurais, no sentido de fortalece este ramo empresarial. Segundo ela, a licença ora concedida é uma prova de que o manejo florestal é viável para o pequeno produtor; é uma forma alternativa de renda, de maneira que ele pode manter a floresta em pé e ao mesmo tempo obter renda. Assim, para sustentar sua família, ele tem uma alternativa aos roçados.

Cleísa destacou ainda que é possível uma economia sustentável com base florestal desde que se una as pontas da cadeia produtiva. "Temos assim o fornecimento de matéria-prima legal, de acordo com a legislação ambiental e temos a indústria que está processando esta matéria-prima também licenciada, também regularizada do ponto de vista ambiental. Isto é desenvolvimento sustentável. É fortalecer uma economia que respeita as questões ambientais e acima de tudo que traga benefícios à população".

Para a presidente, o primeiro passo está sendo dado, formando e organizando a cadeia produtiva e mostrando que este desenvolvimento é possível. "Agora é agregar cada vez mais produtores e pequenos empresários neste processo para fortalecer a economia da região", completou.

O presidente da Associação dos Moveleiros de Cruzeiro do Sul, João Evangelista de Farias Neto, considerou positivo o fato de o produtor poder trabalhar na sua reserva legal e ter assim uma renda alternativa. Disse que a associação dos moveleiros está buscando parcerias com as associações de produtores e que aumentou por conta própria o preço pago por metro cúbico de madeira, que teve o preço majorado de R$ 17 para R$ 50 o metro. "Com isso estamos incentivando os produtores na adesão ao manejo, para que usem sua área dentro da lei. Não importa se vamos pagar mais, o que queremos é matéria-prima para trabalhar", disse.

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