Governo se solidariza com seringueiros da Resex Chico Mendes

Seringueiros atingidos pela Operação Tatu Canastra, do ICMBio, pedem apoio

Seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes de Epitaciolândia e Brasileia estão acampados na porta do núcleo do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), na fronteira acreana. Eles protestam contra a forma arbitrária com que foi executada a Operação Tatu Canastra, realizada na resex esta semana e pedem, além de outras reivindicações, a suspensão imediata das multas aplicadas e a reconstrução das fornalhas de carvão destruídas.

Os seringueiros se reuniram na tarde desta quinta-feira, 12, no Centro Cultural de Brasileia, com lideranças da reserva, sindicatos rurais e os secretários de Meio Ambiente, Edegard de Deus, de Floresta, João Paulo Mastrângelo, e o presidente do Imac, Fernando Lima.

“Os seringueiros alegam que a operação aconteceu de forma arbitrária, desrespeitosa, e que os policiais federais que entraram acompanhando os fiscais do ICMBio portavam armas pesadas e assustaram os moradores. Eles apreenderam algumas sacas de carvão, algumas estacas, destruíram duas fornalhas, aplicaram três multas e 14 advertências”, explicou Edegard de Deus.

Durante a operação foram apreendidas algumas sacas de carvão, produzido na resex. A atividade não é considerada ilegal, desde que seja para subsistência, o que é o caso na reserva.

“Isso é uma incoerência. No passado, o Chico Mendes lutava contra os fazendeiros que oprimiam os seringueiros e queriam derrubar a floresta para fazer pasto. Não dá para conceber que um instituto que tem o nome do Chico Mendes oprima os seringueiros. O seringueiro é o mais interessado que a floresta fique em pé porque ele vive dela, é uma incoerência agir com truculência contra um povo que vive disso. É obvio que a legislação tem que ser respeitada, mas com coerência, participação, ouvindo os trabalhadores”, disse o presidente do Imac, Fernando Lima.

Sobre o carvão apreendido, Fernando explica que no Acre não há carvoarias e que o carvão produzido na reserva é utilizado no dia-a-dia dos seringueiros, para fazer a comida. “Eles não derrubam a floresta para fazer carvão, eles vivem da floresta em pé. Utilizam a madeira que já foi derrubada para fazer um roçado, por exemplo, transformam em carvão para fazer a comida, como disseram, e um ou outro saco que sobra eles levam para a cidade para ter um dinheiro para comprar outra coisa, isso é  aceitável, a lei tem que ser aplicada com bom senso. A quantidade apreendida foi ínfima – dois, três sacos de cada seringueiro”, disse.

A Resex Chico Mendes tem um milhão de hectares, abrange oito municípios e abriga uma população aproximada de dez mil pessoas. Na reunião com a equipe de governo e lideranças da reserva, os seringueiros pediram a revisão de todas as multas que foram aplicadas, suspensão imediata da operação, reconstrução das fornalhas destruídas e investimento imediato na produção e assistência técnica, em vez de operações como a que ocorreu. “Os seringueiros não são bandidos, são trabalhadores da floresta e têm uma história de luta pela preservação dela. Não temos governabilidade sobre a revisão das multas, mas vamos intervir junto ao governo federal para resolver a questão. O governador Tião Viana está solidário com os seringueiros e repudia toda e qualquer atitude dessa natureza com os trabalhadores da floresta. Isso é um desrespeito à memória de Chico e Wilson Pinheiro. A população da reserva pode ficar tranquila que será feito tudo para que isso não se repita mais”, disse Edegard de Deus.

Edegard ressalta que o operação e sua forma de execução foram uma ação isolada do ICMBio e que não representa a vontade nem do governador Tião Viana nem da presidente Dilma Rousseff ou da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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