Resultado do Pacto Agrário, unidade abaterá 7,5 mil frangos ao dia, o que supre em 50% a demanda do Acre
O governador Binho Marques inaugurou nesta quarta-feira, 2, o Complexo Agroindustrial de Brasiléia, projeto resultante do Pacto Agrário com investimentos de R$9,8 milhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Integração Nacional, do Tesouro Estadual e da Prefeitura de Brasiléia, parceira do projeto. Entregue oficialmente na véspera do aniversário de 98 anos de Brasiléia, o Complexo será administrado através de uma Parceria Público-Privada-Comunitária (PPPC), sendo que a empresa Acre Aves Alimentos Ltda detém a concessão de gestão com 94% das cotas do capital social e a Cooperativa de Produtores de Aves do Alto Acre (Agroaves), que reúne as comunidades de avicultores, é dona de 6%. A previsão é que cada família obtenha renda que varia de um salário mínimo a R$840 ao mês fornecendo frango para a Acre Aves.
Nesta fase, 132 famílias estão envolvidas na cadeia de produção de várias linhagens de frango, entre elas o Label Rouge de pescoço pelado, raça que em 42 dias está pronto para o abate com peso variando de 2,8 quilos (fêmeas) a 3,2 kg (machos). A previsão é que 7,5 mil aves sejam abatidas diariamente a partir da duas próximas semanas. Em três meses a contar da data de inauguração da unidade, a cadeia produtiva contará com 180 mil aves, o que garantirá o abate esperado para esta etapa do projeto. "Com 7,5 mil frangos abatidos ao dia estarem suprindo 50% da demanda do mercado acreano", disse Vander Luis Juliano, sócio-gerente da Acre Aves Alimentos Ltda.
O Complexo é composto do abatedouro de frangos que ocupa uma área de 1.900 metros quadrados no KM 12 da BR 317 e da fábrica de ração para aves, construída em uma área de 640 metros quadrados no KM 6 da mesma rodovia. O frigorífico conta com ambientes como abatedouro, vestiários, administração, Sistema de Inspeção Federal, dique, estação de tratamento de água, pátio de repouso, caldeira, lagoas, guarita e açude. A indústria de ração possui escritório, área de produção e armazenamento, sala de comando, banheiro de produção, área de descarga de produtos a granel, área de descarga de produtos em sacos, área de saída de ração pronta, casa de vigia, balança e recepção.
A unidade está gerando imediatamente 45 empregos diretos, número que deverá dobrar ao longo dos próximos meses com a intensificação do abate e da produção de ração. Atualmente, o consumo de milho, um dos mais importantes insumos da ração, demanda 2.280 hectares de terra, quantidade que deve ser multiplicada por dois até 2010. Nesta fase, a fábrica produz 6 toneladas de ração por hora mas sua capacidade é bem maior. "80% dos insumos da ração estão sendo adquiridos aqui mesmo no Acre", informou o empresário Vander Juliano. Assim sendo, o milho, a farinha de osso e o sebo estão sendo comprados no Estado. Suplementos, soja e sorgo são de outras regiões.
{xtypo_quote_right}Temos aqui uma estrutura que existe em poucos lugares do Brasil{/xtypo_quote_right}Com essa estrutura, o dono da Acre Aves diz que o projeto se constituirá numa das maiores avícolas com cadeia de produção de base familiar do Brasil. O projeto é coordenado pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof). "O que temos aqui é algo que fortalece a produção familiar", ressaltou Nilton Cosson, da Seaprof. O projeto está incluso no Pacto Agrário, que é o compromisso institucional de se investir substancialmente no desenvolvimento rural do Acre, utilizando-se de recursos obtidos através de emendas parlamentares e convênios com órgãos federais, estaduais e municipais.
O ato de inauguração contou com a presença de várias autoridades, produtores, empresários, lideranças políticas e comunitárias do Alto Acre. Além do descerramento da placa inaugural, a cerimônio teve assinatura do termo de transferência da unidade para a Acre Aves Alimentos Ltda, vencedora de uma licitação pública para escolher a empresa gestora.
Para Marques, produtores são a base do complexo
O governador Binho Marques discorreu acerca da complexidade do projeto, sugerindo que o trunfo da idéia é a produção familiar. "Os produtores são a base deste complexo", disse. O Complexo Agroindustrial de Brasiléia teve seu início no governo de Jorge Viana, período que recebeu investimentos de pouco mais de R$4 milhões. Na gestão de Binho Marques, o projeto recebeu R$4,6 milhões em recursos próprios e de agentes de fomento do Governo Federal e completou uma cadeia produtiva que envolve o Governo do Estado, a iniciativa privada e as famílias de agricultores, as quais estão inseridas em um processo de empoderamento comunitário numa Zona Especial de Desenvolvimento (ZED).
"Há trinta anos nós nos reuníamos para reclamar, lutar. Hoje, estamos na fase nós nos reunirmos para comemorar. "Temos aqui uma estrutura que existe em poucos lugares do Brasil", completou.
O que eles disseram
{xtypo_quote}É uma alegria ter um investimento desses em nosso Estado.
Rosildo Rodrigues, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia.{/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Os governantes fizeram a parte deles e agora é a vez dos produtores fazerem a deles. Este projeto é oportunidade de mais trabalho e mais renda para as famílias do Alto Acre
Juarez Coelho, avicultor do Pólo Agroflorestal de Brasiléia {/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Este empreendimento mostra a visão de futuro do nosso governo. Era o melhor presente que Brasiléia poderia receber em seu aniversário
Leila Galvão, prefeita de Brasiléia {/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Trabalhamos muito para que este projeto tornasse realidade e sonhamos com muito mais ainda
Delorgem Campos, deputado estadual{/xtypo_quote}
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ETAPAS PARA CONSOLIDAÇÃO DO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DE BRASILÉIA
1ª. fase do projeto – 2004
O programa foi criado para atender a estratégia de desenvolvimento econômico sustentável do Acre, com foco as atividades produtivas dos pólos agroflorestais, principalmente no Alto Acre. Inicialmente a fonte de financiamento foi do convênio entre o Governo do Acre e o Ministério da Integração Nacional (Convênio No. 084/2004 – valor de R$ 1,1 milhão, sendo R$ 750 mil para o frigorífico e R$ 350 mil para produção).
Objetivos: substituição de importação de frango caipira vivos de Rondônia; Agregar valor à produção agrícola; Diminuir o êxodo rural; Recuperar áreas degradadas; Gerar emprego e renda na regional do Alto Acre.
O projeto previa em sua concepção inicial o sistema de criação tradicional – e exclusivo de frangos caipiras – cada produtor teria em sua propriedade galinha, galo, ovo, pinto, engorda; Abate de 300 – 600 aves/dia – exclusivo de frango caipira – com sistema de inspeção estadual – comercialização local – Alto e Baixo Acre;
A ração utilizada seria artesanal, sem padronização entre as famílias – com emprego de muito milho a granel;
O empreendimento seria com Gestão direta dos produtores;
72 aviários com 500 aves cada – estrutura muito rústica.
O projeto era incompleto no aspecto sanitário, tecnológico, econômico.
Área cultivada com grãos necessária – 330ha
Renda média – R$ 150,00/mês
Com esse projeto foram comercializadas 13 mil aves pelas famílias de produtores, envolvendo três associações (pólos agroflorestais de Brasiléia, Xapuri e Epitaciolândia);
2ª. fase do projeto – 2005
Por decisão de governo, o projeto do abatedouro deveria ter inspeção federal, para possibilitar a exportação para Peru e Bolívia, bem como atender o mercado do Amazonas e Rondônia.
A orientação técnica foi possibilitada com a parceria celebrada entre o Governo, Embrapa Acre e Embrapa Suínos e Aves.
A estrutura de produção foi totalmente reformulada, sendo necessário que os produtores familiares realizassem apenas a engorda de frangos caipiras.
Verificou-se a necessidade de construção de uma fábrica de ração, atuação firme em sanidade animal, matrizeiro, central de incubação.
Uma nova fonte de financiamento foi delineada para a implantação da estrutura do abatedouro com SIF – BNDES Fase II – com investimentos de R$ 2,02 milhões em obras, equipamentos, veículos, instalações. Também foram alocados R$ 203 mil para uma fábrica de ração;
Definido que a gestão do empreendimento deveria ser realizada pela iniciativa privada com a participação dos produtores;
Frigorífico com previsão de abate de 2.500 frangos caipiras/dia;
3ª. fase do projeto – 2006
Definido que a escolha da empresa seria realizada por licitação pública por técnica e preço;
Busca de empresas a nível local e nacional para participar da licitação do empreendimento;
Realizada licitação, empresa com KNOW HOW selecionada;
Novo planejamento de produção realizada, agregação de tecnologia à produção, nova ampliação de máquinas e equipamentos no frigorífico com intuito de ampliação da capacidade de abate;
Pró-Florestania operando como fomentador de investimentos da produção junto aos produtores;
Ampliação do número de famílias envolvidas na produção – passando de 72 para 130 famílias;
Definido que a sobrevivência econômica do empreendimento só seria possível com a produção de frango branco em conjunto com o caipira;
Novos projetos de aviários com 3000 aves/cada – frango branco e 1.000 aves para caipira – 90 aviários com branco e 42 com caipira;
Constatado a complexidade de se implantar uma cadeia produtiva quase que completa com fomento do Estado. O governo possibilitou o suprimento de água nos pólos, manutenção de ramais, construção dos acessos entre o ramal e os aviários, terraplanagem do local de implantação dos aviários, disponibilidade elétrica nas propriedades e criação de lei sanitária para implantação do Programa Nacional de Sanidade Avícola;
Identificou novos produtores familiares que tinham interesse em criar frango e pudessem ser enquadrados nos critérios do Próflorestania
Nova meta de abate de 4.500 aves/dia
Renda familiar esperada de até R$ 350/mês;
Projetado a necessidade de 1.600 ha de grãos (milho) cultivados para suprir a demanda de 5.000t de ração/ano;
Novos investimentos alocados sendo:
• R$ 2 milhões para aviários – Pró-Florestania;
• R$ 700 mil fábrica de ração – Convênio No. 060/2006 – Ministério da Integração Nacional;
• R$ 1,3 milhão – BNDES – frigorífico, ração – máquinas, equipamentos e obras;
• R$ 700 mil Central de Incubação – Prefeitura de Brasiléia;
4ª. fase do projeto – a partir de 2007
Nova meta de abate diário inicial para 7.500 aves/dia;
Necessidade de 2.250ha de grãos cultivados – 8.100 t/ano ração;
Novos investimentos do BNDES e Recursos Próprios
Investimentos totais consolidados:
Frigorifico (Governo do Acre, BNDES e Ministério da Integração)
• Obras: R$ 2,5 milhões
• Equipamentos e instalações: R$ 1,8 milhões
Fábrica de ração (Governo do Acre, BNDES e Ministério da Integração)
• Obras: R$ 700 mil
• Equipamentos e instalações: R$ 560 mil
Central de Incubação – Prefeitura de Brasiléia
• Obras: R$ 400 mil
• Equipamentos e instalações: R$ 300 mil
Produção Aviários (Governo do Estado via Proflorestania)
• R$ 2,6 milhões
Outras despesas
• Asfaltamento frigorífico e ração: R$ 300 mil
• Terraplanagem: R$ 300mil
• Ramais:
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