Governo do Acre e Ministério da Saúde realizam capacitação sobre a brucelose humana

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), com o apoio do Ministério da Saúde (MS), promove nesta quarta e quinta-feira, 25 e 26, uma capacitação sobre a brucelose humana, uma doença silenciosa que chama a atenção dos sistemas de saúde de todo o mundo, mas ainda pouco conhecida, de difícil diagnóstico e, portanto, subnotificada.

Ao todo, 40 profissionais participam da capacitação. Foto: Odair Leal/Sesacre

A capacitação ocorre na sede do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Acre, em Rio Branco, e tem como público-alvo o corpo técnico da secretaria visando qualificá-lo quanto à investigação epidemiológica e sanitária adequada.

Alguns sintomas da brucelose humana são: febre, mal-estar, sudorese (noturna e profusa), calafrios, fraqueza, cansaço, perda de peso e dores (de cabeça, articulares, musculares, no abdômen e nas costas). Por serem sintomas similares a outras doenças, o diagnóstico pode ser impreciso, o que resulta no trato do paciente como outras doenças ou febre de origem desconhecida. Por outro lado, a doença também pode provocar sintomas inespecíficos ou gerar uma infecção sem sintomas nos pacientes.

Em geral, o público mais suscetível a contrair a infecção são os trabalhadores rurais como vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais, produtores de carne, leite e queijo.

Brucelose humana é uma zoonose emergente e, por isso, precisa de uma atenção especial, reforçou Victor Matos, coordenador do Núcleo de Zoonoses da Sesacre. Foto: Odair Leal/Sesacre

O médico veterinário Victor Matos, coordenador do Núcleo de Zoonoses da Sesacre, esclarece que devido às características da doença, a brucelose humana não é notificada no Acre, embora haja indícios que corroborem para a existência da doença.

“No Sinam [Sistema Nacional de Atendimento Médico] é como se não tivéssemos nenhum caso, mas a gente sabe que tem brucelose humana no Acre porque essa é uma zoonose emergente e, por isso, precisa de uma atenção especial, apesar de ser um patôgeno muito antigo, especialmente em relação à saúde do trabalhador e das pessoas que atuam na vacinação e frigoríficos, pessoas que trabalham com rebanho bovino”, pondera ele.

Tendo em vista esse desafio, melhorar o protocolo de diagnóstico e garantir que a doença seja notificada para nortear ações preventivas e de tratamento é o principal objetivo da capacitação.

Rejane Santos é auditora fiscal federal agropecuária do Ministério da Agricultura e participou da qualificação. Foto: Odair Leal/Sesacre

Rejane Santos, auditora fiscal federal agropecuária do Ministério da Agricultura, foi uma das participantes. Ela destaca a importância do debate sobre a doença e da atenção especial aos trabalhadores rurais.

“Como a brucelose é uma enfermidade muito antiga, nós nos preocupamos principalmente com nossos colegas que trabalham junto aos frigoríficos e nos matadouros, porque aí é que está acontecendo a infecção. (…) Quando trabalhamos com a brucelose, não estamos  distanciando da saúde única. E, tanto a brucelose animal quanto a humana estão intimamente ligadas, principalmente quando o ser humano insiste em tomar um leite in natura, algo que não podemos permitir, pois tem que ser um leite pasteurizado para o ser humano consumir”, destaca.

A auditora acrescenta, ainda: “Até mesmo o queijo, que as pessoas continuam produzindo com leite que não é pasteurizado, é um perigo. Tem muito risco, então, no momento em que estamos aqui com um profissional do Ministério da Saúde que a Sesacre trouxe para melhorar o nosso entendimento, enriquecemos mais os nossos conhecimentos”, finaliza.

“A brucelose é uma zoonose emergente e considerada uma das doenças mais negligenciadas do mundo”, ressaltou Marcelo Daniel Bourdette, colaborador do Ministério da Saúde. Foto: Odair Leal/Sesacre

Marcelo Daniel Bourdette, colaborador do Ministério da Saúde, membro do GT – Saude Única e doutor em Ciências Ambientais, foi um dos palestrantes. “A brucelose é uma zoonose emergente e é considerada uma das doenças mais negligenciadas do mundo. É salutar o esforço conjunto da Secretaria Estadual de Saúde e o do Ministério da Saúde em prol de aumentar a sensibilidade na detecção e notificação destes casos”, pontuou.

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