O governo do Estado, por meio do Instituto Socioeducativo (ISE), disponibilizou 38 vagas em cursos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para a Associação de Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos (Apadeq) e a comunidade. O encerramento dos cursos de Marchetaria e Pintor, com carga horária de 160 horas cada, foi neste domingo, 20.
A capacitação surgiu de uma parceria. De um lado havia o ISE com adolescentes necessitando de tratamento contra a dependência química, do outro a Apadeq com escassez de cursos profissionalizantes. Unidas, as instituições firmaram acordo e ambos os problemas foram resolvidos, explica o presidente do ISE, Henrique Corinto.
“A Apadeq é uma parceira de primeira hora e sempre recebeu os socioeducandos em relação ao tratamento da drogadicção. Agora chegou a hora de dar contrapartida e estender os cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, o Pronatec, disponíveis para o sistema socioeducativo, para esses parceiros também. Os nossos adolescentes que receberam aquisição aqui junto aos internos estão com uma nova perspectiva, pois além da disposição de sair das drogas, agora eles têm um nível mínimo de profissionalização, que já é um começo”, afirma.
Segundo o presidente da Apadeq, Antônio Balica, em alguns casos o envolvimento com a droga surge devido à ociosidade, por isso é tão fundamental estimular os internos a se capacitarem profissionalmente. “Há muito tempo a Apadeq almeja esses cursos, como uma parte da reabilitação social. Agora nós conseguimos com o Instituto Socioeducativo essa parceria tão importante. Isso significa aprendizagem para os meninos, expectativa de vida e um futuro promissor. Aqui, nós estamos dando as ferramentas, mas lá fora eles que precisam colocar em prática”, aponta.
Apadeq – Criada no dia 5 de abril de 1995, a associação surgiu com a proposta de oferecer tratamento aos dependentes químicos de forma gratuita. Atualmente, cerca de 30 internos são atendidos pelo centro masculino.
Um dia de cada vez
O interno da Apadeq Jocivaldo Franco, 23, passou 14 anos da vida no mundo das drogas, ou, como ele prefere chamar, “no maligno”. Chegou inclusive a ser preso e cumprir um ano e seis meses privado de liberdade. Para sair dessa situação, ele reuniu muita força de vontade, revela. “Tive amor por mim mesmo e também pela minha família. Tenho uma filha de dois anos de idade, e pensar nela me dá forças. Para estar aqui limpo, eu vivo um dia de cada vez. A programação funciona com o dizer ‘só por hoje’. Todas as noites eu paro e penso se errei com alguém e peço perdão, atitudes que não faziam parte de mim antes”, relata.
Jocivaldo destaca o valor da ajuda do governo e da Apadeq para a reabilitação. “Com a parceria dessas instituições, eu passo a ser visto de outro modo pelas pessoas. Hoje as minhas mãos trabalham para a sociedade”, declara.
Com o certificado nas mãos, o interno faz planos sobre o futuro profissional. “Ao sair daqui vou agilizar o que aprendi nos dois cursos. Moro no mesmo bairro do professor de marchetaria e contarei com o apoio dele para continuar a qualificação. Também já tenho um serviço de pintor me aguardando”, afirma.
