Por Catarina Valente de Freitas
Seguindo a lógica vigente que trata da importância da Gestão de Pessoas e levando-se em consideração a realidade da Gestão Pública no Estado do Acre, foi publicado em 7 de abril de 2021 o Edital de Cadastro de Instrutores, com vistas a selecionar servidores para formarem outros, observando-se a expertize de suas respectivas áreas de conhecimento, representando, a meu ver, um momento histórico salutar no contexto da gestão, razão pela qual fui impelida a escrever essas breves linhas que tratam de minha experiência enquanto servidora mediadora dos cursos de Gerenciamento de Conflitos e Desenvolvimento de Competências Gerenciais e Liderança.
Analisando o edital, me identifiquei de pronto com essas duas áreas e busquei ferramentas para trabalhá-las da melhor forma possível, somando com os objetivos estratégicos do Estado no sentido de possibilitar ferramentas para o melhor desenvolvimento das atividades funcionais e, com isso, melhorar a prestação do serviço público por meio do acesso à informação e ao pertencimento enquanto agente transformador das realidades postas em cada órgão.
Na execução dos cursos Gerenciamento de Conflitos e Desenvolvimento de Competências Gerenciais e Liderança tive a oportunidade de crescer enquanto pessoa e profissional, entendendo que as condições de trabalho não são iguais para todos e, ainda, mensurar o quanto os servidores, especialmente os do interior do estado, necessitam deste tipo de ação. Pude observar o sentimento de gratidão e entusiasmo pelo aprendizado proposto, a abertura a discussões contextualizadas e a vontade de colocar em prática o conteúdo aprendido.
Foi perceptível o fato de que o processo de valorização e reconhecimento dos servidores perpassa a questão financeira e “esse olhar” do governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, à época, possibilitando aos servidores um processo de ensino aprendizagem, corrobora com o pensamento de Chiavenato (ano 2009, p. 389) quando diz que: “esse processo envolve a transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho, atitudes diante de aspectos da organização, da tarefa e do ambiente, e pode envolver desenvolvimento de habilidades e competências”.
Exatamente a impressão que me marcou nos cursos: pessoas se desenvolvendo, se manifestando, se descobrindo enquanto servidores que podem e querem fazer a diferença nos órgãos onde estão lotados e isso é muito gratificante, empolgante, desafiador. Enxergar o desenvolvimento de habilidades e competências nos remete à ideia de pensar as pessoas certas nos lugares certos.
Uma coisa clara foi também a percepção da necessidade latente de se pensar seriamente em trabalhar mais a questão comportamental dentro das estruturas dos órgãos públicos porque, afinal de contas, como nos desenvolveremos enquanto servidores se nosso comportamento, às vezes, impede uma convivência saudável no ambiente de trabalho?
Dentro do contexto da gestão pública, não somos ilhas e o desenvolvimento de habilidades interpessoais impacta significativamente o sucesso das equipes de trabalho. Habilidades como ter uma boa comunicação, saber ouvir, saber questionar, saber analisar, ser empático e educado, saber negociar, ser solucionador de problemas, ser proativo, ser responsável e ter uma visão sistêmica contribuirão para o sucesso ou fracasso daquilo que nos propomos enquanto servidores públicos.
Qual dos leitores nunca se deparou com uma situação onde a pessoa detentora do conhecimento não conseguia se fazer entender? Quantas vezes você servidor não apresentou uma excelente ideia que melhoraria o fluxo de trabalho e não foi ouvido? Quantas vezes, diante de um momento caótico de sua história de vida, não recebeu da equipe de trabalho empatia, acolhimento, compreensão?
Como seres humanos que somos temos necessidades básicas, e no serviço público essas necessidades também precisam ser supridas sem, contudo, deixar de se considerar a importância do interesse público.
Um dos eixos trabalhados nos cursos foi a questão da liderança. Como temos líderes servidores espalhados nos locais onde tive a oportunidade de estar! Líderes natos e líderes que, através do conhecimento e ferramentas de gestão, se desenvolveram e dão show em suas áreas de atuação, fazendo com que o corpo de servidores ofereça ao Estado, de forma espontânea, uma performance digna de aplausos.
Aplausos para todos que de forma direta e indireta trabalharam para que essa realidade ocorresse nos anos de 2021 e 2022 e mais aplausos para aqueles que já estão aprimorando seus conhecimentos para a nova missão proposta pela Secretaria de Estado de Administração (Sead) para o ano de 2023.
Como abordei a questão do comportamento, aproveito para trazer à baila um tema atual e que será trabalhado esse ano: comportamento organizacional – campo de estudo voltado aos indivíduos e equipes que atuam nas organizações, sendo que estas estão em um ambiente dinâmico, mutável e competitivo – uma clara referência ao processo interativo que perpassa as relações e influencia o comportamento dentro do mundo do trabalho.
E assim, nesse processo contínuo de busca por oferecer ao público interno e externo um serviço melhor, seguimos como bem dizia Leonardo da Vinci: “Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.”
Catarina Valente de Freitas, Gestora de Políticas Públicas, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, lotada na Fundação de Cultura Elias Mansour – FEM.
