Os primeiros registros da identificação dos geoglifos na Amazônia datam de 1977. Com o passar dos anos e a retirada da vegetação, foi possível localizar pelo menos 520 desenhos geométricos em território acreano.
Os desenhos no solo, alguns com até quatro metros de profundidade, têm várias formas – círculos, quadrados, elipses e outros em “U”. Alguns estudiosos acreditam que tribos indígenas realizaram as escavações entre os anos 3.000 a.C. e 1.000 d.C.
Várias teorias foram apontadas para a formação dos geoglifos. Algumas já até descartadas, como a de que os espaços poderiam ter sido utilizados para proteção ou moradia dos grupos.
Em recente estudo, publicado na revista acadêmica American Anthropologist, pesquisadores da Universidade de Helsinki, da Finlândia, e da Universidade de São Paulo (USP) apontaram que os geoglifos podem ter sido utilizados como espaço para comunicação espiritual e outros rituais.
Turismo místico
Os geoglifos colocam o Acre em uma rota especial. O Plano de Desenvolvimento Estratégico do Turismo apontou que questões ligadas ao misticismo precisam ser melhor trabalhadas como modelos de destino, a exemplo do Peru.
O estado tem características similares ao país vizinho, como os festivais indígenas, uma religião tipicamente acreana e os geoglifos. Os desenhos são similares aos encontrados na região de Nazca.
“Nós temos no Acre várias operadoras que comercializam visitas aos geoglifos. Os turistas podem visitar até sobrevoar os sítios arqueológicos em aeronaves ou balões. O voo de balão daqui é considerado por uma empresa aérea de renome internacional o quarto melhor para se fazer no mundo”, destacou Rachel Moreira, secretária de Estado de Turismo e Lazer (Setul).
A Setul planeja para o segundo semestre de 2017 uma exposição fotográfica sobre os geoglifos. O trabalho será apresentado nas escolas e no Congresso Nacional.
Estudos no Acre
Em recente atividade realizada com guias turísticos, professores alunos da Universidade Federal do Acre (Ufac) a doutora em Arqueologia Ivandra Rampanelli visitou um dos sítios arqueológicos, uma propriedade localizada às margens da BR-317, a 45 quilômetros da capital.
A ideia é instruir todos os envolvidos nesse processo de identificação, catalogação, e preservação sobre a necessidade da exploração consciente desse patrimônio histórico.
“Essas não são marcas da natureza, pois são estruturas perfeitas. Quadrados dentro de círculos, de triângulos, de outros quadrados. São várias formas feitas pelo homem pré-colombiano”, disse Ivandra.
A pesquisadora lembra que há muita gente interessada em desvendar os segredos que rodeiam os geoglifos, mas que até hoje nenhum dos conceitos apresentados pode ser encarado como o correto.
A arqueóloga esclarece que o Acre pode dar um salto gigantesco caso o potencial econômico seja reconhecido e alguns grupos já atuam nesse sentido.
“Nós temos um grupo de pesquisa que estuda os geoglifos desde 2005. Esses grupos precisam ser fortalecidos e as diversas linhas de estudo devem ser investigadas. Essas atividades só trazem ganhos para a arqueologia do Acre”, afirmou.