Estudo vai revelar a variação das temperaturas em áreas desmatadas e preservadas
A diferença de temperatura em uma área com árvores para outra sem cobertura vegetal pode chegar a mais de 13 graus centígrados . O que já era de conhecimento teórico, agora é provado cientificamente por meio de uma experiência desenvolvida na Fundação de Tecnologia do Acre, Funtac. O experimento começou em maio passado e terá duração de um ano com um investimento de R$ 35 mil.
O projeto é simples: na sede da Funtac foi demarcada uma área sem nenhuma cobertura vegetal e outra com apenas uma árvore. Sensores instalados a profundidades que variam entre um metro e dois centímetros enviam dados para duas centrais de medição de temperatura. Com os dados será possível quantificar em quanto é ampliada a temperatura da superfície devido a retirada da vegetação, qual será o aumento da temperatura média anual sem a cobertura vegetal e as conseqüências futuras para a qualidade de vida na Amazônia. "Vamos saber de que forma a variação da radiação solar interfere no solo, a influência disso na precipitação pluviométrica, umidade solo, enfim, todos as parâmetros, de comportamento da propagação das ondas térmicas e variação do solo de acordo com a da intensidade da temperatura", explica Roberto Matias, geólogo responsável pelo projeto .
Roberto relata que na área descoberta, a temperatura chega a quase 40 graus, o que interfere na sub superfície e na superfície, com relação, por exemplo, a umidade do solo e a quantidade de nutrientes. "Nossa experiência é com a cobertura de apenas uma árvore. Imagine essa variação de temperatura em escala de floresta".
A experiência pioneira no Acre pode servir como subsídio para agricultura e outras atividades econômicas como os planos de manejo madeireiros. "A partir do conhecimento da temperatura podemos saber de que forma isso vai influenciar na formação dos micro organismos responsáveis pela recuperação , e de que forma isso deve ser feito. Na Amazônia já temos pequenos desertos, que podemos evitar no Acre", explica. Com relação aos planos de manejo madeireiro, Matias, diz que a experiência pode ser aplicada para determinar se o grau de intensidade do manejo é adequado.
A interferência dos raios solares a que as pessoas são submetidas também faz parte do estudo. E ao final do experimento, a Funtac vai publicar um livro com linguagem acessível ao público leigo. "Sempre soubemos que o desmatamento é prejudicial á natureza e ao home, mas agora, mensuramos isso cientificamente. Ao final do estudo poderá se provar então que o desmatamento resulta no aumento das temperaturas na superfície e sub superfície do solo, o que interfere em quase todas as atividades humanas. Então as campanhas de conscientização da preservação das árvores terão mais embasamento", avalia o geólogo.
Roberto Matias lembra que estudos nesse sentido da Universidade Federal do Amazonas, já subsidiam políticas públicas para a Amazônia. "Lá pesquisa já é utilizada na busca de lençóis freático e no estudo de minerais e elementos químicos radioativos".