O ano era o de 2012. A estudante Acrislene Maria Moraes do Vino, de 42 anos, natural de Rio Branco e moradora de uma pequena chácara, a quatro quilômetros da Vila Campinas, na BR-364, já não sabia mais o que fazer para elaborar seus trabalhos de conclusão da Faculdade de Pedagogia, da Unopar.
Meses antes, já havia tentado usar a internet oferecida por duas operadoras de telefonia. Mesmo pagando em média R$ 110,00 por mês, as conexões, no entanto, eram ruins e os sinais das operadoras sofriam quedas constantes.
Foi aí que Acrislene ouviu o conselho da amiga Rocilda, professora da escola São Luiz Gonzaga, de Vila Campina, para procurar a “internet do governo” porque ela estava ajudando a vida acadêmica de vários estudantes da vila, situada a 60 km de Rio Branco. “Minha amiga me falou do serviço gratuito oferecido pelo governo. Fui até a biblioteca, fiz meu cadastro, comprei a antena e até hoje uso a internet gratuita do Floresta”, diz.
A história de Acrislene é muito parecida com a de milhares de outros estudantes do ensino superior e fundamental de 18 dos 22 municípios do Acre que hoje usam a internet gratuita oferecida pelo programa Floresta Digital, do governo Tião Viana, para melhorarem seus desempenhos acadêmicos.
Segundo Acrislene, o sucesso do Floresta Digital foi tão grande que ela resolveu continuar os estudos e fazer pós-graduação à distância. Para continuar estudando, ela necessitava de uma internet para auxiliar em suas pesquisas e encaminhar trabalhos de sua pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica.
“Fiz minha pós-graduação à distância via internet. E o Floresta Digital foi essencial para o meu sucesso”, assinala Acrislene, lembrando que a única internet que pegava em sua chácara era a do programa do governo. Outro benefício que a internet lhe proporcionou foi o curso “Pró-funcionário”, presencial e à distância, com duração de dois anos, ministrado pelo Instituto Dom Moacyr. O curso forma funcionários em habilitação compatível com a atividade que exerce na escola.
Trabalhando atualmente como coordenadora administrativa na escola pública Maria José Bezerra dos Reis, de Senador Guiomard, Acrislene Maria destaca que a rede mundial de computadores, oferecida gratuitamente pelo governo acreano, também foi responsável pelos muitos benefícios que obteve na sua vida depois de formada.
Casada com o agricultor Marcos Minori Yokumida, mãe de três filhos, dois deles gêmeos de oito anos, e considerada funcionária exemplar pela direção da sua escola, a pedagoga se sente realizada como profissional e cidadã. Junto com o marido, ela está ampliando sua casa e construindo outra em alvenaria, ao lado.
“Vivo bem com minha família porque levei a sério os meus estudos e porque fui ajudada na minha vida acadêmica por um programa digital do governo que, além de ser gratuito, era o único que possibilitava chegar a internet com qualidade em minha casa”, conclui Acrislene Maria.
Estado presente no mundo virtual
O programa Floresta Digital, que facilitou a vida da estudante e hoje administradora escolar Acrislene Maria, foi criado no governo Binho Marques, o terceiro comandado pela Frente Popular no Acre, após os dois governos de Jorge Viana.
Já atendendo em Rio Branco e nos municípios de Senador Guiomard e Bujari com potência de 1 gigabit por segundo, e em outros 15 municípios acreanos, em potência menor, o Floresta Digital conta hoje com um público cadastrado de mais de 67 mil usuários ativos, além de conectar 476 órgãos, ter 238 pontos de acesso entre bibliotecas, praças, hotspots e 30 telecentros.
Em ampla reportagem que fez em janeiro sobre o programa acreano, que considerou “vanguarda de inclusão digital” no país, a revista Planeta assinala que ele “é a prova de que, além de contar com políticas de vanguarda na conservação florestal, o Acre está mais presente no mundo virtual do que muitas áreas metropolitanas do país”.
Segundo a revista, além de franquear a utilização de celulares, laptops e tablets em áreas próximas aos pontos emissores do sinal, o maior diferencial da rede do Floresta Digital é que qualquer um pode instalar uma antena para captar o sinal em sua própria casa, escritório ou loja.
“Outros Estados, como Ceará e Pará, também têm projetos de inclusão social, mas restringem o acesso à internet a pontos específicos como telecentros, escolas, bibliotecas, praças públicas e orla marítima ou fluvial”, destaca a publicação.
Ao falar à revista, Carlos Rebello, coordenador de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) do governo Tião Viana, assinala que quando se trata da região Norte do país, há escassez de serviços de iniciativa privada. “Se o Estado não desenvolvesse um programa como esse, as pessoas ficariam reféns de uma internet cara e de baixa qualidade”, destaca Rebello.