A Fundação Elias Mansour, através de seu Departamento de Patrimônio Histórico, está fazendo um levantamento histórico e cultural da farinha em Cruzeiro do Sul e adjacências. A historiadora da FEM, Irineida Nobre, e a fotógrafa Talita Oliveira estão desde o mês de maio percorrendo as principais comunidades produtoras de farinha na região, conversando com as pessoas e fazendo o registro fotográfico das atividades.
A pesquisa foi planejada depois de uma solicitação da Secretaria da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), que trabalha no processo de Indicação Geográfica (IG) da cadeia produtiva da farinha de Cruzeiro do Sul. A IG é um instrumento de promoção cultural e comercial de produtos em que a qualidade, a reputação ou outras características devem-se basicamente à origem geográfica.
O levantamento histórico e cultural é um dos requisitos exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para fazer o depósito do pedido de registro de IG. Para a historiadora Irineida, a pesquisa tem sua importância no âmbito da FEM, pois o registro desses saberes contribui para que eles não se percam e que possam ter continuidade. Por outro lado, ela avalia que é muito importante do ponto de vista econômico, pois a obtenção do selo do IG vai garantir que outras comunidades não utilizem o nome da farinha de Cruzeiro do Sul e que o produto assim nominado seja comercializado somente com um padrão de qualidade.
Assim que o trabalho estiver terminado, no mês de setembro, a FEM pretende promover em Cruzeiro do Sul um seminário congregando os produtores rurais, ocasião em que serão apresentados os dados obtidos. No evento haverá uma exposição fotográfica mostrando o cotidiano dos produtores de farinha.
O levantamento está sendo feito, além de Cruzeiro do Sul, em Mâncio Lima e Rodrigues Alves, pois muita farinha que leva o nome ‘de Cruzeiro do Sul’ é proveniente também dos dois municípios vizinhos.
Investindo na farinha
O governo do Estado já investiu próximo de R$ 2 milhões na Central de Cooperativas do Juruá, visando o fortalecimento da cadeia produtiva de feijão, farinha e outros produtos agrícolas. Com incentivo da Sedens, três cooperativas se reuniram e formaram a Central: a Camprucsul (Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Rurais de Cruzeiro do Sul), a Cooperfarinha, de Cruzeiro do Sul, e a Coopersonhos, de Marechal Thaumaturgo.
Em Cruzeiro do Sul, o governo reformou a sede da Camprucsul – que agora também é o espaço onde funciona a Central – e recuperou parte do armazém da Cageacre, que foi doado para a Central, bem como do maquinário lá existente. Um dos objetivos principais da formação da central é possibilitar que os produtores tenham um canal de negociação direta com o governo e possam participar, por exemplo, do pregão para a merenda escolar. A central, que só comprava e comercializava feijão e farinha, já ampliou para outros produtos.