Espetáculo teatral emociona novos servidores do Iapen

Bizarrus é montado a partir de histórias de presos e ex-apenados do presídio Urso Branco, de Rondônia

 

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Espetáculo descreve a trajetória de cada um do ex apenados e emociona o público (Foto Gleilson Miranda)

 

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O acreano Willes Costa que cumpriu 4 anos por tráfico de drogas volta a cidade que nasceu agora como ator e diretor do espetáculo teatral. (Foto Gleilson Miranda)

O terceiro dia do curso de formação dos servidores efetivos do Iapen foi marcado pela emoção e pelo impacto de ver durante 45 minutos no palco ex-detentos da penitenciária Urso Branco, de Rondônia, narrando suas próprias histórias no espetáculo Bizarrus. Os treze integrantes do grupo Sem Nexo Complexo deixam uma forte marca no público sobre a dura realidade de uma  das unidades de recuperação mais violentas do país.

A peça é resultado da iniciativa da ONG Associação Cultural para o Desenvolvimento do Apenado (Acuda), que promove ações de ressocialização como oficinas de artes, massoterapia, reiki, teatro, dança e meditação envolvendo não só o reeducando como a família. Do grupo Sem Nexo Complexo, apenas um ainda cumpre pena. O trabalho da Acuda é refletido no índice zero de reincidência para os apenados que participam do projeto. Em Rondônia, 80% dos detentos voltam ao presídio depois terminada a pena.

A juíza da Vara de Execuções Penais do Acre Maha Kouzi Manasfi foi quem intermediou a vinda do grupo para a apresentação no Estado. A realização do Governo do Estado procura promover a discussão e abertura do diálogo em torno das inúmeras possibilidades de ressocialização dos detentos. "Os reeducandos que cometeram um crime vão cumprir a pena. Estamos aqui para tornar a pena desses reeducandos mais amena", disse a juíza. No final do espetáculo uma surpresa. Um dos atores, ex-detento, anuncia sua aprovação no concurso para agente penitenciário em Rondônia. "Agora vou estar do outro lado. Estive lá, cumpri pena e sei que posso ajudar aquelas pessoas com o que aprendi", avalia Alessandro.

Preso em Rondônia por tráfico de drogas, Willes Costa cumpriu 4 anos na Urso Branco. Nascido em Rio Branco, no bairro do Bosque, ele faz questão de afirmar que a droga é o núcleo de todos os crimes. Hoje, como diretor e ator da peça, de volta ao Estado depois de seis anos, ele se sente orgulhoso de vir contar sua história para os acreanos. "Quero dizer que há uma luz no fim do túnel de todo ser humano. Se a nossa mensagem puder ajudar uma pessoa nesta platéia hoje já estamos satisfeitos".

Público especial – Os projetos do grupo incluem a formação de um público especial: crianças e adolescentes. A idéia é levar até as escolas o espetáculo para conscientizar sobre o perigo iminente do envolvimento com as drogas. Pesquisa realizada na Urso Branco revela que a média de idade dos presos é de 20 anos e a maioria cursou até a 5ª série. "São os filhos do garimpo", analisa um dos diretores da ONG Acuda, Adílson Carlos que se emociona a cada apresentação do grupo. Segundo informações da Acuda, cerca de 100 crianças e adolescentes já assistiram ao espetáculo.

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