Entre poemas, jograis, contos de fadas e de assombração, pais e estudantes da Escola Estadual João Paulo I, localizada no bairro João Eduardo, passaram a tarde desta sexta-feira, 13. Era o encerramento da segunda etapa do projeto de leitura Viajando pelas Histórias Infantis, desenvolvido durante o segundo semestre letivo na escola.
“O sentimento hoje é o de dever cumprido, ver essas crianças se desenvolvendo, fazendo essas belíssimas apresentações. Só me enche de orgulho também pelo trabalho de cada professor e muito agradecido a cada familiar por confiar e enviar seus filhos todos os dias à escola pra que possamos ter esse resultado”, destaca o professor Davi Pinheiro, gestor da escola.
A João Paulo I trabalha exclusivamente com os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). São mais de 20 turmas, nos dois turnos. Ao longo do semestre, uma vez por semana, um tempo era dedicado à leitura, seja o manuseio livre de livros, estudo sobre os autores, dentre outras atividades.
O resultado foi a produção de livros, poemas, histórias em quadrinhos, tudo feito pelos próprios alunos, apresentações musicais e dramatizações, sob os olhares atentos e emocionados de quem estava presente.
A arte para o equilíbrio
Durante o semestre, a Escola João Paulo I contou também com uma ação desenvolvida pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), que é o atendimento por parte da equipe de psicólogos do Núcleo de Apoio à Psicologia Escolar e Educacional.
A partir da identificação de situações envolvendo a saúde mental e comportamental de estudantes, o gestor envia solicitação ao Departamento de Formação e Assistência Educacional da SEE, ao qual o núcleo é vinculado e, mediante cronograma, a equipe vai à escola para levantamento e planejamento do trabalho a ser realizado conforme os casos encontrados.
Um deles foi o de Yohanna Vitória, aluna do 5º ano. Ela apresentava episódios de tristeza constantes e sem motivo aparente, isolamento e comportamento por vezes agressivo. Segundo Floriza Sobralino, uma das psicólogas que atuou na escola, durante os encontros logo foram identificados o talento e o interesse da estudante para a arte, especialmente o desenho e a pintura.
“A pintura, o desenho, ajudam muito na concentração, foco, planejamento, além de podermos trabalhar bastante a questão das emoções, sentimentos, da relação consigo mesmo e com os outros. E foi utilizando esse recurso que nós conseguimos nos aproximar e ajudar a Yohanna a entender o que estava acontecendo e a como lidar com isso”, conta a psicóloga.
Os resultados foram tão positivos e além do que foi planejado que a estudante ganhou destaque especial durante o evento expondo suas pinturas e falando sobre como se sente depois do trabalho realizado.
“Eu me sentia muito abalada, confusa com tantos sentimentos e as psicólogas me deram a ideia de fazer as telas. Elas disseram que, se eu fizesse as pinturas, eu ia conseguir esvaziar um pouco de tudo aquilo. E foi verdade, foi muito legal. Quando estou desenhando ou pintando, já sinto um alívio porque eu paro de pensar em tudo. Penso só no que tô fazendo”, conta Yohanna.
O envolvimento da família é outro fator essencial para o sucesso do trabalho. Yan Dimas Cordeiro, pai da aluna, estava lá, orgulhoso e feliz ao ver tanto a mudança no comportamento, quanto o sorriso e o brilho nos olhos da filha. “Eu tenho muito orgulho de quem ela está se tornando. É maravilhoso. Tudo que ela faz é lindo. Eu e a mãe dela fazemos tudo o que podemos pra incentivar”.
Para o gestor da escola, “esse trabalho é de extrema importância porque alguns alunos têm dificuldades bem graves e no final temos belíssimos trabalhos como esses da Yohanna. Enriquece o que a gente já faz na escola e eu só tenho a agradecer”, afirma Pinheiro.