Mais de 12 mil equipes se inscreveram na competição
A Escola Estadual Craveiro Costa, em Cruzeiro do Sul, funcionou no centro da cidade de 1957 a 2008. Como suas instalações se tornaram pequenas, o governo do Estado mudou a escola para o bairro do Remanso, onde construiu uma escola modelo com amplas instalações. A região onde está situada agora é formada por bairros carentes e a intenção da área educacional do governo foi justamente fazer com que a escola promovesse a integração entre os moradores, o crescimento da autoestima e a elevação do nível de escolaridade.
A escola foi vice-campeã nacional de futsal masculino em 2009. Em 2010 foi campeã estadual de fanfarra e teve um dos dois únicos alunos do Estado e da Região Norte campeão da Olimpíada de Língua Portuguesa promovida pelo Ministério da Educação e pela Fundação Itaú Social. A competição teve participação de mais de sete milhões de alunos em todo o país. E agora, a mais recente conquista: a Escola tem as duas únicas equipes acreanas classificadas na 3ª edição da Olimpíada Nacional de História do Brasil, que é promovida em todo o país pela Unicamp.
A Olimpíada de História teve inscrição de mais de 12 mil equipes em todo o Brasil. Classificaram-se para a final, que vai ocorrer no próximo dia 15 de outubro, 300 equipes, entre elas as duas participantes do Craveiro Costa – uma delas, denominada ‘Acreanas’, formada pelas estudantes Aline Querolaine Lima Costa, Ariane Martins e Patrícia Negreiros, e a equipe ‘Aquiry’ formada pelos estudantes Wilian Costa Araújo, Gustavo da Costa Silva e Alex Uiliam Almeida de Alencar.
Muito esforço
A participação dos alunos foi até certo ponto exaustiva. Começando em agosto, o concurso teve cinco fases, cada uma delas durando uma semana, e tudo feito de maneira online. Os alunos classificados são unânimes: uma das principais razões de seu sucesso está no esforço da professora Blenda Cunha, que incentivou a inscrição na olimpíada e acompanhou e orientou o desempenho em todas as fases “pegando no pé mesmo”, segundo o aluno classificado Gustavo da Costa Silva.
Gustavo está cursando o 2º ano do ensino médio. Desde pequeno se interessa por história e geografia e já trabalha na área de informática prestando assessoria até nos municípios vizinhos, o que faz com que em alguns dias ele não tenha hora para chegar a casa. Por isso, foi difícil enfrentar as cinco fases da olimpíada. "Mas a professora cobrava muito", disse.
Ele considera a classificação das duas equipes mais uma grande vitória de sua escola, que ele não cansa de elogiar: “Falam muito de nossa escola, mas o que vejo aqui é um ambiente aconchegante, o relacionamento entre professor e aluno é quase familiar. O dia-a-dia aqui é muito gostoso, é bom demais estudar aqui”.
O aluno Alex Uiliam Almeida de Alencar disse que se sente recompensado pelo esforço e luta. “É a primeira vez que participo de uma olimpíada. Essa conquista é importante para nossa escola e traz um incentivo para que todos que estudam aqui se esforcem cada vez mais, pois tudo que pensarmos conseguiremos se nos dedicarmos. Gosto de História. Pretendo fazer Direito e me aprofundar cada vez mais, adquirir conhecimentos”.
Entre as 40 melhores do país
Os jovens das duas equipes viajam para São Paulo para a grande final, patrocinados pela própria Unicamp, tanto nas passagens quanto na estadia, informa a professora orientadora. A professora Blenda, que está em seu primeiro ano de trabalho na escola, destaca que as duas equipes cruzeirenses ficaram entre as 40 melhores do país. Isso custou um grande esforço, pois o trabalho era desenvolvido em horários fora da escola. “Foi bastante sofrido. A gente trabalhou muito em horários fora da escola, fizemos várias reuniões em que houve até desentendimentos. A gente começou a dormir novamente, agora é dormir um pouco e, depois, seguir para a próxima fase pegar mais pesado ainda.”
No sábado, dia 15 de outubro, acontece a prova presencial, que, segundo Blenda, vai apurar o conhecimento sobre historiografia, ou seja, como se escreve a História. Os alunos também precisam ler, estudar e destrinchar um texto do sociólogo Gilberto Freyre, que servirá de base para algumas questões.
Blenda comenta que a Olimpíada mostrou para os alunos que eles podem competir de igual para igual com qualquer aluno do Brasil. “O Enem agora vai dominar tudo e ele é um exame de nível nacional. Para alguém se dar bem nesse tipo de competição, tem que estar ligado, ler muito e se preparar mesmo.”
A diretora da Escola, Íria Matos, expressou sua satisfação. “Estamos num bairro carente, nossa escola é linda. Agora estamos tendo respostas muito positivas, e isso confirma que nosso trabalho está sendo válido. Vemos despertar em nossos alunos o entusiasmo de participar e dizer que eles são capazes de disputar com qualquer aluno do Brasil”, afirmou.