Disciplina, organização e hierarquia. São esses três princípios que regem o funcionamento da Escola Cívico-Militar Wilson Barbosa, uma das três entregues no ano passado na Cidade do Povo pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEE) e que começou a funcionar este ano.
O diretor da escola é Albernilde Ramos, que desde o início do ano tem procurado levar uma educação militar àquela região carente de Rio Branco. Segundo ele, o carro-chefe da escola é a educação de crianças com deficiência. E para ter sucesso na empreitada, conta com a presença de um psicólogo. “Esse profissional é fundamental para a gente entender os alunos”, disse.
O bom trabalho da gestão e da equipe pedagógica pode ser observado no fluxo de alunos que, diariamente, vão até a escola pegar material impresso. Nessa pandemia, mais de 70% deles estudam por essa modalidade remota de ensino. “Muitos não têm internet”, explica Alber.
A Wilson Barbosa, uma das sete escolas do governo do Estado na Cidade do Povo, atende alunos de 40 bairros e também alunos dos municípios de Porto Acre, Bujari e Senador Guiomard. Ao todo são 370 estudantes em seis turmas de 6º ano do ensino fundamental II, anos finais, e quatro turmas de 7º anos.
Por ter um modelo militar, o diretor informa que o trabalho dos professores é com a leitura e a escrita dos alunos. O ensino é acompanhado por uma rigidez das normas e condutas que são explicadas aos pais e alunos no início do ano letivo.
Outro diferencial da escola em relação às demais é quanto à média de qualidade. Na maioria das escolas, inclusive na própria Cidade do Povo, essa média é 7,0 pontos, mas na Wilson Barbosa, como explica o diretor, os alunos devem buscar a nota de excelência 8,0.
Mesmo não tendo ainda um ano de funcionamento, a escola já realizou três projetos de leitura. O primeiro sobre literatura de cordel, uma experiência com os alunos que rendeu mais de 100 redações, um projeto de poesia sobre a semana da Pátria e um terceiro projeto em que os alunos deveriam escrever uma carta para o futuro.
Mais recentemente, a equipe pedagógica desenvolve um outro projeto sobre a consciência negra, cuja culminância acontecerá no próximo dia 20 de novembro. “Nesse projeto procuramos fazer uma releitura do movimento negro, com ênfase no fim do racismo e no entendimento de que não é a cor da pele que nos separa”, afirma o diretor.
As boas práticas não param por aí. Mesmo na pandemia, a escola desenvolve um projeto de horta na escola, em que a gestão faz uma experiência com hortas circulares. Nelas é possível plantar vários tipos de legumes e verduras. “É um laboratório, se der certo vamos implementar mais quatro”, disse.
Aluna nota 10
Na chegada, a equipe de comunicação da SEE foi recebida pela aluna Ana Késia de Almeida Costa. Ela reside próximo à escola e é o verdadeiro orgulho da gestão, da equipe pedagógica e dos professores.
Ana Késia é uma aluna diferenciada. Dos três projetos desenvolvidos pela escola até agora ela simplesmente ganhou todos. O último, para se ter uma ideia, rendeu a ela uma bicicleta novinha que ela usa para ir à escola. “É bom frisar que os jurados dos três projetos foram diferentes”, explica o diretor Albernilde Ramos.
Aos 12 anos e fazendo o 6º ano do fundamental II, anos finais, ela conta que sempre teve o sonho de estudar em uma escola militar. “Agora surgiu a oportunidade e estudar aqui está sendo uma experiência maravilhosa”, faz questão de dizer a aluna.