O empreendedorismo está no sangue do povo brasileiro, em especial nos jovens, é o que aponta o estudo “Jovens Empresários Empreendedores”, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, ao indicar que dois em cada três brasileiros entre 25 e 35 anos querem deixar de ter um chefe e se dedicar a uma empresa própria.
Segundo um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/Acre), o mesmo acontece com o povo acreano, pois para 47,5% dos entrevistados a principal motivação para empreender é a vontade de ser o próprio patrão, ter o próprio negócio, contra 7,5% que indicaram o desemprego, contrariando a noção de que o empreendedorismo aumenta por necessidade ou como reflexo de crises econômicas.
O estudo aponta que o setor do comércio lidera o ranking, com mais de 70% das empresas, seguido pelo de serviços, com 25,5%, dois setores conhecidos por suas iniciativas inovadoras. Nesse cenário despontam as startups, compostas por grupos de pessoas trabalhando com ideias inovadoras focadas na resolução de problemas.
O propósito das startups é criar ambientes de parcerias para desenvolver soluções tecnológicas que aumentem a sustentabilidade e a competitividade dos negócios. A Agtech Garage, Campus Vale do Piracicaba, um hub (grupo de startups) de inovação em agronegócios, é um grande exemplo de que é possível transformar a realidade a partir desse modelo de parcerias.
Usando uma metodologia de inteligência compartilhada, alinhada com políticas públicas para educação de qualidade, investimentos em formação profissional, com foco em soluções para a indústria, o agronegócio e a bioeconomia, esses hubs são uma oportunidade ímpar de superar o atraso e os gargalos históricos enfrentados em nosso estado.
No Brasil já existem mais de dez mil startups cadastradas na Associação Brasileira de Startups (Abstartups). No Acre, segundo o site Startupbase, existem 24 startups (ativas e inativas), tendo o Sebrae, a Universidade Federal do Acre (Ufac) e o Instituto Federal do Acre (Ifac) como pioneiros no incentivo à inovação via startups. Algumas delas já são destaques no mercado, como a Buscar Peças, GT Fila, Escola Mais Fácil, Nativus Live e Royal Advice.
No Acre, a maioria das startups são urbanas, mas o setor rural oferece uma gama de oportunidades, como tem sido feito no hub em Piracicaba. Fomentar startups e hubs para o setor produtivo pode propiciar que o agronegócio do Acre caminhe de maneira efetiva junto ao aproveitamento econômico de produtos florestais de alto valor agregado, como a madeira, o bambu e os óleos vegetais.
No âmbito do governo do Estado, uma iniciativa é o projeto Empreender para Crescer na Escola da Vida, da Secretaria de Estado de Empreendedorismo e Turismo (Seet), em parceria com a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (SEE), cujo objetivo é despertar o espírito empreendedor nos jovens acreanos, atingindo as escolas de ensino médio da rede pública do estado e também a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Esse ambiente de inovação e empreendedorismo é essencial para a geração de emprego e renda no atual período de crise da pandemia do coronavírus. Não custa lembrar que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 67 mil jovens acreanos com idade entre 15 a 29 anos que não trabalham nem estudam, e que podem ser inseridos nesse caminho de oportunidades, com trabalhos qualificados, num ambiente criativo e inovador. Cabe a todos nós contribuir para que esse cenário se concretize.
Pamela Lopes é servidora na Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag), bacharela em Sociologia e Direito, com MBA em Governança Pública e Gestão Administrativa