O isolamento social determinado por decreto do governo do Estado está alterando a rotina de vários setores públicos e poderes constituídos. Assim, na perspectiva de impedir a circulação e contágio pelo coronavírus, o Legislativo acreano realizou a primeira sessão virtual da história da casa, nesta segunda, 31. Conduzidos pelo presidente da Aleac, deputado estadual Nicolau Junior (Progressista), os trabalhos de caráter deliberativos tiveram grande participação dos parlamentares e foram transmitidos pelo YouTube, Facebook e a Rádio Difusora Acreana.
Nicolau explicou a motivação para a realização virtual da sessão. “As sessões da Aleac, por enquanto, acontecerão nesse formato pela questão do isolamento social, que é o remédio mais eficaz para diminuir a velocidade de contágio da Covid-19. Faremos às terças e quartas no horário regimental, às 10h15 e, posteriormente, à tarde as comissões funcionarão para encaminharem os projetos também via on-line. As votações acontecerão normalmente nas sessões virtuais para atender as necessidades do governo do Estado e também encaminhar os projetos dos deputados que querem colaborar com a população nesse momento difícil que estamos atravessando”, afirmou o presidente.
Logo na abertura da sessão foram lidos diversos projetos legislativos que contribuem com as medidas adotadas pelo governo para o combate da Covid-19 no Acre, a maioria para proteger a população durante o período de quarentena. Alguns relacionados às questões econômicas e outros sobre a saúde pública. Todos irão para as comissões para serem ajustados, receberem emendas e posterior aprovação.
Mas o líder do governo, deputado estadual Gerlen Diniz (Progressista) já adiantou que alguns desses projetos têm vícios de inconstitucionalidade. “Os ajustes serão necessários para evitar que o Poder Executivo tenha que vetar. E isso é uma exigência da própria Constituição e não do governador Gladson Cameli”, ponderou o líder.
União é a pauta principal
As naturais divergências políticas e ideológicas durante os debates na Aleac deram lugar a palavras de solidariedade e apelos de unidade tanto pelos deputados governistas quanto da oposição. Edvaldo Magalhães (PC do B) ressaltou que a sociedade está em temor com a multiplicação de casos de infectados pela Covid-19 no estado.
“O momento é de união política e solidariedade com o povo. Precisamos aprovar uma extensa pauta de projetos parlamentares importantes para a nossa população. Faremos um mutirão para aprovação dessas matérias. Entre eles, um de minha autoria que susta por 90 dias os pagamentos dos empréstimos consignados do funcionalismo. Assim poderíamos colocar mais de R$ 100 milhões para ajudar o nosso comércio e fazer esse dinheiro circular no estado”, disse Magalhães.
O deputado José Bestene (Progressista) parabenizou as decisões tomadas pelo governador Gladson Cameli para conter a pandemia no Acre. Ele referiu-se ainda às equipes estaduais da saúde e da segurança.
“O momento é de união entre todos os poderes. Colaboração mútua para que o combate ao coronavírus seja efetivo. Mas precisamos de um olhar diferenciado para os trabalhadores que estão na informalidade. Agora, o mais importante é não levarmos os nossos debates para o lado político”, afirmou Bestene.
No mesmo tom, o deputado Jonas Lima (PT) fez o seu pronunciamento virtual, de Mâncio Lima, por estar de quarentena por ter tido contato com pessoas contaminadas pela Covid-19. Ele pediu ajuda para o governo do Estado incrementar barreiras sanitárias na entrada do município de Mâncio Lima e também ajudar as famílias em dificuldades financeiras na região do Juruá.
“A hora é para unir a classe política. Colocar as ideologias de lado e focar a atenção no problema que é gravíssimo. Temos a obrigação de ajudar o nosso governador Gladson Cameli nesse momento e também os nossos prefeitos”, afirmou Jonas.
Cadmiel Bomfim (PSDB) manteve no seu discurso o enredo da necessidade de união no Acre. E depois sugeriu que o Governo do Estado possa disponibilizar um adicional de insalubridade para os servidores da Saúde e da Segurança. Enquanto o deputado Marcos Cavalcanti (PTB) fez um alerta sobre notícias falsas que têm circulado nas redes sociais sobre ele estar infectado pelo coronavírus. O parlamentar desmentiu veementemente os boatos.
O drama da doença
O deputado Daniel Zen (PT) foi muito citado pelos outros parlamentares por ter testado positivo para a Covid-19. Ele falou um pouco dos momentos difíceis que passou adoecido pelo vírus.
“Quero agradecer todas as manifestações de solidariedade nesse período difícil que atravessei. O governador Gladson Cameli falou comigo por telefone desejando a minha recuperação. Num momento como esse, as diferenças políticas e ideológicas se tornam mínimas. Precisamos de unidade para conseguirmos mitigar os efeitos de uma situação extrema. Passei 14 dias isolado e os sintomas foram muito duros. Posso afirmar que não é uma gripezinha”, explicou Zen.
Emendas para a saúde
Outro ponto debatido e esclarecido pelos deputados estaduais está relacionado às emendas anuais de R$ 500 mil que cada um tem direito. Saíram informações nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação que esses recursos já estariam comprometidos pelos deputados. Mas Gerlen Diniz deixou claro que a pedido do presidente da casa, Nicolau Junior, muitos mudaram o direcionamento dessas emendas para a Saúde do Estado. Gerlen também lembrou que as emendas são impositivas conforme projeto sancionado pelo governador Gladson Cameli, e que não existe possibilidade de serem contingenciadas.
Integração regional
A realização da sessão virtual permitiu que alguns deputados pudessem falar das suas bases eleitorais nos municípios do interior. A deputada Meire Serafim (MDB) fez o seu pronunciamento de Sena Madureira. Antônia Sales (MDB), que agradeceu a recente visita do governador ao Juruá, manifestou-se de Cruzeiro do Sul. Marcos Cavalcanti pronunciou-se de Feijó e Jonas Lima de Mâncio Lima.
