Nesta segunda, 12, o governador Gladson Cameli deu uma longa entrevista para o canal nacional Band News. Os jornalistas abordaram temas como a situação da pandemia de Covid-19, o surto de dengue, as enchentes e a crise migratória no estado. O governador explicou como o Acre tem conseguido vencer tantos desafios simultaneamente, por meio da união entre o governo do Estado, as prefeituras, a bancada federal, a Assembleia Legislativa e os diversos órgãos do Poder Judiciário.
Durante as suas respostas aos jornalistas, Gladson destacou um ponto que considera muito preocupante no momento: a situação psicológica das pessoas depois de mais de um ano de pandemia.
“Os problemas psicológicos estão se agravando, não só no Acre, mas em todo o Brasil. As pessoas estão inseguras em relação ao dia de amanhã. Sem falar que os nossos servidores da Saúde estão exaustos. Então, quero ressaltar a importância de podermos vacinar toda a nossa população com o máximo de urgência”, disse.
Para o governador, é preciso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autoriza as vacinas no Brasil, diminua as burocracias frente à situação trágica da pandemia de Covid-19.
“Estou ansioso para que aconteça a venda da vacina russa Sputinik V, pelo consórcio de governadores do Norte e Nordeste. Tive a informação de que o presidente da República está apoiando a nossa compra. Mas precisamos que a Anvisa agilize os processos para autorização do uso dessa vacina com urgência no Brasil. Num momento como esse, é preciso que diminuam as burocracias. E, nos meus planos B e C, estou pronto a comprar qualquer vacina que esteja disponível, para poder imunizar todos os acreanos, porque não aguentamos mais viver nessa incerteza”, desabafou.
Questão da fronteira
Gladson afirmou que acha justo que o governo federal envie mais vacinas para o Acre, por se tratar de um estado fronteiriço. “Tendo em vista que estamos nas fronteiras com a Bolívia e o Peru, temos uma situação delicada. Já reivindiquei junto ao ministro da Saúde um tratamento diferenciado. Eu pedi que o PNI [Programa Nacional de Imunização] nos forneça um número maior de vacinas em relação aos outros estados. Porque os problemas que estão surgindo nos colocam numa situação delicada”, protestou.
Para exemplificar as dificuldades, ele ressaltou a crise migratória que há tempos vem sucedendo em Assis Brasil, na fronteira com o Peru. “Estamos num situação delicada. Não posso fechar as portas do Acre, porque existem acordos internacionais que me impedem. Por outro lado, o Peru não quer abrir a fronteira do país para que esses imigrantes possam retornar aos seus países de origem. Mas todos os dias chegam voos da Latam e da Gol a Rio Branco, cheios de haitianos e africanos querendo sair do Brasil pelas nossas fronteiras. Assis Brasil é um dos nossos menores municípios, com uma infraestrutura mínima. Estamos há mais de quatro anos com esse problema de migração, que piora cada dia mais. Mesmo assim estamos dando um atendimento digno para aquelas famílias, com alimentação e hospedagem”, explicou.
E continuou: “Enquanto não há um acordo definitivo sobre essa questão, acaba sobrando pra nós, do Acre. Eu já questionei porque estão saindo do Sul e do Sudeste tantos imigrantes vindo direto para cá. Estou chamando a atenção das autoridades porque já temos muitos problemas. Somos um estado pequeno na região amazônica, sem condições de dar uma resposta satisfatória sobre isso. Não posso ficar calado enquanto essa situação perdurar. Precisamos do apoio do governo federal para resolvermos o problema. Mas não entendo porque os migrantes só querem usar essa rota de saída do Brasil pelo Acre”, questionou.
Problemas não faltam
Gladson fez um resumo das situações no estado com a pandemia, a dengue e as enchentes. “As águas da maioria dos nossos rios já baixaram, mas na semana passada tivemos um repiquete [novas cheias] em Tarauacá e Cruzeiro do Sul. E tem o pós-enchente, que piora a situação da dengue e a necessidade da reconstrução das cidades. Imaginem as cheias junto com a pandemia de Covid-19, a dengue e a questão migratória na fronteira com o Peru. É isso que vivemos, mas a nossa equipe já se antecipou, preparando-se para que, quando chegar o verão amazônico, possamos reconstruir o que for necessário. Também estamos fazendo parcerias com todas as prefeituras do Acre para diminuir os casos de dengue. Todas essas situações, mais a questão da instabilidade econômica do país, tem nos deixado muito preocupados”, finalizou o governador.