Quando o assunto é relacionamento abusivo, a primeira coisa em que pensamos é na agressão física e no abuso sexual, isso devido à falta de conhecimento de muitos sobre esse assunto e de nos vermos tão distantes dessas situações. Mas, infelizmente existem outros tipos de agressões, como por exemplo: violência psicológica, violência patrimonial, violência moral e outras.
E o que mais ouvimos, quando uma situação dessas está perto de nós é a frase celebre: “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. E, enquanto isso, mulheres morrem vítimas de violência; os filhos também são vítimas por muitas vezes presenciarem as agressões ou também serem agredidos.
Não só em um casamento, mas em um namoro, as ofensas, as ameaças verbais, as humilhações, privações financeiras, pressões psicológicas e intimidações são percebidas, por quem sofre, como comportamentos aceitáveis e esperados. Mas, quando você é privado de fazer ou dizer algo, ou se você evita isso por medo de desagradar, é bem provável que você esteja em uma relação abusiva.
Segundo a psicologia, um relacionamento abusivo pode ser definido como um comportamento concebido para controlar e subjugar outro ser humano através do uso do medo, humilhação, intimidação, culpa, coerção ou manipulação.
Infelizmente não é fácil identificar, você pode estar em uma relação assim e não sabe, ou pode ter uma amiga que não consegue perceber que está dentro de uma relação abusiva. Na maioria das vezes, acontece de maneira sutil, minando aos poucos a autoestima da pessoa.
Homens e mulheres podem ser vítimas, mas as mulheres são a maioria nas estatísticas.
Há duas situações que despertam atenção, como um alerta: a possessividade e o ciúmes. Dois vilões dos relacionamentos, pois quem sente em exagero tenta sempre privar a outra pessoa de várias formas.
Quem é vítima de abusos, geralmente não consegue perceber ou se recusa a admitir que aquele a quem ama, deseje ou faça algo contra ele. Infelizmente, vi uma amiga passar por tal situação. Fiquei perplexa por saber que poderia existir tamanha maldade em uma pessoa e conhecer um comportamento tão repetitivo e planejado, desconhecia tamanha atitude violenta e desrespeitosa.
Mas, há alguns sinais para que você identifique um relacionamento abusivo: a pessoa amada fará você se sentir uma pessoa sem inteligência; se acha no direito de controlar a sua vida; diz que ninguém vai amar ou aceitar você além dele (a); restringe você de falar com outras pessoas; faz você acreditar que a culpa é sempre sua; obriga você a fazer sexo; te agride verbal e/ou fisicamente; quando o comportamento agressivo de um parceiro não para, nem mesmo quando o outro parceiro começa a chorar ou pede um tempo (na verdade, o abuso pode aumentar quando o destinatário do abuso se torna mais vulnerável e chateado); o comportamento é frequente, ocorrendo várias vezes durante o mês; o parceiro faz uso de linguagem vulgar e são feitos insultos e acusações sem fundamento; as acusações são unilaterais (uma pessoa domina toda a conversa, nunca escuta e não é gentil com a outra); ameaças de violência são feitas; a pessoa abusiva não se desculpa; o parceiro abusivo não reconhece a validade de qualquer argumento da vítima. E não posso esquecer da violência patrimonial, quando o parceiro quer tomar conta dos seus cartões de crédito, do seu carro, da sua casa e de tudo que lhe pertence, e você só pode fazer qualquer coisa com os seus bens com a autorização dele; além de outras situações, pois infelizmente são diversas.
E se você está vivendo nessas situações que eu citei, infelizmente, você precisa de ajuda. Tente não sentir vergonha e fale para alguém ou vá a um órgão de proteção. A Delegacia da Mulher, CREAS e a Diretoria de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM) têm uma equipe multidisciplinar especializada para lhe atender, eles estão acostumados a lidar com esse tipo de violência e saberão como ajudar você.
Não é fácil sair de uma relação tóxica, pois são muitas as situações que causam medo: desconfiança na lei, vergonha das outras pessoas, não acreditar que o ser amado seja dessa maneira, amar as qualidades que a outra pessoa tem, sentir a necessidade de ser amado (carência afetiva), receio dos julgamentos sociais, medo de ficar sozinho, esperança que a outra pessoa mude e tantos outros motivos.
Trabalhar o amor próprio é primordial, mas, para isso, é preciso se permitir ser feliz, contar com o apoio da família e dos amigos, e se permitir ser ajudado é fundamental.
Perguntar a si mesmo se o relacionamento está sendo positivo ou negativo é uma forma de avaliar. Se for positivo, está lhe fazendo bem, continue. Mas se estiver fazendo mal, tirando a sua paz e lhe deixando triste, tenha muita atenção. Pense se não é melhor por um fim nisso, antes que seja tarde demais.
Uma boa relação deve ter respeito e bom senso das duas partes, para que haja um bom equilíbrio. Entenda que se o relacionamento não for saudável, você pode ser mais uma mulher dentro das estatísticas de feminicídio. E, para aqueles que como eu não sabiam que existiam pessoas doentes ao ponto de maltratar uma pessoa dessa forma, se você é familiar ou amigo, ou até mesmo um desconhecido e identificar uma vítima de um relacionamento abusivo, em briga de marido e mulher ou namorados, disque 180.