Doação de direitos autorais de livro infantil para os Ashaninkas

O lançamento do livro “Histórias do Pequeno CO2”, escrito pelo jornalista Vinícius Dônola, será marcado também pela doação dos direitos autorais e patrimoniais para o povo Ashaninka. A obra passa a ser um instrumento de geração de renda para a etnia.

Dônola compartilha que a etnia Ashaninka foi a primeira etnia com que teve contato, realizado durante a estadia na aldeia para a realização da série de reportagem “A Última Fronteira”, para a Rede Record.

“Eu me encantei com a organização daquele grupo. Agora, o povo Ashaninka é o dono do livro, e então cabe a ele, que são tão bem organizados e bem articulados, até fora do pais, a venda a empresas e instituições. E acredito que esse projeto pode beneficiar futuramente outras etnias pela venda de novas edições”, destacou.

Francisco Pyanko, filho mais velho do cacique Ashaninka, comenta sobre a doação dos direitos autorais: “A mensagem tem muito a ver com o que os Ashaninkas fazem. Não é simplesmente uma doação – o contexto está relacionado com nosso cotidiano e a nossa preocupação, por isso não vai entrar no vazio, vai potencializar o que os Ashaninkas fazem por tradição. A renda vai beneficiar um projeto que já está em curso, que é o de fortalecer a educação ambiental e poder levar a mensagem sobre a importância da floresta em pé e da vida para outros locais”, explica.

Tribo Ashaninka vai potencializar a educação ambiental através do livro (foto arquivo secom / sergio vale)
Tribo Ashaninka vai potencializar a educação ambiental através do livro (Foto: Arquivo Secom/ Sérgio Vale)

A etnia Ashaninka desde o ano de 1992 tem trabalhado o etnozoneamento e o plano de gestão.  A Terra Indígena Ashaninka do Rio Amônea, por exemplo, está localizada no município de Marechal Thaumaturgo e tem uma população de 600 indígenas. A liderança do cacique tem sua estrutura social refletida no debate interno e consolidada no papel do plano, que tem como prioridade a proteção da sua cultura. Além disso, eles possuem uma associação, que é um instrumento de organização para a relação com as políticas publicas e a cooperativa Ayumpary, focada em negociar os produtos artesanais da tribo.

O livro é uma ferramenta educacional voltada à temática do meio ambiente. Há ilustrações de Ziraldo, e o enredo é inspirado por uma viagem do jornalista a Xapuri, que durante o trajeto admirava as imponentes castanheiras. Elas nascem da polinização das abelhas, que dependem da floresta em volta para chegar à elevada altura da castanheira. As castanheiras são protegidas por legislação contra o desmatamento, no entanto, muito da floresta em torno é perdido.

“Histórias do Pequeno CO2” será lançado hoje, às 18 horas, na Biblioteca da Floresta. O evento tem o apoio do governo do Estado e da primeira-dama Marlúcia Cândida, que é presidente da Comissão Especial “25 Anos: Chico Mendes Vive Mais”.

Literatura Infantil

O_OCO_DO_TOCO_1271944339P O autor tem em seu currículo outros livros infantis sobre meio ambiente, como a coleção “Oco do Toco”, publicado pela Editora Fundamento, que tem autoria conjunta com sua esposa Roberta Salomone, também jornalista. A fábula foi adaptada para as artes cênicas e se tornou até um musical infantil.

“Sete anos antes de conhecer o Acre, publiquei uma série em que, coincidentemente, o cenário é uma seringueira. Na árvore, havia uma escola da floresta, onde os animais se reuniam, e foi lá que os animais sentiram o lugar tremer – era a motosserra. O primeiro livro fala sobre desmatamento e o outro, sobre tráfico de animais”, ressalta.

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