Do Varadouro para a aldeia global

Em sua 5ª edição, Festival Varadouro se consolida como um dos festivais independentes mais importantes do Brasil

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Em um espaço de muito verde típico da Amazônia aconteceu mais um Festival Varadouro (Fotos: Talita Oliveira)

O portão de entrada para o espaço dos shows do Festival Varadouro tinha uma grande placa que indicava o local: Seringal Astral. Os dois palcos também haviam sido "nomeados": de um lado tínhamos o Seringal Cachoeira, do outro o Seringal Bom Destino. Talvez essa tenha sido a melhor forma de representar o Acre para o mundo, sair de nossas aldeias e transformar tudo numa aldeia global, pois essa é, no fim, a missão do Varadouro, mostrar para o mundo não só o que há de melhor no circuito independente da música para o povo acreano, mas para todos que se interessarem.

Para ver mais fotos, acesse o álbum da fotógrafa Talita Oliveira.

O Festival Varadouro aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de setembro, no Amazônia Rio e reuniu 21 bandas não só do Acre e de tantas outras partes do Brasil, mas também do Peru e Argentina. O festival, que antes era considerado um dos mais importantes da região Norte, agora amadurece e cresce, mostrando que tem peso para figurar entre os de maior destaque do Brasil.

Foram 3 dias de muito som, de vários estilos, de várias personalidades, para satisfazer diversos gostos. O festival também foi acompanhado do segundo Congresso Fora do Eixo, que reuniu em Rio Branco produtores culturais de diversas partes do país de coletivos culturais para discutir os rumos da cultura fora do eixo e de iniciativas como essa. Além disso, um documentário do Varadouro 2009 está sendo produzido pela Samaúma Cinema e Vídeo, com o intuito de resgatar os cinco anos do Festival, suas histórias e suas músicas. "Estamos muito animados, creio que o resultado final acabará sendo de um média a um longa metragem", explica Wander Silva, um dos produtores.

Revolução sonora acreana

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Bandas mostraram o bom trabalho da música autoral no Acre (Fotos: Talita Oliveira)

Nove bandas acreanas se apresentaram no Varadouro, desde Mapinguari Blues, trazendo sua longa trajetória de trabalho, assim como o Grupo Capú com mais de 30 anos de estrada, e as novidades desse circuito no Estado, como a banda Caro John, de Tarauacá, que abriu o terceiro dia agradando muito aqueles que estavam presentes. A queridinha do público acreano, a banda Los Porongas, veio diretamente de São Paulo para encerrar o segundo dia do Festival, com suas canções marcantes para um público cativo, que canta e se emociona junto com a banda.

A banda Camundogs, que não se apresentou no Varadouro 2008, trouxe dessa vez o resultado de um intenso ano de trabalho e dedicação. "Essa apresentação de 2009 foi para provar a nós mesmos o quanto melhoramos e estamos dedicados à nossa música", disse Aarão Prado, vocalista da banda, que explicou como a banda teve que superar, com a saída e volta de alguns de seus integrantes.

O público também pôde aproveitar o som melodioso e o rock poético das bandas Capuccino Jack e Nicles, que crescem cada dia mais no cenário musical acreano. Já os fãs da banda Filomedusa puderam curtir um repertório de músicas conhecidas e inéditas do grupo.

O ano do instrumental e do eletrônico

Nunca a música instrumental esteve tão presente no Varadouro. Três bandas marcaram o Festival apenas com o som instrumental. A acreana Caldo de Piaba, mesmo com pouco tempo de criação, já é uma das bandas de maior destaque no cenário local e com um som instrumental animado, especial para a galera dançar. A banda Floresta Sonora também foi uma das que encantou o público com seu som instrumental das terras do Pará.

Já a paulistana Guizado é uma banda que vai além do instrumental. Suas canções geralmente eram iniciadas com música eletrônica, mantendo os simplificadores eletrônicos durante suas apresentações. O mesmo vale para a banda "alienígena" Trilöbit. Com máscaras de gorila, lutador mexicano e do Jason, o trio levantou o público como ninguém, trazendo músicas explosivas, com som eletrônico e uma mistura hilária de áudios de discursos, programas de TV e outras músicas. "Esse circuito fora do eixo vai dominar o mundo", falou um dos integrantes.

Diversão acima de tudo

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Banda Peruana La Miente levantou o público da primeira noite (Foto: Talita Oliveira)

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Banda Devotos, de Pernambuco para o Acre (Foto: Talita Oliveira)

No Festival Varadouro foi possível prestigiar o som de diversas partes do país e conhecer um pouquinho do que rola nas outras regiões, além deles conhecerem o que rola por aqui, uma troca de experiências como poucas. O público também pôde conferir no primeiro dia o trabalho da banda Soda Acústica de Rondônia, Devotos, de Pernambuco e o rock pop da galera do Plano Próximo de São Paulo.

No segundo dia ainda teve a banda Sps12, do Amapá, com uma mistura de hip hop e pop rock tradicional, e a cearense Cidadão Instigado, que fez jus ao nome e instigou o público com letras fortes e um som marcante. Já no terceiro dia, a programação contou com a apresentação da paulista Curumin, considerada pelo jornal The New York Times com os músicos jovens "mais espertos" da cena musical brasileira.

Quem esteve lá também vibrou com a banda peruana La Mente, que com dois vocalistas, contagiou a galera no primeiro dia e tirou todo mundo do chão. Já a argentina Monstrou chegou muito feliz ao palco para mostrar seu rock energético.

E claro, um grande festival, tinha que encerrar com uma grande apresentação. Assim como Cordel do Fogo Encantado assumiu a responsabilidade em 2008, esse ano coube a banda de Brasília, Móveis Coloniais de Acajú fechar o Festival Varadouro com uma mistura de ritmos e sons que os três dias de festival mereceu. Mais do que um show, Móveis fez com que a diversão de sua apresentação extrapolasse altos níveis no quesito espetáculo, fazendo do Varadouro 2009 uma lembrança única para quem compareceu. Agora, só no ano que vem!

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