Instituição abriga 70 crianças do bairro Sobral e foi fundada por uma moradora da região
A secretária de Estado de Políticas para as Mulheres, Concita Maia, visitou na manhã desta segunda-feira, 21, a Creche Coração de Jesus, no bairro Ayrton Senna, para conhecer as ações e as dificuldades da instituição. A creche abriga 70 crianças de dois a três anos. Algumas delas ficam o dia inteiro na instituição. Outras apenas um período. O local atende os bairros Sobral, Aeroporto Velho, Boa União e Ayrton Senna.
A instituição foi criada por Júlia de Oliveira, 28, depois de uma promessa feita por ela. “Eu queria muito engravidar, mas os médicos não me davam esperança. Então prometi que se eu conseguisse ter um filho, fundaria uma creche ou um abrigo para idosos. Engravidei, tenho uma menina linda de seis anos e abri a Coração de Jesus. Uma das melhores coisas que fiz na vida”, diz Júlia, que tem o apoio incondicional do marido. Tanto que o local onde a creche está instalada era a casa da família, que mora agora em uma casinha, de um só ambiente, nos fundos da creche.
“As instalações são simples, mas a energia e a alegria dos meninos e meninas são contagiantes. Nós queremos fazer uma parceria para contribuir com esse trabalho”, diz a secretária Concita Maia. Atualmente a Coração de Jesus vive de doações. Recebe semanalmente frutas, verduras e legumes do Mesa Brasil (programa do Sesc) e da Conab.
“Ainda temos alguns mantimentos de doações e parcerias do ano passado, mas só vão durar até o fim de março. Depois não sei como iremos fazer”, comenta Júlia. “Nós recebemos a ajuda no ano passado do então senador Tião Viana, que construiu o banheiro, e do Rotary, que aumentou a parte de trás da área. Mas ainda precisamos de um parquinho para as crianças e brinquedos educativos, pois as atividades só são realizadas com o que recebemos das pessoas. Não temos como comprar. Para se ter uma ideia, as mães colaboram com cinco reais por mês para podermos comprar água mineral, ou as crianças teriam que tomar água da torneira.”
Desde o ano passado a Secretaria de Educação de Rio Branco colabora enviando as pessoas que trabalham no local. “Eles ajudavam com a alimentação também, mas como vieram mais crianças precisamos de mais pessoas, então tivemos que abrir mão da alimentação por mais três ajudantes. Uma vez resolvi sair pedido alimentos pela vizinhança. Foi quando ouvi de um homem que eu estava pedindo para mim, que eu não ia dar para as crianças. Aquilo mexeu muito comigo, fiquei indignada e nunca mais pedi. Precisamos e aceitamos doações, mas não saio mais pedindo de casa em casa. Muita gente não entende esse trabalho”, relembra.
As crianças que ficam na creche são, em sua maioria, filhos de pais separados ou de mãe solteira. “Nós queremos chegar nessas mulheres que precisam deixar seus filhos aqui e saber a necessidade delas, o que elas gostariam de fazer, de aprender. Assim, podemos dar uma ajuda mais real”, comentou a secretária.
“O governo do Acre, por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres, vai se mobilizar para encontrar parceiros que ajudem nos mantimentos de que as crianças precisam. Mas não vamos parar por aí. Vamos nos reunir com essas mães e decidir que rumo podemos tomar juntas”, enfatizou Concita Maia.