O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) considerou a metodologia implantada na elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico como modelo para o país. O senhor participou da concepção desse trabalho. O que ele traz de inovador?
No passado, o Governo atrapalhava mais do que ajudava no desenvolvimento regional. Nós conseguimos elaborar uma agenda de proposições fundamentadas no desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente, ao homem e dinamizando a atividade econômica. O aspecto inovador foi o consenso criado em torno de um projeto de desenvolvimento. Não foi fácil. Foi um processo longo. Na verdade, foi uma grande escola.
Por que o Zoneamento Ecológico-Econômico é tão importante para o setor produtivo?
Porque ele define regras. Ele é uma referência importante para o setor privado poder investir em uma determinada região. E é isso o que está faltando para todos os municípios do país, de fato. A iniciativa privada tem que ter segurança em onde e como investir. E, com a metodologia implantada no Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre, nós fomos, mais uma vez, pioneiros. A busca pelo consenso no processo de desenvolvimento local exigiu que colocássemos frente a frente o pecuarista e o seringueiro; o industrial e o fazendeiro. Isso não é tão simples de fazer. No Acre, foi feito. Além, é claro, dos aspectos técnicos-ambientais e eu não posso esquecer de creditar à equipe que formulou tudo isso. Não posso deixar de lembrar de Edegard de Deus (ex-secretário de Meio Ambiente e presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre na gestão de Jorge Viana), Gilberto Siqueira…
E essa idéia de o Acre ser sempre “pioneiro”. É factível?
Nós temos que ser pioneiros mesmo. Nós estamos a quatro anos a frente do Governo Lula. O que nos obriga a sermos mais inovadores na gestão pública. Temos mais responsabilidades porque estamos há mais tempo no governo. E já somos referência na região. O Eduardo Braga (governador do Amazonas), quando ganhou as eleições, mandou uma equipe de técnicos para Rio Branco conhecer um pouco da nossa política e da nossa experiência administrativa.
E agora, com o Zoneamento concluído e reconhecido como “referência”… o que fazer?
Bom, temos agora um novo desafio. E qual é o desafio? É fazer as coisas acontecerem “fora do governo”, com o fortalecimento do setor privado. O governador Binho está conduzindo com muita competência todo esse processo. E traz um elemento importante que é o fortalecimento da economia com o foco nas comunidades, dar atenção às pequenas experiências econômicas nas regiões, sem esquecer dos investimentos maiores.
Para esse “desafio” ser superado existe algum aspecto desse desafio que o senhor possa destacar…
Duas coisas. Primeiro: temos que usar melhor as áreas já desmatadas. Segundo: temos que encontrar uma maneira de manter nossas florestas com geração de renda para as nossas comunidades. Sem viabilidade econômica para quem vive na floresta, fica mais difícil tentar protegê-la.