Comitê técnico estadual de saúde da população negra será lançado nesta quarta

Discriminação, preconceito e desigualdade são verificados no dia-a-dia do atendimento de saúde prestado à população negra no país. Para tentar corrigir as distorções e efetivar a implementação das políticas públicas definidas para esse grupo populacional durante a 6ª Conferência Estadual de Saúde, que constam no Plano Estadual de Saúde 2012-2015, a secretária de Saúde, Suely Melo, assinou a portaria n° 471, de 23 de julho de 2012, criando o Comitê Técnico Estadual de Saúde da População Negra, que prevê a elaboração de propostas de intervenção e promoção relacionadas à igualdade racial e étnica de atenção à saúde.

O comitê é composto por militantes do movimento social organizado e por técnicos da área de saúde e da gestão nos âmbitos estadual e municipal e será formalizado durante o 4º Encontro de Mulheres Negras, que terá abertura nesta quarta, às 14 horas, no auditório do Colégio Estadual Barão do Rio Branco. Entre os temas abordados durante o encontro está o papel do comitê e ações de prevenção contra doenças prevalentes na população negra, como a anemia falciforme e a hipertensão arterial. Mortes materna e infantil e decorrentes de violência também são mais intensas nesse grupo.

Um dado relevante, negligenciado durante o acolhimento nas unidades de saúde, referia-se à raça ou cor de pele do usuário do sistema de saúde. Há uma década essa informação era suprimida nos formulários, dificultando o diagnóstico precoce para evitar males como a hipertensão, que atinge em torno de 70% da população negra, com o agravante de que o negro tem capacidade de adaptação à doença, como explica o médico de família e comunidade Pablo Rodrigo de Andrade e Silva, para quem o censo do IBGE abriu a luz do entendimento para que o Ministério da Saúde considerasse questões de raça na ocorrência de doenças preveníveis.

“No caso deles é muito comum a hipertensão se desenvolver de forma assintomática. Muitas vezes são hipertensos de longa data e só descobrem na gravidade do atendimento quando entram na rede vítimas de Acidente Vascular Encefálico, infartos do miocárdio e hemorragia na retina”, alerta o médico. Considerar a genética e a hereditariedade é um fator importante de prevenção e facilita a definição de um diagnóstico. A gerente executiva do Conselho Estadual de Saúde, Zilmar Cândido, diz que a população negra sofre com diversas vulnerabilidades e afirma que é preciso trabalhar e divulgar essas doenças para evitá-las.

Uma das mais importantes, a anemia falciforme, é geneticamente determinada e destrói as células do sangue, impedindo o crescimento, estimulando a má formação óssea, perda do baço e infecções repetidas. Os sintomas da anemia falciforme são cansaço demasiado, palidez (pele e mucosa) e más formações ortopédicas, como as pernas em arco. “É preciso buscar a prevenção e ficar atento aos alertas do profissional de saúde”, orienta o médico Pablo Rodrigo.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter