Câncer: quando o tratamento faz a diferença

No Hospital do Câncer, equipe de profissionais compartilha histórias de vida de quem enfrenta uma doença grave, mas que pode ter cura

Após receber um diagnóstico que soa como uma sentença de morte, o paciente com câncer era obrigado até há pouco tempo atrás a deixar casa, trabalho e família e embarcar para fazer tratamento em outra cidade, longe do apoio e carinho de pessoas queridas, enfrentando dificuldades para se manter – com um acompanhante – longe de casa, sem conhecer a data do retorno.

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Hospital do Câncer implantado no Acre integra a política de saúde públicado Governo do Estado

Em meio a todos os tabus que cercam a doença existem algumas verdades: o câncer não é uma doença incurável, mas em muitos casos quando o tumor é descoberto resta pouco a ser feito; cada caso é um caso e cada paciente é uma pessoa diferente, com organismo diferente e uma resposta diferente para o tratamento. O grande desafio para pacientes e médicos, e a grande vantagem para a doença é, portanto o diagnóstico. Este é o gargalo, é o que faz, muitas vezes, a vida perder para a morte.

O Acre já pode dizer que investe numa política de saúde pública que permite que o cidadão seja diagnosticado, acompanhado, tratado e curado de câncer em casa, sem precisar arrumar a mala e partir para outro Estado.

O Hospital do Câncer, que funciona há mais de um ano no complexo da Fundação Hospitalar, vem vencendo desafios e derrubando barreiras, entre elas, a de ser um complexo de oncologia na Amazônia.

O esforço se mostra válido não nos números de pessoas que deixaram de viajar para Tratamento Fora do Domicílio (TFD) – foram economizadas 6.400 passagens aéreas em um ano e meio de funcionamento do hospital – e na economia que isto representa para o Estado, mas em cada história de vida que pode ser contada de uma maneira diferente desde que o Cacon, como o hospital é conhecido, abriu as portas para atendimento.

Saindo da gaiola

A relação entre a fé e a medicina ou a diferença entre a realidade e o sonho

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A artesã Adelina Apolinário da Silva comemora os avanços no tratamento

"Uma sensação de liberdade, como se eu fosse um passarinho saindo da gaiola. Morri e voltei a viver, sou um milagre de Deus, passei por quatro cirurgias e estou voltando pra casa". O depoimento é da artesã Adelina Apolinário da Silva, de 46 anos, que luta contra um câncer de mama. Ela foi entrevistada quando fazia a última sessão de quimioterapia paliativa e estava feliz com a possibilidade de voltar pra casa, na Floresta Nacional do Rio Macauã.

O oncologista responsável por Adelina, doutor Antônio Vendentte, analisa a situação da paciente. Ela tem câncer de mama com metástases no fígado, pulmão e ossos e a quimioterapia foi administrada para amenizar os sintomas e a dor. Ela voltou para casa, mas continua em tratamento e tem que ir ao hospital a cada 21 dias.

Adelina é filha de seringueiros e mora numa área de proteção ambiental. Aprendeu a arte de confeccionar bijuterias com sementes nativas com os índios e consegue transformar talento em peças de beleza exótica. Seu trabalho, que vai desde a coleta das sementes na floresta até a produção final das peças, lhe conferiu uma página no livro "Em Nome do Autor – Artistas e Artesãos do Brasil", uma obra que reúne 320 criadores numa obra de Beth Lima e Valfrido Lima, um dos sonhos que ela pretendia realizar em vida.

Antes de chegar ao Hospital do Câncer, Adelina fez tratamento em São Paulo, onde passou mais de um ano. A doença foi descoberta quando a paciente, durante um auto-exame, percebeu uma saliência. "Um mês depois eu já tinha 17 tumores na axila. Isso foi em 5 de outubro de 2006, lembro bem a data, não posso esquecer a data do sofrimento". O câncer não deixou Adelina após a cirurgia e voltou ainda com mais força, atingindo o pulmão e os ossos. De volta a São Paulo, ela foi tratada de uma doença que não tinha e não foi diagnosticada com a recidiva do câncer.

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre as mulheres no Brasil. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama. No Acre, porém, o câncer com maior prevalência entre as mulheres é o colo uterino e entre os homens, o de próstata.

Outro sonho de Adelina é ver o filho formado. O jovem estuda Medicina em Santa Cruz, Bolívia, e falta apenas um ano para a formatura. A primeira coisa que a paciente iria fazer ao chegar em casa era colocar a mão na terra e cuidar da horta e das fruteiras.

"Quando eu recebi o diagnóstico da doença achei que estava com o atestado de óbito na mão e que teria seis meses de vida. Não queria morrer enquanto não visse o livro pronto e o meu filho formado", conta Adelina, que buscou forças em Deus para seguir uma determinação que traçou para sua vida: vencer a doença e enfrentar com garra o tratamento.

Enfrentando o câncer

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Depois de viajar por vários Estados, Maria Damasceno pode dar continuidade ao tratamento no Acre com acompanhamento da família. Ela foi assistida em casa com cuidados paliativos até o final do tratamento.

Em 2004, durante uma visita aos filhos que moram em Belém, Maria Damasceno recebeu um diagnóstico que mudaria sua vida e a partir dali ela teria que lidar com o fato de conviver com o câncer de pulmão, o segundo tumor mais agressivo entre os mais de 200 tipos de câncer identificados. Deu inicio ao tratamento ainda no Pará, passou por cirurgias, foi pra São Paulo ser atendida num dos mais conceituados hospitais do país. Em abril deste ano Maria voltou para Rio Branco diagnosticada como “sem possibilidade de cura”, após receber, um mês antes, a notícia de que teria em média 90 dias de vida.Ela faleceu em dezembro do ano passado, sendo assistida em casa com os cuidados paliativos para amenização do sofrimento, por uma equipe do Hospital do Câncer.

“Em Belém o médico que a atendia explicou que dada as circunstâncias e o avanço da doença ela atingiria, no máximo, 110 dias de vida. Isso foi em março. Nos foi dito que não havia mais tratamento para o caso da minha mãe e ela sofria muito com a quimioterapia. Ela decidiu vir para Rio Branco com as próprias pernas”, disse João Roma, filho dedicado de Maria Damasceno, que deixou a mulher, os filhos e o trabalho na capital paraense para cuidar da mãe.

Em Rio Branco Maria conheceu o Hospital do Câncer, que não existia quando sua luta contra a doença teve início. Com alguma relutância ela aceitou dar continuidade ao tratamento e se tornou paciente do Cacon. Maria recebeu todo atendimento em casa pela equipe de cuidados paliativos com a vantagem de ter toda a atenção e carinho da família.

“O Hospital do Câncer foi um dos melhores investimentos do Acre. É um espaço diferenciado, muito humano, que transmite tranqüilidade aos pacientes, familiares. Transmite confiança”, comenta o filho de Maria.

A figura do oncologista. Mais que um médico. Um porto seguro

Quando a pessoa é diagnosticada com câncer precisa saber de duas coisas antes de dar início à saga contra a doença, segundo o doutor Antônio: a primeira é saber que o câncer não é uma doença incurável, a não ser que alcance uma proporção tão grande que não tenha mais possibilidade de cura. A segunda: cada câncer é um câncer, cada pessoa é uma pessoa e cada um tem um tratamento individualizado.

A figura do oncologista neste cenário é sólida, central e dominadora. Tudo o que o paciente sente e precisa, as angústias que tem, todos os medos são depositados no oncologista, que se configura como o porto seguro dele em vida.

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Oncologista pediátrica Valéria Pereira Paiva em um atendimento descontraído com os pacientes

"E tudo isso seria entendido mais fácil se a gente conseguisse se colocar dentro dele por 10 minutos, sabendo que você tem um câncer, carregando todo o tabu da doença que você escuta desde criancinha, vivendo em cima de uma linha divisória entre a vida e a morte, numa linha cheia de buracos, em que você vai passando por altos e baixos", conta o oncologista, revelando um pouco de sua forma de tratar a doença: com uma naturalidade que desarma os pacientes e uma segurança que sustenta a família.

"Muitas vezes os pacientes chegam arrasados no consultório, vêm de Sena Madureira, Brasiléia, passando muito mal, sem comer, com dor e na hora que o oncologista chega, olha e diz com um sorriso: ‘e aí?’, o paciente te olha e ri", diz doutor Antônio.

O oncologista explica um das razões para tentar transmitir tanta tranquilidade a pacientes e familiares: a sensação de insegurança gera uma doença muito maior que o câncer, que é o medo de estar isolado, não ter socorro. A boa relação médico/paciente corresponde a 60% de todo o tratamento, e se constitui num dos fatores que estendem a vida das pessoas em tratamento, que faz com o paciente vá ao hospital fazer um tratamento que traz sequelas, mas que ao mesmo tempo traz um benefício, eles estão acreditando no oncologista. "A única coisa que eles não sabem é se aquilo vai funcionar. Eles sabem que cai o cabelo, que faz passar mal, que provoca vômito, tira o apetite. Mas ele vem porque olha dentro do seu olho e encontra segurança. Essa relação é primordial, a figura do oncologista é indispensável também para a parte emocional, espiritual do paciente".

Crianças correspondem a 10% dos pacientes do Cacon

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No Hospital, as crianças recebem todo apoio dos voluntários

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E também podem fazer o tratamento acompanhadas dos pais

O Hospital do Câncer atende hoje a 200 crianças e adolescentes, o que corresponde a 10% dos pacientes da unidade. Algumas estão apenas em acompanhamento e outras estavam em tratamento fora do Estado e retornaram para serem tratadas no Cacon. A Dra. Valéria Pereira Paiva, oncologista pediátrica, explica que diferente do estigma de morte que o câncer carrega nos adultos, a taxa de cura nas crianças é de 70% e em alguns casos, quando diagnosticado precocemente, este índice chega a 100%. "Os tumores em crianças são muito mais agressivos que nos adultos, mas elas respondem melhor ao tratamento".

Nas crianças os tipos de câncer mais comuns são a leucemia, os tumores cerebrais e os linfomas. "Câncer em criança é raro, em torno de 1 a 3% de todos os tipos de câncer. Hoje 10% dos pacientes são crianças, mas estes números precisam ser analisados com mais tempo. É necessário estudar a epidemiologia da doença na região".

Os sintomas dependem do tipo de câncer, mas em geral as crianças com câncer adoecem muito e de forma muito rápida. "Por isso é importante que os médicos pensem em câncer na hora de investigar um sintoma e peçam uma avaliação. Hoje é inadmissível que alguém morra com câncer sem ter sido diagnosticado e esta é uma diferença. O adulto já chega aqui no hospital com o diagnóstico na mão. Com as crianças eu ajudo a diagnosticar, mas quem precisa pedir estes exames são os pediatras, nos postos de saúde, pois eles têm acesso a essas crianças primeiro", explicou Valéria.

Foram os sintomas que levaram a mãe de Solange Silva, com dois anos, a procurar ajuda médica. Com as pernas, barriga e olhos inchados, as duas chegaram ao posto médico do quartel do exército, em Santa Rosa do Purus, para receber uma notícia que mudaria a rotina da família: "Solange tem um tipo de caroço no estômago", conta Maria Francisca Alves de Souza, 23.

O "caroço" é um neuroblastoma, um tipo de câncer abdominal bastante agressivo que só ocorre em crianças. A doença obrigou Maria e a filha a mudarem temporariamente para Rio Branco. Os quatro filhos, sendo o mais velho com sete anos, ficaram com o pai. Solange já passou por duas cirurgias e enfrentou 25 dias de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sem falar nos seis meses de quimioterapia. A menina é um exemplo de criança com excelente resposta ao tratamento.

Pele, mama, próstata, colo uterino, os cânceres mais comuns na região

Na região Norte tem cânceres muito comuns assim como em todo o mundo. Os que têm maior incidência são o de colo uterino, de mama e próstata, pulmão, laringe, e o mais comum, que é comum no mundo inteiro é o câncer de pele. A incidência de câncer de pele no Acre é muito alta.

"É uma região que tem exposição solar importante, mas não chega a ser maior que a média brasileira como é o câncer de colo uterino. As razões não estão definidas, mas podem estar relacionadas com a exposição sexual precoce das meninas na floresta, nos seringais, a higiene diferenciada nestes níveis socioeconômicos, o que favorece a transmissão do vírus hpv. Talvez exista até um vírus diferenciado na região amazônica", explica Antônio.

O câncer de pele tipo melanoma é o mais perigoso. Apesar de atingir somente 5% dos casos, tem grande probabilidade de se espalhar para outras partes do corpo (metástase). Os efeitos nocivos do sol são cumulativos, por isso é comum que as lesões apareçam na maioria das vezes após os 40 anos e daí a importância de evitar a exposição direta ao sol entre as 10h e as 16h e usar sempre filtro solar com fator de proteção igual ou superior ao 30.

Mais de 200 tipos de câncer já foram detectados

De acordo com o doutor Antônio, existem mais de 200 tipos de câncer, que na verdade é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Como estas células dividem-se rapidamente, tendem a ser agressivas e incontroláveis, provocando a formação de tumores – que são o acúmulo de células cancerosas. Os tumores também podem ser benignos, formando uma massa de células que se multiplicam de forma devagar e parecida com seu tecido original. Como o corpo possui diferentes tipos de células, também existem diferentes tipos de câncer. Quando o câncer tem início em células epiteliais recebe o nome de carcinoma. O câncer originado de tecidos conjuntivos – ossos, músculo ou cartilagem, é chamado de sarcoma. A velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir órgãos e tecidos (metástases) são outras características da doença. "Às vezes um câncer começa na mama, por exemplo, e se espalha para o pulmão, o estômago. Não dizemos que o paciente tem um câncer de pulmão, um de mama e um no estômago. Ele tem câncer de mama com metástase no pulmão e no estômago", esclarece o oncologista do Cancon.

Entre 80 e 90% das causas do câncer estão associadas a fatores ambientais (exposição solar, fumo, indústrias químicas e afins, medicamentos, alimentação, alcoolismo, estilo e hábitos de vida). Mas as causas internas ou externas ao organismo quase sempre se relacionam para provocar o câncer. A doença também está associada às mudanças que envelhecimento gera nas células, o que aumenta a suscetibilidade a uma transformação maligna, o que explicaria a razão do câncer ser mais comuns em pessoas com mais idade.

Corações solidários

A pequena Natasha, de 5 anos, faz tratamento contra o câncer há dois anos e meio. Mesmo enfrentando as sessões de quimioterapia, a criança não se recusa ao ir para o hospital, ao contrário, reclama quando não vai. "Isso é graças ao serviço de voluntariado, ela adora os voluntários, as brincadeiras e percebi melhoras na resposta dela ao tratamento. Este serviço é essencial e gratificante e faço um apelo para que as pessoas participem dele", disse Marcela Gomes de Moraes, mãe da Natasha.

O grupo de voluntariado Coração Solidário, liderado por Lucinha Carvalho, reúne 40 pessoas motivadas pelo desejo de fazer a diferença na vida dos pacientes, que se agregaram para trabalhar no Hospital do Câncer.

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Quem disse que tratamento e brincadeira não combinam? No Hospital do Câncer sempre é dia de festa. Para os pequenos pacientes, a alegria é o melhor remédio.

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"O resultado de tudo isso é a alegria e a satisfação que sentimos e transmitimos, mesmo em momentos de dor. Nós oferecemos momentos que tiram o paciente do tratamento que ele está fazendo, eles voltam a sonhar. O importante é saber que por alguns minutos você foi importante para ela, você fez com ela se sentisse melhor e naquele momento, você a diferença", comenta Lucinha.

A oncologista pediátrica Valéria Paiva ressalta os benefícios do voluntariado: "Precisamos manter as crianças o mais próximo possível da normalidade. É importante que a criança tenha um tempo para ficar em casa, freqüente a escola, coma o que gosta. O voluntariado no hospital ajuda a criança a brincar, se distrair. A população precisa se mobilizar para trabalhar com o voluntariado, é um serviço de extrema importância para o sucesso do tratamento", disse lembrando que o Hospital do Câncer está crescendo e é preciso que o serviço também cresça.

"Não existe uma ação grande ou pequena, existe o que precisa ser feito. Esta é a importância, o diferencial do serviço de voluntariado."

Vencendo as dificuldades amazônicas

O Hospital do Câncer foi aberto há um ano, após vencer uma série de barreiras para se tornar um centro de tratamento oncológico na Amazônia. Hoje ele tem mais de 1,5 mil pacientes cadastrados em tratamento regular e realiza uma média de 600 sessões de quimioterapia e hormonioterapia por mês, além de 3,5 mil aplicações de radioterapia por mês. "Mais de 65% dos pacientes estão sem câncer, ou seja, tratados e em controle", destaca o doutor Antônio.

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Senador Tião Viana foi um dos grandes articuladores para criação do Cacon

"Antes do Hospital do Câncer o Acre não tinha uma referência para os seus pacientes. As pessoas precisavam sair daqui para São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e viviam um drama social. Tivemos uma luta muito grande junto ao Instituto Nacional do Câncer para convencê-los a implantar uma unidade aqui", comentou o senador Tião Viana, um dos grandes articuladores para a criação do Cacon.

 

A localização geográfica do Acre foi outra dificuldade que precisou ser superada para a implantação do Hospital do Câncer. "Foi preciso vencer todos os desafios de fazer medicina de baixa e média complexidade na Amazônia. Tivemos muitas dificuldades para montar um quadro de especialistas, corpo técnico, trazer os equipamentos de alta sofisticação. Além disso, precisamos trabalhar com qualidade de gestão. Hoje o hospital é um marco no modelo de saúde para o Acre", analisa o senador Tião Viana.

Superando as metas

Os custos para manutenção do hospital, que é gerenciado por um conselho gestor formado por funcionários e usuários, giram em torno de R$ 700 mil com recursos humanos, materiais médico-hospitalares, manutenção. Com medicação os gastos são em torno de R$ 219 mil, incluindo doses de remédios que custam até R$ 16 mil. "O Acre é o único Estado brasileiro que custeia toda a medicação para os pacientes de câncer por livre vontade, sem que seja necessário o paciente entrar com uma liminar na Justiça pedindo que o governo custeie o tratamento. Quando é preciso entramos com a medicação mais moderna do mundo, embora cara, procurando uma melhor resposta para o tratamento", informou o oncologista do hospital.

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Ampliação e modernização do Hospital do Câncer fazem parte das ações defendidas pelo Governador Binho Marques que recentemente visitou a unidade

A previsão de atendimentos do Ministério da Saúde para um ano foi alcançada em cinco meses e foi coberto três vezes mais o número de atendimentos previstos para o Hospital do Câncer. O Cacon foi projetado para atender 600 casos por ano, com estrutura para suportar até mil atendimentos anuais no espaço de cinco anos. Em seis meses de funcionamento já haviam 600 pacientes em tratamento, o que reflete a credibilidade do hospital. Em um ano foram economizadas para o Estado 6,4 mil passagens aéreas para pacientes que faziam este tratamento em outros estados, longe da família e, em muitas vezes, em dificuldades financeiras.

Ampliando a casa, virando referência

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Oncologista Antônio Vendetti explica como é a proposta de ampliação do Hospital para o futuro

Uma das dificuldades enfrentadas pela equipe do Cacon é o estágio avançado em que chegam os pacientes. "É preciso instituir uma política de prevenção e diagnóstico precoce do câncer", disse Vendette. Estes são os motivos que levaram o Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde, e a equipe do Cacon a planejar a ampliação do espaço do hospital.

A proposta é que os pacientes com suspeita de câncer sejam atendidos de forma a ter em mãos, em dez dias, o diagnóstico da doença e iniciem o tratamento. "A intenção é sair do atendimento terapêutico e ir para o preventivo", comenta o oncologista.

O projeto de ampliação o Hospital do Câncer proposto deve implantar um auditório para cem lugares – onde serão realizados treinamentos e atualizações médicas -, um ginásio para fisioterapia e hidroginástica, ala para exames genéticos. 

"Teremos um centro com toda capacidade para o diagnóstico precoce e tratamento de todo tipo de câncer. Queremos oferecer tratamento preventivo, terapêutico, formação profissional e uma política de prevenção da doença. Nossa capacidade vai ser de atender casos de baixa, média e alta complexidade", explicou o oncologista.

O Hospital do Câncer será também um centro de formação. "Os profissionais estarão congregados e os médicos que atuam no interior passarão por treinamentos para que o paciente não precise vir à capital de três em três meses para acompanhamento. Eles atuarão como módulos avançados de atendimento, descentralizando o atendimento da capital e oferecendo à população uma atenção imediata".

Será instalada a primeira biblioteca de oncologia do Estado e a Agência Reguladora de Políticas para o Câncer no Acre. A obra está em processo de cadastramento no Ministério da Saúde.

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