Cidade do Povo transforma a vida de famílias que viviam em áreas de risco

Maria morava na Rua Beira Rio uma das primeiras a serem atingidas pela cheia do Rio Acre (Foto: Angela Peres/Secom)
Maria morava na Rua Beira Rio, uma das primeiras a serem atingidas pela cheia do Rio Acre (Foto: Angela Peres/Secom)

Maria Antônia Coelho é dona de casa e mãe de oito filhos. Durante dois anos, ela esteve na estatística dos moradores da cota 14,9 metros do Rio Acre. A Rua Beira Rio, seu antigo endereço no bairro Cidade Nova, em Rio Branco, é uma das primeiras a alagar quando o Rio Acre transborda.

Durante duas grandes enchentes, ela teve que abandonar a casa e ficar no abrigo montado pelo Estado no Parque de Exposições. Em 2015, a dona de casa foi para o aluguel social, onde permaneceu por mais um ano, até que seu nome fosse contemplado no programa Minha Casa, Minha Vida. A novidade veio em janeiro de 2016 e sua vida foi transformada.

(Foto: Sérgio Vale/Secom)
(Foto: Sérgio Vale/Secom)

Hoje ela divide o espaço da Cidade do Povo com mais 3.003 famílias que foram retiradas pelo governo do Estado das áreas mais atingidas pela enchente. As perdas e os riscos já não fazem mais parte da história dessas pessoas.

“Demorei em acreditar que não ia passar por aquele sofrimento de novo. Quando olho para a minha casa me sinto segura com meus filhos”, comentou, emocionada, Maria Antônia.

Os filhos com idade para estudar estão devidamente matriculados nas escolas públicas localizadas na Cidade do Povo. Outro ponto positivo: Maria se prepara para começar um pequeno negócio no seu novo endereço, para ajudar na renda da família – em breve vai vender churrasquinho para a vizinhança.

Sobre a nova vida, ela sorri e diz: “Tudo que eu sonhava encontrei aqui. Só saio desta casa quando morrer”.

Cidade do Povo

Segundo a Secretaria de Estado de Habitação (Sehab), 10.220 pessoas já vivem no empreendimento. O novo bairro da capital acreana conta com escolas, delegacia, postos de segurança e unidades de saúde, inclusive uma unidade de Pronto Atendimento (UPA), e diversas áreas de lazer e comerciais. Ao todo, 10.518 moradias deverão ser construídas para receber mais de 50 mil pessoas.

Em caso de enchente

Três mil famílias que já foram retiradas de áreas alagadiças (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Três mil famílias já foram retiradas de áreas alagadiças (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

De acordo com o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), o comportamento do Rio Acre em 2016 é semelhante ao de 2011, quando houve uma alagação tardia, em abril.

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Habitação de Interesse Social (Sehab), realizou duas fases de congelamento das casas que são atingidas anualmente pelas cheias dos rios.

Na primeira fase foram marcadas 4.200 casas localizadas na cota 14,9 metros do Rio Acre. Desse total, 3.003 famílias já foram removidas e realocadas no bairro Cidade do Povo – outras 345 aguardam a entrega prevista para este ano e 852 se dividem em três situações: não aceitaram ser removidas, escolheram ser indenizadas e não se enquadram nos programas sociais de habitação, e também receberão indenização.

Caso haja uma cheia e atinja a cota 14,9 metros, pelo menos 852 famílias precisão ser amparadas pela Defesa Civil.

Após a derrubada, o local é isolado e torna-se propriedade do Estado (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Após a derrubada, o local é isolado e torna-se propriedade do Estado (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Na segunda fase de congelamento de casas na cota 16,85 metros, 3.300 famílias foram cadastradas. Para elas, o governo está pleiteando junto ao Ministério das Cidades a liberação de unidades habitacionais para atender essa demanda.

Até agora, de 1.824 unidades habitacionais, a Sehab já demoliu 1.697. O trabalho de demolição é a garantia que o Estado tem de que as unidades habitacionais condenadas pela Defesa Civil não sejam reocupadas e as áreas, utilizadas, de forma a garantir a reconstrução do meio ambiente com a recomposição das margens dos rios, a mata ciliar e construindo espaços públicos.

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