Chinês que realiza volta ao mundo passa pelo Acre

Pedalar de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, uma distância de mais de 600 quilômetros, parece muito, não é?  Mas perceba o sorriso de Siwei  Zhong. Ele chegou a Rio Branco na segunda-feira, 17. Veio da China, de bicicleta. Sim, da China! Siwei é um rapaz contido, formado em Turismo, que nunca havia saído de seu país, mas que sempre sonhou em viajar pelo mundo.

Siwei: “O mais importante de tudo são as pessoas que conheço e as amizades que faço por onde passo” (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

Aos 24 anos resolveu que só observar as fotos nos livros não era o suficiente. Ele sentia que devia realizar seu sonho. Depois de se programar e trabalhar mais dois anos para juntar uma quantia em dinheiro, pegou sua bike e #partiu.

E já são três anos longe da família. Sua casa agora é sua bicicleta durante o dia. Para dormir, leva junto à bagagem, uma pequena barraca para pernoitar em qualquer lugar, o que ajuda na economia, já que busca não gastar dinheiro, a não ser com vistos e alimentação.

Até agora Siwei já pedalou por 23 países, passando pela Ásia, África e América do Sul. E afirma: “Não importa pra mim quantos quilômetros ou países, mas quantas culturas diferentes. O mais importante de tudo são as pessoas que conheço e as amizades que faço por onde passo”.

As aventuras não se resumem apenas às paisagens encantadoras. Há também perigos. Zhong já passou fome, já foi assaltado no Egito – inclusive foi a primeira vez que sofreu um assalto. Já pedalou na noite africana ouvindo esturros de leões e hienas. No Chile, um ladrão com um ferro pontiagudo o furou oito vezes, e no Brasil, na Bahia, foi atacado por cachorros.

Porém, tudo isso o deixou mais forte: “Quando eu vivia lá na China, qualquer problema eu já ficava desesperado, queria fugir, mas hoje minha mente se expandiu, eu não fujo mais de nada. Eu quero é enfrentar”, afirma.

É com esse espírito que ele diz não aceitar carona na estrada, mesmo que esteja faltando o ar ou que suas pernas não possam mais pedalar. “Eu preciso passar por isso sozinho”, enfatiza. A família, na China, não aceita sua viagem por saber dos perigos. Contudo, essa aventura ainda deve durar pelo menos dois anos.

Siwei, que no Brasil adotou o nome de Silvio, disse que o país preferido dele é, sem dúvida nenhuma, o nosso. Diz que as pessoas são hospitaleiras no Sudão e no Chile, mas quando conheceu os brasileiros, ele dá um sorriso bem largo e responde: “Não tem comparação”.

Aqui, esteve em 19 estados. Passou pelo Sul, assistiu às Olimpíadas do Rio, conheceu as praias do Nordeste. “O Brasil é como se fosse um minimundo: muitas culturas e povos diferentes. Dependendo da região, há pessoas com traços europeus, orientais, africanos ou índios. Brasil é muito rico”

Onde chega aproveita para degustar todos os pratos regionais possíveis, como chimarrão, acarajé, tacacá, farofa, açaí puro, açaí com creme e até açaí com peixe, no Pará. Disse que gostou de todos, mas o churrasco o conquistou.

Siwei, ou Silvio, não tem muita pressa em voltar à China. Do Acre vai para o Peru e de lá segue para as Américas Central e do Norte. Em seguida, Europa e depois segue pedalando até voltar para a China.

Após realizar seu grande sonho, pretende contar sua saga em um livro. Até agora foram 54 mil quilômetros percorridos, e ao fim da jornada serão cerca de 100 mil. Alguma dúvida de que ele tenha muita história para contar?

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