Audiência apresentou o Diploma Sócio-Ambiental Chico Mendes e foi realizada na Aleac com a participação dos senadores Eduardo Suplicy, Marina Silva, Tião Viana e João Pedro
O governador Binho Marques participou nesta sexta-feira, 5, da audiência das comissões de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), ambas do Senado, realizada em Rio Branco em parceria com a Assembléia Legislativa do Acre. A sessão foi requerida inicialmente pelo então senador Sibá Machado e consolidado pela senadora Marina Silva. A audiência, que ouviu depoimentos acerca da luta de Chico Mendes, foi presidida pelos senadores Eduardo Suplicy (PT/SP) e João Pedro (PT/AM). O senador Tião Viana esteve presente.
O evento marcou a programação em memória dos vinte anos da morte do líder seringueiro, covardemente assassinado em 1988. Estiveram presentes familiares, amigos e colaboradores da luta de Chico Mendes, como Júlio Barbosa, do Conselho Nacional de Seringueiros, o advogado Gomercindo Rodrigues e a antropóloga Mary Alegretti. O padre Luiz Ceppi, da Arquidiocese de Porto Velho, representou o arcebispo Dom Moacyr Grechi. Os deputados Edvaldo Magalhães, Delorgem Campos, Walter Prado, Moisés Diniz e Donald Fernandes fizeram os pronunciamentos oficiais em representação aos demais parlamentares da Aleac.
Na sessão, os senadores apresentaram o projeto que institui o Diploma Sócio-Ambiental Chico Mendes de Direitos Humanos, que será conferido às pessoas físicas ou jurídicas que se destacarem em causas sócio-ambientais no Brasil. A emissão do diploma será feita pelo Senado em sessão solene sempre na primeira quinzena do mês de dezembro, quando o País promove a Semana Chico Mendes visando manter a memória de uma das maiores lideranças ambientais do mundo.
O governador se emocionou ao lembrar dos tempos em que esteve com Chico Mendes, da amizade que cultivaram e dos bons exemplos deixados pelo líder sindical. "Chico foi um grande amigo, um grande parceiro", afirmou Binho Marques ressaltando que o mundo ainda hoje está conhecendo Chico Mendes.
Francisco Alves Mendes Filho teve pouca oportunidade de estudar, mas a luta em defesa dos trabalhadores e da floresta o levou ao reconhecimento internacional. Um dos pilares dessa luta era a educação. Chico Mendes trabalhava por melhores condições de vida dos povos da floresta e atuou de modo decisivo em favor do Projeto Seringueiro, cuja expansão passou pelo trabalho de Binho Marques e um grupo de jovens educadores composto por Fábio Vaz e Marina Silva, entre outros.
Chico Mendes ajudou a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e de Xapuri, e o Conselho Nacional de Seringueiros. "Ele foi um homem a frente de seu tempo", afirmou Gomercindo Rodrigues. "Meu pai deixou um legado de amor e de justiça social", completou Ângela Mendes, filha de Chico. A viúva do líder seringueiro, Ilzamar, e seu filho, Sandino, hoje com 22 anos, participaram da sessão. "Tenho orgulho de ser filho de um homem que deu a vida por um grande ideal", disse Sandino.
Mary Alegretti fez um balanço da luta dos trabalhadores no Acre: "a grande força daquele movimento foi ter dito ‘não’ ao modelo existente".