Pedalar faz bem à saúde e ao meio ambiente, recomendam ciclistas. Hábito está cada vez mais comum na vida dos cidadão
Barata, prática e saudável. Essas são apenas algumas das muitas vantagens da velha conhecida bicicleta, bike ou “magrela” como muitos a preferem chamar. É ainda na infância que ela começa a se tornar familiar, afinal, quem nunca andou de bicicleta? Quem não pedalou com certeza pegou carona na garupa do namorado ou da namorada, do amigo, de um vizinho ou parente.
Mas é principalmente em cidades pequenas e de verão intenso, como Rio Branco, que elas fazem o maior sucesso, seja como meio de transporte ou lazer. Além de ser um tipo de transporte que não polui nem causa danos ao meio ambiente, a bicicleta é considerada o meio de condução mais econômico e viável para trabalhadores e estudantes.
Estima-se que
Nas estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), as bicicletas ocupam o último lugar nos índices de acidentes com vítimas fatais, atrás dos próprios pedestres. Também não são os ciclistas os maiores causadores de acidentes. O diretor do Detran, Cesário Braga, explica que isso se deve à baixa velocidade com eles transitam nas ruas, ainda que ajam com imprudência. E revela que, por serem eles em sua grande maioria trabalhadores e estudantes, é impossível cobrar o uso de equipamento de segurança e acessórios obrigatórios na bicicleta.
“A grande saída para que melhoremos o trânsito na cidade é através de blitze educativas em lugares estratégicos, assim como palestras em escolas. É preciso mudar o comportamento desses condutores. O ciclista tem de entender que ele é a parte frágil do trânsito por não possuir nenhum mecanismo de defesa como pára-choques, por exemplo”, diz Cesário.
Políticas públicas – Tornar a bicicleta um meio de transporte ainda mais eficiente e seguro requer investimento na construção de ruas e avenidas com sinalização, ciclovias e ciclofaixas que facilitem o acesso aos locais de interesse público.
Rio Branco é uma das capitais da Amazônia que possui o maior número de espaços destinados aos ciclistas. A avenida Antônio da Rocha Viana foi a primeira obra a possuir uma ciclofaixa incluída no projeto. A partir de 1999, esses espaços foram adotados em todas as grandes obras de pavimentação.
Hoje, Rio Branco possui mais de oito quilômetros de ciclofaixas localizadas nas principais avenidas de cidade.
Ainda este ano, a prefeitura prevê construir mais nove quilômetros de ciclovias em duas grandes obras: a estrada do São Francisco e da Sobral. Até o fim de 2008, serão
A próxima ação da prefeitura é a implantação de três bicicletários no centro de cidade, ainda sem local definido. Eles fazem parte de um plano piloto que visa oferecer aos ciclistas um local apropriado e seguro para estacionar seus veículos sem disputar a calçada com os pedestres.
Durante a implantação, integrantes da equipe de educação da RBTrans estarão orientando os ciclistas a usarem o estacionamento, que tem capacidade para dez bicicletas.
“O ciclista pensa que tem as mesmas prerrogativas dos pedestres, mas, na verdade, ele é um condutor, e como tal deve obedecer ao sinal de trânsito. Calçada é espaço para pedestre e não deve ser usada como estacionamento”, diz o superintendente da RBTrans, Ricardo Torres.
Economia – Com o crescimento do número de adeptos da bicicleta como meio de transporte, crescem também as oportunidades de negócios. Comerciantes apostam e investem na venda de bicicletas e acessórios. Em uma loja de médio porte, por exemplo, são vendidas até 300 bicicletas por mês. Os preços variam de R$
Para Jene Marques, gerente de vendas, um dos fatores que impulsiona as vendas é o valor da passagem de ônibus. “É muito comum empresários comprarem bicicletas para seus funcionários. Sai mais em conta para ambos e os funcionários acabam fazendo uso do transporte também para outros fins como lazer”, afirma.
É possível encontrar pequenas lojas especializadas em artigos e acessórios para bicicleta, além de muitas borracharias em qualquer bairro da cidade. Cada um gera aproximadamente três empregos diretos.
Dirlando Vieira deixou o emprego de representante comercial, na área de alimentos, para abrir, com o irmão, uma pequena loja de acessórios para bicicletas. Ele garante que o movimento é intenso durante todo o dia e rende pra ele uma média de R$ 20 mil por mês. Lá ele emprega cinco funcionários, entre vendedores e mecânicos. “Todo mundo quer personalizar a bicicleta e para isso gasta no mínimo R$ 100. Fora a manutenção, que varia entre R$ 5 e R$
A importância da bicicleta para a saúde e o meio ambiente
Ambientalistas afirmam que fazer o uso da bicicleta para se locomover deveria ser uma prática adotada por todas as classes, o que diminuiria consideravelmente o número de gases tóxicos emitidos no planeta. Países como França e Holanda alugam bicicletas para aliviar o trânsito e a poluição do meio ambiente.
Para a maioria dos usuários, pedalar deixou de ser uma rotina cansativa e virou também instrumento de satisfação e saúde.
O defensor público Glenn Kelson Castro, 35, recorreu à bicicleta como meio de transporte há oito anos, quando morou no município de Sena Madureira. E, mesmo voltando para a capital, não deixou de utilizá-la todos os dias.
O que mudou em oito anos? Ele garante que se tornou um homem mais saudável, emagreceu, exercita-se e se diverte com a família e os amigos nos fins de semana pedalando com outros tantos amantes da bike.
“Só existem vantagens em aderir à bicicleta. Eu chego mais rápido ao trabalho, não pego trânsito, não gasto nada, faço amigos e me sinto mais em contato com as pessoas”, diz.
Ganhando a vida sobre duas rodas
É sobre duas rodas que centenas de pessoas garantem o sustento da família. Vendedores de salgadinhos, balas, verduras e confecções pedalam por toda a cidade oferecendo seus produtos. Alguns chegam a pedalar por mais de quatro horas carregando muitos quilos na garupa.
A preferência se deve à praticidade na locomoção e custo zero. Todos conseguem se deslocar em qualquer lugar e ir em busca de clientes em vários pontos da cidade. Pedro Lopes, 73, vende verduras desde os 12 anos a bordo de uma bicicleta e com ela tirou o sustento para criar os três filhos. “Esse meio de transporte é essencial para mim. Faço isso há mais de 55 anos e não a troco por nenhum outro. Um carro não me possibilitaria entrar em qualquer rua, levar minha verdura até a porta da minha freguesa, exercitar-me e ainda não gastar nada. Quer coisa melhor?”, pergunta o trabalhador.
O que diz a legislação aos ciclistas
Por ser reconhecida como veículo pelo Código de Trânsito Brasileiro, a bicicleta tem direitos e deveres que visam criar uma nova cultura para um trânsito seguro. As regras estão previstas nos seguintes capítulos e artigos:
Capítulo III – DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
Artigo 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver Ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
Capítulo IV – DOS PEDESTRES E CONDUTORES DE VEÍCULOS NÃO MOTORIZADOS
Artigo 68, § 1º nos fala que: “O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres”.
Capítulo IX – DOS VEÍCULOS
Seção I
Artigo 96, classifica a bicicleta como veículo de propulsão humana (impulsionado pelo homem) e de transporte de passageiros.
Seção II
Artigo 105, inciso VI, equipamentos obrigatórios para a bicicleta:
– campainha;
– sinalização noturna dianteira (dispositivo retrorefletor na cor branca ou amarela);
– sinalização noturna traseira (dispositivo retrorefletor na cor vermelha);
– sinalização noturna lateral e nos pedais (de qualquer cor);
– espelho retrovisor ao lado esquerdo.
Resolução 46/98-CONTRAN, que estabelece os equipamentos de segurança obrigatórios para as bicicletas conforme disciplina o art. 105, VI do Código de Trânsito Brasileiro e art. 5º da Resolução nº 14/98.
Fonte: Página 20