Bajoleiros criam tecnologia para disputa de campeonato no Amazonas

Bajoleiros do Juruá se preparam para competição em Eirunepé (Foto: Arison Jardim/Secom)
Bajoleiros do Juruá se preparam para competição em Eirunepé (Foto: Arison Jardim/Secom)

Convidados para participar do Campeonato de Corrida de Bajolas, em comemoração ao aniversario de Eirunepé, município amazonense, bajoleiros do Polo Naval de Cruzeiro do Sul se preparam para o evento, que será realizado no próximo domingo, 6.  Para ganhar a disputa, o grupo aposta numa superpalheta de metal e um motor “turbinado”.

A palheta foi desenvolvida há pouco tempo e, diferentemente das convencionais, possui apenas duas pontas. “Um bom motor e uma bajola podem atingir até 80 quilômetros por hora”, garante Otávio Lima, o “Tavinho”, que concebeu a peça baseado naquelas usadas pelos corredores de barcos tailandeses, com quem os bajoleiros mantêm contato via web.

“A gente troca informações, vídeos e inclusive já nos chamaram pra correr lá”, conta José Gomes, conhecido por “Véi do Mano”, mostrando as imagens de corrida na Tailândia, que tem no celular. Além das palhetas, os bajoleiros apostam em outro trunfo, o motor. Véi do Mano, que também é um dos mecânicos mais conhecidos na região, “turbina” os motores, deixando-os mais potentes.

“Com essa máquina [torno mecânico] que o governo nos deu, a gente consegue transformar um motor de 6,5 hp em 13, ou um motor de 13 em 22 hp. Esses motores transformamos todos”, relata.

Com um motor turbinado, a palheta de duas pontas e uma bajola (pequena embarcação em madeira criada na região), eles garantem que podem vencer a corrida em Eirunepé. Só uma coisa os deixa preocupados: é que toda essa tecnologia que eles mesmos desenvolveram já se espalhou por toda a região.

“Os bajoleiros do Amazonas estão sempre por aqui, fomos nós que vendemos as primeiras bajolas pra eles. Um dia desses, transformamos uns 30 motores que vão disputar a corrida, no domingo”, comenta o construtor naval Lindaucir de Souza, o “Lino”.

Fortalecimento da Indústria Naval

Tecnologia foi criada pelos bajoleiros (Foto: Arison Jardim/Secom)
Tecnologia foi criada pelos bajoleiros (Foto: Arison Jardim/Secom)

Em 2012 o governo do Acre criou o Programa de Fortalecimento da Indústria Naval. O foco foram os construtores de barcos e os demais segmentos da área, em Cruzeiro do Sul e Tarauacá.

Com o programa foi criado o Polo Naval de Cruzeiro do Sul, onde estão instalados os construtores de barcos, mecânicos, fundidores e torneadores. O projeto garantiu a aquisição e distribuição de equipamentos para os profissionais dos dois municípios beneficiados. Com isso, aumentou a produtividade local, aliando técnicas tradicionais de fabricação à eficiência produtiva necessária para a consolidação do setor.

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